Thursday, August 12, 2021

Tarcísio Meira: por que a covid-19 pode ser fatal mesmo com a vacinação?

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Tarcísio Meira morreu aos 85 anos de idade nesta quinta-feira (12), em São Paulo. O ator, que estava internado desde o dia 6 de agosto no Hospital Albert Einstein, não resistiu às complicações da covid-19. O anúncio do falecimento veio através de um comunicado da família nas redes sociais. "Comunicamos o falecimento do nosso querido Tarcísio Meira, nosso eterno João Coragem, que lutou bravamente contra essa terrível doença. Agradecemos a todos pelas orações e por ter nos acompanhado esse tempo todo, estamos arrasados", diz a publicação.

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O ator e a mulher, a também atriz Glória Menezes, 86 anos, infectaram-se juntos e foram internados no mesmo dia. Ela continua no hospital, porém, o quadro de saúde é estável e deve receber alta em breve, segundo a assessoria de imprensa. No entanto, a morte de Tarcísio, que já estava imunizado contra o vírus, trouxe à tona os grupos antivacinas nas redes sociais questionando a eficácia das vacinas. Afinal, a covid-19 pode ser fatal mesmo estando imunizado?

Tarcísio Meira morreu nesta quinta-feira (12), vítima da covid-19 (Foto: Reprodução/Instagram)

 

Especialistas comentam a eficácia das vacinas

"Mortes, mesmo entre pessoas vacinadas, é um fenômeno que, infelizmente, está dentro do esperado", afirma Marco Sáfadi, infectologista e presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira Pediatria (SBP). Segundo ele, é importante lembrar que "não existe nenhuma vacina 100% eficaz". "Todas elas são muito úteis, mas existe o que chamamos de 'falha vacinal'. Casos graves e até mortes ocorreram e vão ocorrer ocasionalmente. Recentemente, os Estados Unidos reportaram 160 casos de mortes de imunizados com vacinas bastante eficazes. O risco existe, mas ele é pequeno, e é importante que se entenda que, para cada caso em que a vacina falha, há centenas de outros que ela funciona e previne. Isso acontece com todas as vacinas", lembrou.

"Mesmo com duas doses, elas não são 100% eficazes para casos graves e mortes", diz Rosana Ritchmann, infectologista do Hospital Emílio Ribas, de São Paulo. O pediatra, neonatologista e infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que a prevenção das vacinas para a forma grave da doença é muito boa, mas existem falhas, pois depende da reação de cada organismo. "Depende da resposta imune de cada um e de vários outros fatores, como a idade avançada", exemplificou. 

Uma pesquisa do Info Tracker — plataforma de monitoramento da pandemia da USP e Unesp com dados do Ministério da Sáude — mostrou, inclusive, que os totalmente vacinados representam 3,68% das mortes por covid-19 no Brasil, entre 28 de fevereiro e 27 de julho. E entre as vítimas fatais, os idosos acima de 70 anos são maioria: das 9.878 mortes registradas, 9.734 eram desta faixa etária; 1.062 tinham entre 50 e 69 anos; apenas 75 entre 30 e 49 anos e sete entre 18 e 29 anos. "As vacinas falham, em especial, entre os grupos que respondem sabidamente pior à vacinação, que são idosos, principalmente acima de 80 anos, e aqueles com grau de imunidade mais baixo, como pacientes com câncer ou que fizeram transplante. Para esses, já há uma recomendação que vem se constituindo — e o CDC deve publicar uma recomendação sobre isso — de revacinação de grupos vulneráveis. Então, além de responder mal à vacina, então, são os que perdem aquela pouca proteção que obtiveram com a vacinação, diferentemente da população adulta", explicou o infectologista.

"Vamos ter sempre falhas vacinais raras, mas são encaradas como exceção, principalmente quando há muitos casos sendo registrados, como estamos vendo. Se tivéssemos apenas cem casos por dia, não veríamos esses casos. Mas com cem mil diários, infelizmente, vão ocorrer", afirmou. E isso só reforça o quanto precisamos de maior quantidade de pessoas vacinadas para evitar a disseminação do vírus e suas variantes, assim como manter o distanciamento físico e usando máscaras, alertou.

Vacina em menores de 2 anos deve ser a de dose padrão (Foto: ThinkStock)

 

E é por esse mesmo motivo que é tão fundamental se imunizar contra a covid-19 e manter o calendário de vacinação das crianças em dia, para eliminar o risco da volta descontrolada de doenças já eliminadas do país.

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Há pouco, a médica cardiologista Bianca Rocha, que administra o perfil @medicosnapandemia no Instagram, compartilhou um vídeo nas redes sociais, onde também comenta a morte do ator e o fato de ele ter recebido as duas vacinas contra a covid. "Mesmo com a vacina, ele faleceu. Não é 'apesar' da vacina. É 'mesmo com a vacina'", pontuou. "Isso faz a gente pensar no quanto a pandemia é grave, o quanto nós temos que nos cuidar. (...) Então, se cuidem e não deem ouvidos a quem usa uma informação tão dolorosa e tão possível de acontecer para criticar o uso de vacinas", defendeu. "Usem máscara e se vacinem", finalizou.

Veja, abaixo, ao vídeo (se não conseguir visualizar, clique aqui):

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2021/08/tarcisio-meira-por-que-covid-19-pode-ser-fatal-mesmo-com-vacinacao.html