Há alguns anos, Barry Farmer, 34 anos, viu um anúncio sobre pais adotivos e resolveu se inscrever. Por ter crescido em um orfanato, ele sabe bem como a adoção é determinante para uma criança órfã. Mas não imaginava que se tornaria pai solo de três meninos antes de completar 30 anos.
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“Depois de falar com a diretora de programas, ela ficou tipo: 'Uau, maturidade impressionante. Estou disposta a me arriscar e licenciar você como pai adotivo'”, lembrou o pai, que hoje é apresentador do “The Barry Farmer Morning Show com Sharon Lizzy" e vive na cidade de Richmond, Virgínia, nos Estados Unidos. Em entrevista ao Today, Barry disse que um ano depois de receber sua licença de pai adotivo, recebeu, temporariamente, um jovem de 16 anos.
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O adolescente ficou com Farmer por cerca de seis meses e, então, ele recebeu um telefonema que mudou sua vida. “Eles perguntaram se eu queria receber outro adolescente ou tentar uma criança de 7 anos”, explicou. “Eu pensei: 'Por que não vamos com o menino de 7 anos e veremos como será?'”. A criança precisava de um lar imediatamente, mas Barry sabia pouco sobre ela. “Esta criança, na minha cabeça, seria negra. Quando cheguei lá, ele era a criança branca mais branca que já vi. Pensei: 'Uau, isso vai ser interessante'. Porque eu não tenho ideia do que estou fazendo”, afirmou.
“Ele era tão amoroso e atencioso. Ele só queria alguns abraços e me chamar de pai”, contou Barry. Eles logo se acomodaram em uma rotina. Pouco depois, o pequeno Jaxon foi adotado por outra família e Farmer percebeu o quanto sentia sua falta. “Eu não percebi o quão próximo ele estava de mim até que ele foi embora. Eu fiquei triste e ele estava triste. Ele acabou voltando e foi quando nós dois decidimos que eu o adotaria”, contou. Na época, Farmer tinha apenas 22 anos, mas se tornar o pai de Jaxon parecia certo. “Você é responsável pela vida de outra pessoa de propósito. Partindo de verdadeiros estranhos, construímos um vínculo em seis meses onde nos sentimos confortáveis o suficiente para ser pai e filho", disse.
Não demorou muito para que a família crescesse ainda mais. “Estávamos voltando do tribunal e ouvi uma vozinha no banco de trás dizendo: 'Então, vou ter um irmão?', e eu fiquei tipo: 'Eu me tornei seu pai há 30 minutos, podemos apenas nos acalmar?'. Uma vez que eu estava cuidando dele, ele precisava de um irmão", lembra. Em um site de adoção, Farmer encontrou um menino, Xavier, que vivia fora do estado e precisava de uma família. O pai dirigiu por horas para mostrar a Xavier que ele era confiável. “As crianças precisam saber que você está comprometido com elas. Eu queria ser essa pessoa para ele”, afirmou.
Farmer conta que viveu em um orfanato, embora recebesse a assistência de sua avó. “O que me motiva são os sentimentos de rejeição por não ter meus pais por perto. Minha avó, ela não precisava me acolher. Eu nem mesmo a conhecia", lembra. "Ela não precisava, ela queria. Essas também são minhas razões. Eu não precisava, eu queria. Isso realmente me deu um senso de propósito e eu gostei”, disse ele.
Logo depois de adotar Xavier, o diretor do programa de uma agência de acolhimento entrou em contato com Farmer sobre um menino de 4 anos. Na época, ele disse que aida se sentiu inseguro, pois tinha acabado de adotar um segundo filho. Ele disse não, a princípio, mas acreditou que se fosse para ser, receberia "um sinal". Então, poucos meses depois, o diretor ligou novamente sobre o menino, Jeremiah, que precisava de uma colocação temporária. "Achei que devia ser isso. Ele deve pertencer aqui", pontuou.
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Logo depois, Jeremias tornou-se parte da família. Jaxon tem agora 19 anos; Xavier tem 17 e Jeremiah, 11. A família costuma se divertir com viagens curtas pela costa leste, visitando parques de diversões, explorando novas cidades e indo à praia. “Demos muitas risadas”, disse o pai. “Isso realmente nos uniu. Cada vez que fazemos isso, eles conheciam alguns de meus parentes ao longo do caminho”, comentou. “Paternidade solo não é errado. É muito viável com uma aldeia. Eu encorajaria as pessoas não apenas a se tornarem pais adotivos temporários, mas a se tornarem pais adotivos”, incentivou. “Tenho muito mais paciência do que pensava”, disse ele, rindo. “Também me deu a oportunidade de ser o pai que gostaria de ter”, finalizou.
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