O Dia da Prematuridade, celebrado em 17 de novembro, foi criado para sensibilizar a população para essa questão de saúde pública e convidar todos a refletirem sobre estratégias para prevenir e enfrentar a prematuridade, assistindo melhor as crianças que nascem nessa condição.
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É considerado prematuro o bebê que nasce com menos de 37 semanas de gestação. E dentro desse contexto, ainda há subdivisões: nascidos entre 33 e 36 semanas são considerados moderadamente prematuros; entre 28 e 32 semanas, muito prematuros; e os que vêm ao mundo abaixo de 28 semanas de gestação são chamados de prematuros extremos.
Segundo a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), no Brasil, em 2018, 11% dos nascimentos foram prematuros, o que correspondeu a mais de 320 mil nascidos vivos. Esses bebês, frequentemente, precisam de cuidados especiais, sobretudo os muito prematuros ou prematuros extremos. O que pouca gente sabe é que os prematuros também devem ser vacinados – essa é uma providência que faz parte da rotina de cuidados também da criança que nasce antes do tempo ideal.
A seguir, fique por dentro dos principais pontos quando se fala sobre vacinação e prematuridade:
“Exceto pela BCG, que só é recomendada para bebês com mais de 2 kg, as vacinas do calendário vacinal devem ser feitas nos prematuros nas mesmas datas de um bebê nascido a termo”, informa o imunologista e alergologista Victor Nudelman, da Clínica de Especialidades Pediátricas do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), vice-presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
O especialista aponta, no entanto, que em relação aos prematuros, especialmente aqueles em situação extrema, é preciso esperar que estejam em boas condições metabólicas, sem infecções e com circulação estável para a aplicação de imunizantes – logo, os médicos avaliam caso a caso.
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A primeira vacina deve ser aplicada no primeiro dia de vida – a da hepatite B. “Para os nascidos com menos de 2 kg, é feito um reforço com 30 dias”, diz o imunologista e alergologista Victor Nudelman. A partir daí, mantém-se o esquema de rotina, com reforço aos 2 e 6 meses.
Aos 2 meses, aplica-se a hexavalente (protege contra difteria, tétano, coqueluche, haemophilus, poliomielite inativada e hepatite B); a pneumococo conjugada e a contra o rotavírus (caso o pequeno não esteja internado). E por aí, vai, seguindo o calendário vacinal normalmente, de acordo com a idade.
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“Obviamente, ele fica suscetível a doenças. Mas como, em geral, crianças abaixo de 2 kg não saem da maternidade, elas ficam protegidas dentro desse ambiente”, informa o pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria. Victor Nudelman lembra a importância de a mãe estar imunizada porque, nesse período, a criança depende da imunidade materna que é transferida para o feto, principalmente a partir da 32ª semana de gestação.
Segundo o médico Victor Nudelman, com exceção de vacinas de vírus vivos (pólio oral e rotavírus), os outros imunizantes podem ser aplicados. “Um cuidado específico é observar por 48 horas o bebê prematuro, após a aplicação da tríplice bacteriana (protege contra difteria, tétano e coqueluche) e pneumococo, aos 2 meses, porque pode ocorrer bradicardia (alteração no ritmo cardíaco) ou apneia (interrupção da respiração)”, explica Nudelman.
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“Criança prematura, em geral, tem as mesmas reações de uma não prematura. No entanto, quando possível, no caso da DPT (difteria, tétano e coqueluche) opta-se por usar vacinas acelulares em bebês muito prematuros. O objetivo é minimizar os efeitos colaterais”, informa o especialista Nelson Douglas Ejzenbaum.
Já o imunologista Victor Nudelman recomenda considerar mais um ponto: “prematuros têm de 10 a quase 50% de chances de apresentar apneia ou bradicardia após tomar a vacina pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite por Haemophilus influenzae tipo B) ou a pneumocócica conjugada, aos 2 meses. Nesse caso, pode-se usar um analgésico antes dessas vacinas para minimizar algumas reações. E é necessário observar o bebê atentamente”.
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“Não existe vacina para proteger o bebê prematuro contra o temido vírus sincicial respiratório, responsável pela bronquiolite [doença que provoca infecções nas vias respiratórias e pulmões de recém-nascidos]. Mas há um preparado de anticorpos específicos contra ele, chamado palivizumab, que pode ser aplicado mensalmente nos bebês muito prematuros ou prematuros extremos, durante os meses de março a agosto, no primeiro ano de vida”, informa Nudelman.
Além de seguir o calendário vacinal do PNI (Programa Nacional de Imunizações), sempre com orientação médica, é importante lembrar que a vacinação dos adultos também tem grande valor no cenário em que há prematuros. Ter a carteira de pais (principalmente da mãe, antes de engravidar) e de cuidadores atualizada pode ajudar a proteger o bebê. Ou seja, vacinas são importantes para todos.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Quem-ama-vacina/noticia/2021/11/vacinacao-de-bebes-prematuros-6-respostas-para-duvidas-mais-frequentes.html