Uma mulher, que foi abandonada em um hospital quando bebê, finalmente se reencontrou com sua mãe. Anne Harrison, 64, foi deixada no Hospital St Cross, em Rugby, na Inglaterra. Na época, a mulher, de Barbados, engravidou e não pôde cuidar dela. Anne, então, foi levada para um orfanato e, mais tarde, adotada por um casal branco, relata CoventryLive.
No entanto, a medida em que crescia, logo percebeu que era "diferente" por causa da cor de sua pele. "Só quando comecei a frequentar a escola me dei conta de que era diferente. Eu tinha uma pele diferente e era provocada, as crianças me xingavam. Meus pais adotivos brancos não me tratavam de maneira diferente. Eles costumavam me dizer para ignorar as crianças na escola. Dentro da família, eu era tratada como um deles", lembra.
Os pais adotivos de Anne decidiram mudar para a Austrália quando ela tinha 9 anos, então, ela foi transferida para um lar infantil. Anos depois, ela recebeu a notícia chocante de que tinha um irmão mais novo morando em um outro orfanato. "Quando eu tinha 12 ou 13 anos, as autoridades foram informadas pela polícia que minha mãe provavelmente teve um colapso nervoso e estava no hospital. Ela disse aos policiais que tinha um filho que morava em Berkshire, na época, e também uma filha, que era eu. Estávamos ambos em orfanatos diferentes. Felizmente, somos muito próximos e nos vemos regularmente", disse.
Na adolescência, quando completou 16 anos, Anne decidiu que queria conhecer sua mãe. A mulher chegou a escrever cartas para a filha, mas se recusou a conhecer seus filhos pessoalmente. Um dia, Anne fez uma viagem a Londres na tentativa de encontrá-la em um dos endereços antigos de onde ela escrevia, mas ela não estava lá. Ela decidiu se concentrar em sua carreira, mesmo assim, continuou procurando por sua mãe. Naquele mesmo ano, já com 17 anos, ela começou a trabalhar para a Polícia de Warwickshire e deixou o orfanato para viver em uma acomodação fornecida pela força policial.
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Depois de três anos, ela decidiu deixar a carreira policial para se tornar uma assistente social. "Quando mudei para Coventry pela primeira vez, raramente via outra pessoa negra. Eu estava tão confusa sobre como cuidar do meu cabelo, como lidar com a minha pele, havia outras pessoas que se pareciam comigo. Fui criada em uma família branca, meus pais adotivos eram brancos. O lar das crianças era predominantemente branco, estando na força policial predominantemente branco. Fui um dos primeiros cadetes negros da polícia em Warwickshire", conta.
Com quase 30 anos, Anne finalmente conseguiu localizar sua mãe. Ela concordou em se encontrar com Anne. A filha disse que ficou "emocionada" quando conheceu sua mãe pela primeira vez. "Fiquei um pouco sobrecarregada. Foi como olhar para um espelho, mas foi emocionante. Eu sabia que ela tinha chorado antes de nos conhecermos. Ela ainda não me reconhecia como sua filha, dizia que estávamos nos encontrando como amigas. Havia aquela barreira e ainda existe hoje", disse.
Anne se encontrou com a mãe pelo menos oito vezes ao longo dos anos, mas nunca se tornaram íntimas. "Eu sei muito pouco sobre ela. Ela fala pouco cada vez que nos encontramos. São pequenos passos, mas é uma relação muito distante e eu tive que aceitar que isso é o mais longe que vai", desabafou. Por outro lado, Anne e seu irmão, que agora moram em cidades diferentes, são muito próximos e se vêem regularmente. Anne também lançou sua biografia "Call Me Auntie", sobre sua vida sob cuidados e a busca por sua mãe.
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