A farmacêutica Pfizer anunciou nesta quarta-feira (27) que entrará na Anvisa com pedido para a aprovação do uso da vacina contra covid em crianças de 5 a 11 anos em novembro. "A submissão do pedido junto à ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a aprovação do uso da vacina ComiRNAty, da Pfizer/Biontech, para crianças entre 5 e 11 anos deve ocorrer ao longo do mês de novembro de 2021", disse a empresa em nota.
O comunicado foi feito um dia depois do comitê independente de especialistas do órgão regulador de alimentos e medicamentos (FDA) dos Estados Unidos recomendar que a instituição autorize a vacina da Pfizer contra covid para uso em crianças de cinco a 11 anos nos EUA. Os especialistas da instituição votaram nesta terça-feira (26). O placar teve 17 favoráveis à autorização e uma abstenção. Para ficar disponível às crianças americanas, o imunizante precisa agora receber a autorização definitiva da FDA, o que deve ocorrer nos próximos dias, seguindo a orientação do comitê de especialistas.
Para o pediatra e infectologista, Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Pfizer deve ser a primeira fabricante a conseguir a autorização da vacina contra covid-19 em crianças no Brasil. “A vacina da Pfizer já tem o registro definitivo no Brasil e está sendo utilizada em adolescentes”, explica Kfouri. “Creio que a extensão para a faixa etária de cinco a 11 anos é uma questão de tempo. Assim que for completamente aprovada e começar a ser aplicada nos Estados Unidos, nosso programa nacional de imunização vai discutir se incluirá as crianças ou não. Tendo doses disponíveis, acredito que a inclusão da imunização contra covid para essa faixa etária seja feita, ainda no final desse ano ou no começo do ano que vem”.
De acordo com o pediatra, os dados da vacina contra covid-19 apresentados pela Pfizer nos EUA demonstram a eficácia e segurança do uso nessa faixa etária. “É importante incluir as crianças e adolescentes na vacinação contra a covid por diversos motivos. Primeiro, porque eles constituem um quarto da população brasileira e quanto mais gente estiver imunizada, maior será nosso controle sobre a pandemia. Mas não é só isso. Combater essa doença na pediatria também é importante. Todos sabem que a grande maioria dos casos mais graves de covid foram em idosos e adultos, mas crianças e jovens com menos de 20 anos representaram 0,4% dos óbitos que ocorreram por causa da doença. Parece pouco, mas se pensarmos que o Brasil contabilizou 600 mil óbitos por causa da covid, temos 2,4 mil jovens com menos de 20 anos que perderam a vida por causa desse vírus. Não é irrelevante”, afirma Kfouri.
A dose da vacina contra covid para as crianças de 5 a 11 anos será de dez microgramas, um terço dos 30 microgramas administrados nos adultos. “O nível de dose de 10ug foi escolhido como ideal por provocar respostas imunes robustas com um perfil de segurança aceitável”, disse a Pfizer em nota. Assim como a vacinação dos adultos, a das crianças ocorrerá em duas etapas com um intervalo de pelo menos três semanas entre as doses.
Kfouri ressaltou também que o imunizante já está sendo testado para crianças entre dois e cinco anos. “Os estudos que estão sendo realizados com crianças mais novas contam com doses que equivalem a um décimo da dos adultos e as respostas parecem positivas. Outras vacinas com vírus inativado, como a Coronavac, também estão tendo a aplicação estudada na população pediátrica. A primeira a obter o registro, porém, se aprovada pelo FDA, deve ser a Pfizer”, explicou o pediatra.
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