Tuesday, November 30, 2021

Crianças com menos de 2 anos já representam 10% das internações depois da descoberta da variante Ômicron na África do Sul

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Embora o coronavírus não afete crianças na mesma medida e gravidade que os adultos, o medo voltou recentemente com a ascensão da variante Ômicron, identificada em países da África, em meados de novembro. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul mostraram que crianças com menos de 2 anos já representam 10% das internações depois da descoberta da nova variante no país. 

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Menino usando máscara no colo da mãe (Foto: Unsplash)

"Ao que tudo indica, nesse momento inicial uma proporção maior de crianças está sendo hospitalizada do que antes", disse Waasila Jassat, especialista em saúde pública do instituto. Segundo ela, a tendência é bem parecida com o que aconteceu logo depois da descoberta da variante Delta. "As crianças muito pequenas têm um sistema imunológico imaturo e também ainda não estão vacinadas, então obviamente estão mais em risco", explicou. 

Apesar do aumento do número de internações causadas em crianças na África do Sul, ainda não se sabe o que está por trás desse cenário. Waalisa acredita que esse crescimento pode estar apenas refletindo uma maior preocupação dos pais, por causa das notícias sobre a nova variante. “As pessoas são mais propensas a levar as crianças para o hospital como precaução, porque, se você tratá-las em casa, algo pode dar errado.”

A expectativa é de que até o próximo fim de semana o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis divulgue um relatório com mais informações sobre como a nova variante vem se manifestando em crianças. 

A variante Ômicron é mais perigosa para as crianças?

 

 

O infectologista e pediatra Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que ainda não temos dados para afirmar que a Ômicron escaparia das vacinas ou mesmo teria uma predileção maior por crianças. "Seria pouco provável que a gente tenha alguma performance diferente para a pediatria. Se acontecer uma nova onda aqui entre nós, é claro que, proporcionalmente, os casos mais graves vão se concentrar entre não vacinados. E a população pediátrica pode representar uma porcentagem maior. O vírus simplesmente está procurando indivíduos mais vulneráveis".

Máscaras devem ser usadas corretamente para evitar a propagação do vírus (Foto: August de Richelieu/ Pexels)

 


A pediatra e colunista da CRESCER, Ana Escobar, também ressalta que ainda não temos respostas de como a variante Ômicron se comportaria nas crianças. Segundo a especialista, seria preciso entender melhor qual seria o nível de transmissão da nova cepa. "Se ela tem uma capacidade de transmissão maior, obviamente, que as crianças não vacinadas serão muito acometidas", explica a médica.

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Segundo Ana, ainda é preciso entender como as crianças irão responder à Ômicron , já que com as outras variantes, como a Alfa, Delta e Gama, os pequenos tiveram quadros mais leves. "Será que com uma variante que, teoricamente, não é mais agressiva as crianças vão ter quadros mais leves? Bom, não sabemos! Os pais devem ficar preocupados na mesma porporção que todas as pessoas. Precisamos de mais respostas para saber se ficamos preocupados ou não. É um momento de expectativa, temos que aguardar".

Como proteger as crianças até a chegada da vacina?

 

Médicos e cientistas dividem opiniões sobre os riscos diretos para os pequenos, mas concordam em um mesmo ponto: “Como as crianças não estão vacinadas, precisamos redobrar os cuidados com elas, continuar com o uso de máscara, distanciamento e os demais protocolos”, alerta o pediatra Daniel Becker, professor do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Enquanto a vacinação completa para todos não chega, ainda teremos de conviver com o coronavírus por um bom tempo. Por isso, embora estejamos cansados das restrições e da necessidade de vigilância constante, não é hora de relaxar. Mesmo que os adultos da casa estejam vacinados, o fato de as crianças ainda não terem recebido vacinas, e de a rotina estar, aos poucos, “voltando ao normal” – com as pessoas retornando ao trabalho presencial e a frequentar restaurantes, cinemas e afins –, o momento exige cautela.

Criança na escola pós-pandemia (Foto: esccola)

 

A pediatra Denise Bedoni, do grupo hospitalar Leforte, em São Paulo, reforça: “Os adultos devem entender que, nesse processo de retorno de algumas atividades, mesmo eles estando vacinados, nós ainda não podemos liberar aglomerações”, diz. “É preciso evitar a qualquer custo festas de aniversário, festas de pijama, viagens com a escola, encontros em áreas fechadas. Devemos priorizar o ar livre para qualquer tipo de atividade, e mesmo assim, sem aglomerações”, orienta o pediatra Daniel Becker. Também é melhor evitar viajar de avião ou ônibus, frequentar restaurantes e promover encontros em casa. Tudo isso apresenta riscos de moderados a altos. Mas, se optar por fazê-los, que seja de máscara e com o máximo de distanciamento possível.

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Nem sempre é fácil encontrar tamanhos infantis de máscaras PFF2 – que filtram cerca de 80% do ar e são as mais indicadas contra a covid-19. Por isso, uma alternativa recomendada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, é que as crianças maiores de 2 anos usem máscara dupla: uma cirúrgica por baixo para filtrar o ar e outra caseira (de tecido) por cima, para reforçar a vedação. Também é importante conferir que a máscara fique bem presa no rosto e não permita a passagem de ar nas extremidades. Segundo a pediatra Flávia Bravo, “as crianças tendem a acatar o uso de máscara mais facilmente do que os adultos, mas precisam de pais que deem o exemplo e orientem corretamente.”

 

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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Saude/noticia/2021/11/criancas-com-menos-de-2-anos-ja-representam-10-das-internacoes-depois-da-descoberta-da-variante-omicron-na-africa-do-sul.html

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