A professora Carolina Paiva, 38 anos, mãe de Miguel, 1, não sabe exatamente o que é poliomielite. Conhece apenas o que sua mãe, Marlene, certa vez, comentou: “Ela disse que na pequena cidade onde morava, no interior de São Paulo, havia duas pessoas que tinham tido pólio e, por isso, precisavam de muletas e de cadeira de rodas”, lembra. Diferentemente da mãe, Carolina nunca viu ninguém nessa situação por causa da doença. Ainda bem! E isso só foi possível graças às maciças campanhas de vacinação contra a enfermidade.
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Em 24 de outubro, celebra-se o Dia Mundial de Combate à Poliomielite, uma data para alertar sobre a importância de manter em dia a vacina que nos protege da doença. Mas, afinal, de que enfermidade estamos falando? A seguir, a pediatra Heloisa Ihle Garcia Giamberardino, responsável pelo Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção e Serviço de Imunização do Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba (PR), esclarece os principais tópicos sobre ela.
Poliomielite ou paralisia infantil, como também chegou a ser conhecida no passado, é uma infecção aguda causada pelo chamado poliovírus dos tipos 1, 2 e 3. Pode ou não causar paralisia.
A transmissão acontece por meio do contato com as fezes (que podem contaminar a água e os alimentos) ou com secreções expelidas pela boca das pessoas infectadas – ao falar, tossir ou espirrar. “O período de incubação varia, sendo o mais comum de sete a 21 dias”, afirma Heloisa Giamberardino.
Na maioria dos casos, os portadores são assintomáticos – mas, mesmo sem sinais, eles podem contaminar outras pessoas. No entanto, quando há sintomas, eles dependem da gravidade da infecção. Na forma não paralítica, muitas vezes, a doença pode ser confundida com um resfriado e traz febre, mal-estar, dores de cabeça e no corpo, podendo incluir vômito, diarreia, espasmos e rigidez na nuca.
Já na forma paralítica, quando o vírus atinge células dos neurônios motores, além dos sintomas citados, também inclui flacidez muscular que, geralmente, acomete mais os membros inferiores. “Os músculos começam a ficar flácidos e sem reflexo, e a criança pode apresentar parestesia (diminuição da sensibilidade)”, diz a pediatra Heloisa Giamberardino.
Embora na maioria dos casos os membros inferiores sejam os mais afetados, pode acontecer também de haver paralisia da musculatura facial, do nervo craniano (que pode causar, entre outros problemas, dificuldade para deglutir), e do diafragma (que provoca dificuldade ou impossibilidade de respirar). “Por isso, a literatura antiga retrata pacientes ligados a máquinas para respirar, o que se chamava, na época, de pulmão de ferro. Eles ficavam em uma espécie de túnel, com os braços e a cabeça de fora, ligados a uma máquina que fazia as vezes de pulmões”, explica. É importante ressaltar que, em casos graves, que comprometem deglutição e respiração, por exemplo, a doença pode ser fatal.
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Existem dois tipos:
- VIP (vacina inativada injetável): Usa a tecnologia do vírus inativado e, de acordo com o PNI (Programa Nacional de Imunização), do Ministério da Saúde, deve ser aplicada aos 2, 4 e 6 meses. “É altamente imunogênica, ou seja, bastante eficiente”, afirma a especialista.
- VOP (vacina atenuada oral): É a que ficou conhecida nas campanhas com o personagem Zé Gotinha, porque, obviamente, é aplicada via oral. Na rotina de vacinação infantil, de acordo com o PNI, deve ser tomada, como reforço, aos 15 meses e aos 4 anos.
+ Quais são os diferentes tipos de vacinas?
A região das Américas foi a primeira no mundo a ser certificada como livre da poliomielite. O Brasil recebeu documento atestando que o país não tinha mais casos da doença em 1994. Isso foi possível por causa de campanhas de vacinação em massa. “Atualmente, apenas três países ainda registram a enfermidade – Afeganistão, Paquistão e Nigéria. Adultos que, eventualmente, vão para esses locais recebem orientação de reforçar a vacinação contra a pólio”, diz a médica Heloisa.
Para concluir, Heloisa Giamberardino lembra que, a exemplo do que ocorre com diversas doenças virais, não há tratamento específico para a poliomielite: “Mas há vacina. A prevenção é sempre o melhor caminho. Para que ficar doente se dá para evitar?”, questiona.
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