Na quinta-feira (13/08), Whindersson Nunes e a e a estudante Maria Lina Deggan anunciaram o fim do noivado. A notícia veio pouco mais depois de 2 meses da perda João Miguel, filho prematuro do casal, que nasceu com 22 semanas, quase 3 meses antes do esperado.
Em texto publicado no seu perfil pessoal do Instagram, o humorista pediu para que não atacassem a ex-companheira e refletiu sobre a perda. "Nem todo mundo sabe lidar com tudo, nem eu. Prometi que seria alguém e não consegui ser. Sei dos meus milhares de defeitos,e a gente tem que saber a hora de retirar pra não fazer mal a alguém [...] Vamos estar sempre ligados, por um anjo que Deus deu, um anjo que veio pra impactar de todas as formas. Um dia também espero entender tudo isso, e me reerguer".
Em todo o mundo, cerca de 15 milhões de crianças nascem prematuras por ano, dos quais 1,1 milhão não resistem. No Brasil, segundo a ONG Prematuridade, 340 mil bebês nascem prematuros todos os anos. “A maior causa de mortalidade perinatal e até os 5 anos de idade é nascer prematuro, antes de 30 semanas. Por isso, a identificação da possibilidade de prematuridade é algo que temos que perseguir, o quanto antes na gestação”, defende o ginecologista e obstetra Guilherme Loureiro, do Hospital e Maternidade Pro Matre (SP).
As fases do luto
Depois da perda, o maior desafio dos pais é superar o episódio de trauma. Segundo a psicóloga Raquel Benazzi, antes de tentar engravidar novamente o casal deve ter uma conversa franca para saber se os dois estão emocionalmente preparados para uma nova gestação. “Eles só conseguem descobrir isso quando vivenciam as cinco fases abaixo. Passar por todas elas pode levar meses ou até dois anos”, diz. É importante que o casal tenha em mente que, se estiver difícil demais encarar o problema, é válido procurar ajuda de um profissional.
1. Negação - os pais não aceitam que perderam seu bebê e tentam se convencer de que era um sonho.
2. Raiva - o casal passa a se questionar por que aconteceu. chora e grita na tentativa de eliminar esse sentimento ruim.
3. Barganha - é aquele momento de oferecer algo em troca de uma nova gestação. Há casais que fazem até promessas.
4. Depressão - a tristeza profunda aparece quando os futuros pais se dão conta de que a perda é real.
5. Aceitação - o casal entende que é preciso passar por aquilo e seguir em frente.
Para minimizar o sofrimento
Se as causas por trás dessas perdas ainda são obscuras para a medicina, o sofrimento durante e após o episódio é concreto. Uma pesquisa recente realizada pela instituição de caridade britânica Tommy, publicada no jornal de saúde The Lancet, descobriu que o trauma de perder um bebê por aborto espontâneo, definido no Reino Unido como a perda da gravidez antes de 24 semanas, aumenta significativamente o risco de suicídio e depressão tanto em homens como em mulheres.
Por isso, ainda que em passos tímidos, poucos hospitais já estão acolhendo melhor essas famílias. Em alguns, depois da perda gestacional, a mulher já passa em consulta com um psicólogo para iniciar um tratamento, caso seja necessário. Em outros, o atendimento é feito longe da maternidade. “Não dá para colocar essa mulher na mesma ala daquelas que estão plenas e felizes com seus filhos nos braços. Por isso, a deixamos em outro andar, sem acesso ao berçário e em quartos diferentes dos que existem na maternidade”, conta a ginecologista Fabiana Ruas, do Hospital e Maternidade São Luiz (SP).
A medicina também avança nas descobertas para minimizar o trauma de perder um bebê. Cientistas da Universidade de Heidelberg (Alemanha) desenvolveram um teste para detectar o risco de aborto já na quarta semana de concepção. Os pesquisadores acreditam que, com um diagnóstico precoce, pode-se reduzir o período de incerteza e de ansiedade das mulheres sobre a gravidez vingar. Eles estudaram mulheres entre 18 e 42 anos que não tinham histórico de perda gestacional e que fizeram tratamento para engravidar e descobriram uma proteína capaz de detectar quando a mulher tem uma lesão ou inflamação, podendo, portanto, prever o risco de aborto. “Há vários marcadores envolvidos no aborto espontâneo e são necessárias novas análises para dizer se essa proteína está presente em todos os casos. Mas é claro que esse estudo é um primeiro passo”, diz Zlotnik.
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