A origem da palavra diabetes é controversa e antiga (século II D.C.). Alguns estudiosos afirmam ser do grego, significando sifão (pelo excesso de urina do quadro quando descompensado) ou compasso (de diabaino – manter as pernas afastadas – para urinar). Outros se referem a uma tradução italiana significando passagem (um “humor” que entra no corpo e não permanece).
Outra curiosidade é que em 1670 foi redescoberto o adocicado da urina (que já havia sido indicado pelos hindus) e que criou a divisão de diabetes mellitus (“mel” referente a doce) e diabetes insipidus (sem gosto – insípido).
A grafia e gênero da palavra diabetes também são, no mínimo, “diferentonas”. Nos dicionários (Michaelis e Houaiss, para citar dois dos mais conhecidos), é aceito como substantivo masculino (o diabete) e feminino (a diabete), no singular (o/a diabete) e no plural (o/a diabetes).
Para não fugir a essas polêmicas, a doença diabetes também se apresenta sob diversas formas, em várias fases da vida, com evoluções e tratamentos distintos. Mas, como sempre, a proposta é prevenir o que pode ser prevenido, diagnosticar precocemente quando possível, para tratamentos adequados de controle do quadro e prevenção das complicações, que podem ser severas e até fatais.
Dia 26 de junho - Dia Nacional do Diabetes
Reforçando a importância do diagnóstico, vale ressaltar que cerca de 463 milhões de adultos entre 20 e 79 anos (quase 10% da população mundial nessa faixa etária) são portadores de diabetes, com previsão de crescimento (578 milhões em 2030 e 700 milhões em 2.045). Em 2019, o Brasil era o 4º país com maior número de casos de diabetes no mundo. De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), 12,5 milhões (7%) dos brasileiros são diabéticos. Entre 2006 e 2016, os casos de diabetes cresceram 61,8% no país.
E o leite materno com isso?
Entre as pesquisas recentes, resultados muito relevantes apontam para a ação preventiva do leite materno nos quadros de diabetes tipos 1 e 2, para mães e bebês.
Estudo 1:
Esse estudo nacional de longo prazo (Estudo CARDIA de 30 anos) confirmou que a amamentação por seis meses ou mais reduz significativamente o risco de mulheres, durante seus anos férteis, desenvolverem diabetes tipo 2 (entre 47% para quem amamentou por 6 meses ou mais e 25% para durações menores). As recomendações finais da pesquisa apontam para a importância de estender a licença-maternidade remunerada para alcançar maior duração da amamentação e, assim, diminuir os riscos de diabetes.
Estudo 2:
Metanálise publicada recentemente (Suécia) avaliou estimativas entre 27 componentes de dieta e os riscos de diabetes tipo 1. As descobertas mais consistentes foram para os efeitos benéficos da amamentação e os prejudiciais da introdução precoce (antes dos 6 meses) do leite de vaca e derivados, glúten e frutas. Alguns dos achados:
- Aleitamento materno por 6 a 12 meses: 61% a menos de chances em relação aos que foram amamentados por menos tempo.
- Aleitamento materno exclusivo por 2 a 3 meses: 31% menos probabilidade do que aqueles que não foram amamentados exclusivamente por esse período.
- Leite de vaca (2 a 3 copos por dia) e manteiga, queijo, iogurte e sorvete até 15 anos: risco 78% maior.
- Contato precoce com leite de vaca associado a um aumento de risco de diabetes tipo 1.
Estudo 3:
Também muito recente, esse trabalho avaliou os efeitos da forma de aleitamento sobre o peso, estatura, perímetro cefálico, colesterol, triglicérides, glicemia e a predisposição para obesidade e diabetes em 150 bebês saudáveis, avaliados aos 24 meses. Eles foram divididos em 3 grupos: amamentação; alimentação com fórmula; e alimentação mista (leite materno e fórmula). Os resultados mostraram que todos os índices avaliados foram mais baixos (adequados) nos que receberam apenas leite materno do que nos outros dois grupos, aos 24 meses. Leite de mãe: uma medicina personalizada.
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