Thursday, August 26, 2021

Mãe dá à luz bebê saudável após 8 anos de tentativas e 5 perdas gestacionais: "Força e coragem"

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"Ainda não acredito que este choro é da minha filha... Acho que estou sonhando." Essas foram as primeiras palavras da administradora Rúbia Mara Antunes, 38, de São José, Santa Catarina, logo após o nascimento de Isabela — uma bebê linda e saudável, que chegou em julho deste ano, após 8 anos de tentativas e cinco abortos espontâneos.

A foto da mãe com a filha nos braços viralizou nas redes sociais e tem incentivado outras "tentantes" a não desistirem do seu sonho. "Acreditem, tenham muita força e coragem", garante Rúbia.

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Rúbia com sua bebê nos braços após 8 anos de tentativas e 5 perdas gestacionais (Foto: Reprodução/Instagram)

 

 

"A maternidade sempre foi um sonho para mim. Sempre fui muito apegada à minha mãe, e quando ela partiu para o plano espiritual, eu soube que só sentiria novamente aquele amor sendo mãe. Hoje, com minha filha nos braços, depois de anos de tentativas e cinco abortos espontâneos, estou vivendo este sonho intensamente de corpo e alma", afirmou. Em entrevista exclusiva à CRESCER, Rúbia relembrou sua jornada de tentativas e frustrações:

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"Engravidei pela primeira vez no final de 2013, após um ano de tentativas. Estávamos radiantes com a descoberta da gravidez, mas, com 9 semanas de gestação, tive uma sensação estranha e ali começou um grande pesadelo. Havia sofrido um aborto espontâneo sem nenhuma causa aparente. Infelizmente, fui orientada a não investigar, pois, para os médicos, era considerado 'normal'. Segundo eles, o índice de abortamento na primeira gestação é alto, em torno de 25%.

Então, logo fui liberada para voltar a tentar, e quatro meses depois, estava grávida novamente. Mas o ciclo se repetiu. Antes dos três meses de gestação, novamente perdemos o bebê. Depois fazer uma série de exames, descobrimos uma trombofilia [tendência ao chamado 'sangue grosso', que, na prática, contribui para o entupimento de veias] e, apesar de seguir os protocolos e orientações, sofri mais três abortos, portanto, cinco abortos espontâneos no total em oito anos de tentativas. Neste tempo todo, busquei entender este processo; o porquê de isso tudo acontecer comigo, e fui me conectando muito espiritualmente, nunca deixando de acreditar que um dia pudesse viver tudo o que tanto sonhei.

No final de 2020, quando achava que seria melhor esperar passar a pandemia para tentar novamente, engravidei e foi um susto pelo momento delicado que estamos vivendo. Mas, graças a Deus, e um acompanhamento de pré-natal excelente, tive uma gestação tranquila, o parto como sempre sonhei e minha filha linda e saudável nos braços. No entanto, a dor das perdas passadas, embora hoje acalentada pela chegada da Isabela, não desapareceu. Antes dela, geramos cinco filhos que fazem parte da nossa família, embora ninguém tenha visto minha barriga crescer. Poucos sabem do luto que vivemos por cada perda, mas graças a fé que tenho nos propósitos de Deus para nossa vida e o apoio incondicional do meu companheiro, não desistimos, e hoje estamos radiantes com a chegada da nossa Isabela!

Resolvi compartilhar nossa história para que outras mulheres que, assim como eu, geraram seus filhos e não tiveram o privilégio de tê-los em seus braços, não desistam do seu sonho: acreditem, tenham muita força e coragem para seguir em frente e manter a fé que Deus tem um propósito para cada um. A maternidade é isso, um misto de alegrias e desafios."

A trombofilia impede o parto normal?

Isabela com os frascos das picadinhas diárias do anticoagulante que fizeram parte do tratamento para quem, assim como Rúbia, tem algum tipo de trombofilia (Foto: Arquivo pessoal)

 

 

Rúbia com Isabela (Foto: Arquivo pessoal)

 

 

Abortos espontâneos: por que acontecem?

Aborto espontâneo é quando a gestação é interrompida naturalmente pelo próprio organismo da mulher. Normalmente, ocorre até o quinto mês e o feto não pode ter mais de 500 gramas. Depois desse período e antes do termo (38 semanas), já é considerado morte fetal por prematuridade. O aborto pode ser precoce, quando ocorre até a 12a semana completa, e tardio, entre a 12a e a 20a. Os sintomas mais comuns são sangramentos e dores abdominais e a gestante deve avisar o médico  para que ele avalie a necessidade de exames e procedimentos posteriores, como a curetagem – uma espécie de limpeza do útero, que nem sempre consegue expelir tudo sozinho.

Já as causas são muitas. Abortos que ocorrem bem no início da gestação, nas primeiras duas ou três semanas, são muito difíceis de serem diagnosticados. Isso porque é complicado colher qualquer material para exame, já que eles são similares aos da menstruação normal e não precisam de nenhum procedimento posterior. Mesmo assim, cerca de metade de todos os casos de aborto se devem a anomalias cromossômicas, ou seja, embriões que não se desenvolvem bem já nas primeiras etapas da divisão celular e que não têm condições para sobreviver. Dá para falar que é mesmo uma seleção natural. Os outros casos estão ligados a algum problema do organismo da mulher. Entre os mais comuns estão o fator aloimune, quando o corpo rejeita o feto como um organismo estranho e invasor; doenças autoimunes, como lúpus; problemas endócrinos, como a deficiência na produção de progesterona para segurar a placenta; alterações no funcionamento da tireoide; diabetes; miomas uterinos; colo do útero aberto e predisposição à trombose. Alguns fatores podem ser prejudiciais também, entre eles obesidade ou magreza extrema, uso de alguns medicamentos ou drogas, alcoolismo, tabagismo e uma infecção grave no início da gestação.

É normal que você queira muito saber o que saiu errado. Mas a investigação médica só começa quando o quadro se transforma em aborto de repetição, isto é, por mais de três vezes consecutivas. Antes disso, os casos entram na estatística dos 20% de gestações que não “vingam”. A partir das circunstâncias do aborto, os médicos vão avaliar se o problema está na saúde da mãe ou na do embrião. Neste segundo caso, pode ser preciso também avaliar melhor o parceiro, principalmente se as causas forem relativas a anomalias genéticas, que podem ser acidentais ou estarem ligadas ao DNA tanto do pai quanto da mãe.

A boa notícia é que para a maioria das situações, há tratamento. As causas genéticas têm apoio da reprodução assistida, que pode selecionar embriões ou utilizar doadores de óvulos e esperma saudáveis. O colo do útero aberto pode ser reparado com um procedimento chamado cerclagem, que o fecha com pontos que só são retirados perto do parto. Para quem tem predisposição à trombose, doses de anticoagulante são receitadas. A tireoide também pode ser controlada com medicamentos e a progesterona, resposta.

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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/noticia/2021/08/mae-da-luz-bebe-saudavel-apos-8-anos-de-tentativas-e-5-perdas-gestacionais-forca-e-coragem.html