O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), sancionou uma lei que permite a liberação das máscaras em locais abertos. A decisão foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (28), depois de ser aprovada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O Rio é a primeira capital do país a flexibilizar o uso do item de proteção facial.
Mas será que a medida é segura?
O fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços abertos não quer dizer que a pandemia acabou e nem que devemos deixar de tomar as devidas precauções contra o vírus da covid-19, alerta o pediatra e sanitarista Daniel Becker. Mas algumas condições permitiram essa decisão, segundo o médico.
"A transmissão ao ar livre é rara. Cerca de 99% dos casos de covid-19 são adquiridos em ambientes fechados. Portanto, o ar livre é o cenário mais seguro. A transmissão nunca esteve tão baixa. O percentual de exames positivos também nunca foi tão baixo. Já tivemos 80% de positividade dos testes, agora temos 5%. Há poucos casos graves e internações por covid-19", explica o sanitarista em postagem feita nas redes sociais.
O especialista, que é também colunista da CRESCER, reforça o papel da vacinação na segurança dessa decisão. "A vacinação está indo muito bem. Mais de 66% da população total está vacinada [no Rio de Janeiro]. Dos acima de 12 anos já temos quase 80% e a dose de reforço está avançando: todos acima de 70 já receberam", completa.
Becker não deixa de ressaltar, porém, que a decisão vale apenas para lugares ao ar livre, onde não há aglomeração. Se houver um grande número de pessoas paradas num ponto de ônibus, por exemplo, a máscara continua sendo necessária. Em ambientes fechados, a proteção permanece obrigatória. "Por isso é importantíssimo se habituar a levar algumas máscaras na bolsa/no bolso. O passaporte da vacina continua valendo", destaca o pediatra.
No ambiente escolar, os protocolos ainda devem ser seguidos, como a utilização de máscara, ventilação adequada e recreios ao ar livre. “Nesse momento podemos, sim, comemorar e usufruir do prazer de ver sorrisos ao ar livre. Lembrando que para as crianças é fundamental essa oportunidade. Brincar na natureza e nas praças faz bem em todos os sentidos”, conclui Becker.
A pediatra Ana Escobar, professora de pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), acredita que ainda não é o momento de liberar o uso de máscaras, ainda que em ambientes abertos. “Eu não considero essa uma medida segura neste momento”, declarou.
A médica explicou que, embora as vacinas protejam a população de formas graves da covid-19, elas não impedem as pessoas de pegar a doença. Ana Escobar reforçou que a desobrigação das máscaras facilita a disseminação do vírus e acrescentou: “Você pode até ter uma forma leve da covid-19, mas estamos cada vez mais estudando as sequelas da doença, como queda de cabelo, perda de olfato, cansaço e até confusão mental”.
A pediatra apontou, ainda, o exemplo de outros países que também afrouxaram os protocolos de segurança e, ao liberarem as máscaras, viram o número de casos da doença aumentar. Além disso, uma questão importante trazida pela médica é que as crianças abaixo de 12 anos ainda não estão vacinadas. “Vamos esperar mais um pouquinho, até que a gente tenha uma porcentagem maior da população protegida”, defende. “Por razões práticas e, principalmente, por razões científicas, esse não é o momento de a gente liberar o uso da máscara”, finaliza.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2021/10/transmissao-ao-ar-livre-e-rara-diz-daniel-becker-sobre-fim-da-obrigatoriedade-de-mascaras-em-locais-abertos-no-rj.html