Monday, October 25, 2021

'Maid': Um espelho empático

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Aprendemos muito sobre as casas que ela limpa e as pessoas que moram nela. Mas olhar para Alex é como olhar para nós mesmas. A maternidade é muita coisa para muitas pessoas diferentes. No entanto, uma coisa nos identifica: nessa jornada não se trata só de ter força para seguir em frente em um caminho reto. Em vez disso, é sobre a disposição de uma mãe de cometer erros, tropeçar, e continuar a caminhar para mudar as coisas para melhor.

 

A série inspirado no livro de memórias do New York Times, de Stephanie Land, Maid: Hard Work, Low Pay e a Mother's Will to Survive (Foto: Divulgação)

 


Fiquei aqui pensando ainda sobre uma questão mais profunda. Por tudo que Alex suporta, enquanto eu a observava, não pude deixar de me perguntar o quão mais difícil seria sua experiência se ela não fosse branca, heterossexual, jovem e bonita. É… como já mencionei e preciso frisar de novo, aprendemos muito sobre as casas que ela limpa e as pessoas que moram nelas. Alex percebe, por exemplo, que a riqueza de Regina não pode apagar seu profundo sentimento de infelicidade no casamento e suas angústias sobre suas perdas gestacionais. Estamos ali de novo na cena do Dia de Ação de Graças, chorando por nossos braços vazios.

 

E Alex sempre parece estar genuinamente respondendo, sentindo e agindo de acordo com o que está à sua frente. Quem é que não precisa desse olhar sem julgamento e cheio de compaixão para nos dizer: “não existe um jeito só de ser mãe”. Meu coração de mãe que já perdeu um filho chorou em silêncio. Somos Alex, mas também somos Reginas, Paulas…

Acredito que nunca uma série nos colocou tanto diante do espelho. Nunca! E refletido nesse espelho estão os problemas estruturais que as mães enfrentam. E todos os passos que damos apesar de … apesar das violências psicológicas, das falhas e das faltas de nossas próprias mães e os descréditos de nossas habilidades maternas. Ainda lembro da assistente social perguntando a Alex sobre suas habilidades e ela se lembrando de segurar na mãozinha de sua filha e girando-a em uma brincadeira afetiva. É de tirar o fôlego! Porque nossas habilidades maternas são as melhores do mundo: proteger e trazer alegrias. Mas ainda assim nesse mundo que magnifica é um diploma, nos munimos de estratégias, ferramentas e entendimentos para navegar por essas questões.

Alex - com sua necessidade de ajuda, bem como a depressão que a engole - é intimada a abrir mão de parte de sua autonomia no final da temporada. Mas, como o resto da série deixa claro, essa não é uma história sobre todas as diaristas domésticas. É sobre uma mulher, que quase sempre sonha acordada em dançar com a filha nos braços - em uma sala de jogos infantil projetada profissionalmente, se possível, mas tão feliz na floresta ou na praia, onde dias ensolarados, quentes e cheios de amor podem ser apreciado por qualquer pessoa. Tudo de “Maid” acaba sendo muito mais do que parece à primeira vista. Você passa a se preocupar rapidamente com Alex, de modo que cada pequeno ato de gentileza que ela encontra ou cada tentativa de estabilidade pareça genuína, e cada contratempo acerta você no peito.
Eu não sei vocês, mas eu me olhei nesse espelho da sétima arte.

Com carinho
Mônica Pessanha, mãe da Melissa e de um anjinho.



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Monica-Pessanha/noticia/2021/10/maid-um-espelho-empatico.html

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