Durante a gestação e o pós-parto, é comum que as mães se sintam tensas, cansadas e com dores pelo corpo. Uma forma confortável e natural para combater esses sintomas é a Watsu terapia: combinando técnicas de shiatsu (método terapêutico japonês) com água aquecida, o método é capaz de proporcionar relaxamento físico e mental, tão necessários nesta fase da vida da mulher.
A técnica pode ser iniciada logo no começo da gravidez, explicou Kirstin von Koss Wildeisen, 44, fisioterapeuta, doula de parto e praticante de Watsu. “É um momento único para a gestante, que se conecta com o bebê. Estar imerso na água quente, recebendo um ‘colo’ um acolhimento, transforma”, contou, em entrevista exclusiva à CRESCER.
E o relaxamento é apenas umas das sensações de quem se submete a esse tratamento. "Cada corpo é um universo e merece atenção e respeito para que possa se sentir seguro e confiante. O físico e o mental estão conectados a tal ponto que quase são apenas um. A todo instante um influencia o outro”, acrescentou Marcelo di Rocco, 52, fisioterapeuta e acquaterapeuta da Acqua Brasil.
Muito além das gestantes, a Watsu é indicada para qualquer pessoa que queira separar um tempo para autocuidado. “É indicada para melhoria da qualidade do sono, liberação de tensões, alívio de dores em geral, pode ser utilizada como técnica terapêutica, auxilia em cuidados emocionais (como depressão e ansiedade), dentre milhares de outros benefícios”, esclareceu Kirstin.
Além disso, a terapia pode ajudar pacientes pediátricos com acometimento mental ou físico, e acalmar crianças com hiperatividade. “Para crianças agredidas ou que passaram por um forte trauma emocional, o trabalho de Watsu é muito recomendado, já que ele nutre a afetividade perdida e a confiança”, disse Marcelo. No caso dos pequenos, no entanto, é importante que a piscina não seja de uso público até os 6 meses de vida, devido à baixa imunidade nessa faixa etária, acrescentou Kirstin.
Mas atenção! Isso não quer dizer que qualquer gestante possa frequentar as sessões. Em algumas situações, a prática pode ter contraindicações médicas. “Em caso de eclâmpsia e pré-eclampsia, ou caso a gravidez seja de risco, não indicamos”, explicou o acquaterapeuta. “Cada caso deve ser avaliado e cuidado de forma única”, reforçou Kirstin.
Para o corpo, a Watsu terapia atua na coluna vertebral e ajuda a amenizar dores na lombar que podem causar reflexos nos braços e pernas, de acordo com Marcelo. A técnica também trabalha a respiração, auxiliando na oxigenação da mãe e do bebê.
A terapia ainda traz resultados revigorantes para a mente: relaxa, diminui a ansiedade e proporciona uma conexão profunda com o bebê, segundo Kirstin.
“Durante o trabalho de parto, não aplicamos Watsu, mas a gestante que se conectou com a técnica, e tendo à disposição uma banheira, pode passar pelo processo do parto de uma forma intensa e empoderada. Já no pós-parto, pode auxiliar em um momento único para a mulher e seu reencontro. É uma situação de autocuidado e atenção (se tiver ocorrido uma cesárea, é importante ter liberação médica, devido à cicatriz)”, acrescentou a fisioterapeuta.
A terapia deve ser aplicada em um local tranquilo, onde a paciente se sinta confortável. A água, idealmente, deve estar em uma temperatura de 32 a 34 graus e a grávida deve se sentir segura. “O profissional deve ser bem preparado e se portar com máxima confiança e respeito. Deve abrir espaço para a gestante se sentir à vontade para trabalhar questões corporais, energéticas, mentais e espirituais”, avaliou o acquaterapeuta. As sessões duram, em média, entre meia hora e uma hora.
Para ser praticante de Watsu, é necessário ter participado de cursos, que são oferecidos pelo instituto latino americano de Watsu e/ou WABA, esclareceu Kirstin.
Em entrevista à CRESCER, a publicitária Maitê Tarricone Ramos Deamo, 39, contou que a experiência de praticar Watsu terapia durante a gestação foi reconfortante. “É uma coisa muito profunda. Você deixa a correria da vida lá fora e consegue se conectar profundamente com seu bebê”, relatou.
Mãe do pequeno Noah (hoje com 1 ano e oito meses), Maitê disse que a Watsu fez com que ela sentisse que tinha passado por uma meditação profunda. “Eu saía de lá com a percepção de que a Watsu me ajudava até psicologicamente. Sentia equilíbrio mental, espiritual e físico”, contou a mãe, que foi acompanhada por Kirstin.
As sessões ajudaram inclusive durante o parto: o relaxamento proporcionado pela terapia foi capaz de acalmar a mãe e facilitar o processo de nascimento do bebê. “Quando eu entrei em trabalho de parto e fui para a banheira do hospital, eu coloquei a cabeça dentro da água e foi como se eu tivesse recapitulado tudo que havia acontecido no Watsu. Foi muito profundo”, lembrou a mãe.
Além disso, Maitê notou que a terapia teve efeito positivo até mesmo para Noah. “Eu sinto que meu filho também tinha essa sensação de relaxamento na água. Quando Noah era mais bebezinho, ele até dormia no banho. Ele gosta muito desse contato com a água. Eu vejo que ele relaxa muito”, disse.
“Foi muito gratificante. Mesmo não estando grávida, eu tenho vontade de voltar a fazer Watsu, porque a terapia trouxe muitos benefícios para a minha vida. Depois do Watsu, percebi que em momentos que mergulho – na piscina, no mar ou em uma banheira – esse silêncio do ouvido na água me remete aos benefícios do Watsu, como se o corpo tivesse uma memória mesmo", concluiu a mãe.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/noticia/2021/10/watsu-terapia-entenda-o-que-e-e-quais-sao-os-beneficios-na-gravidez.html