Os pais de crianças matriculadas em uma escola do estado de Maryland, nos Estados Unidos, se revoltaram ao descobrir que a empresa encarregada de tirar as fotos escolares estava retocando digitalmente as “imperfeições” de seus filhos.
Em entrevista ao New York Post, Jennifer Greene, mãe de Madeline, 12 anos, disse que “pirou” quando abriu o pacote de fotografias e viu que estavam sendo cobrados US$ 12 (cerca de R$ 66) a mais pelo serviço de “retoque de retratos”, que inclui clareamento de dentes, tratamento do tom de pele e remoção de manchas. “Discordo totalmente em retocar a foto escolar de uma criança, porque isso ensina que ela precisa ficar perfeita o tempo todo”, declarou.
Outra mãe, Kristin Loerns, disse ter ficado indignada ao ver que as sardas da sua filha Kieran haviam “sumido” na foto, e resolveu reclamar para a empresa em uma rede social: “Posso ter as sardas da minha filha de volta, por favor? Não mudem coisas que realmente fazem parte do rosto de uma criança”, escreveu. Depois das reclamações, a empresa enviou as fotos originais.
Whitney Rose, mãe de duas crianças com deficiência auditiva, disse que o aparelho auditivo de seu filho de 3 anos foi apagado da foto escolar. “Essa situação passa para ele a mensagem de que parte de quem ele é, sua perda auditiva, é algo de que ele deveria se envergonhar”, avaliou a mãe.
No entanto, a fotógrafa Heidi Green, que passou 10 anos tirando fotos escolares, explicou para o site de notícias que muitas vezes são os pais que buscam perfeição nos retratos. “Muitos pais sentem que precisam consertar ‘falhas’ para aproveitar a foto da escola ou para fazer a criança parecer melhor”, argumentou. Heidi acredita que nem todas as edições são prejudiciais. Ela costumava fazer retoques em fotos de crianças em que apareciam arranhões, manchas, cabelo bagunçado ou brilho de óculos. Outras mudanças, como o clareamento dental, fazem parte do processo geral de edição de fotos, de acordo com ela. O caso ocorreu no final do ano passado, mas foi tema de reportagem na imprensa internacional esta semana.
A psicóloga infantil Yamalis Diaz disse que a criança pode desenvolver problemas como ansiedade, depressão e distúrbios alimentares quando percebe que suas características foram alteradas em uma foto. “Ela passa a acreditar que, em vez de aceitar suas características físicas, deveria consertar ou esconder. E essa é uma mensagem perigosa de se enviar”, explicou.
Em um comunicado enviado ao New York Post, a empresa de fotos que alterou as imagens das crianças declarou: “Nosso objetivo é sempre capturar autenticamente cada criança que fotografamos. O retoque de fotos é um serviço totalmente opcional que os clientes podem adicionar aos pacotes de fotos. A maioria das empresas de fotografia escolar oferecem este serviço”.
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