O Ministério da Saúde informou à CRESCER, que as gestantes e puérperas também receberão a dose de reforço contra a covid-19. Nesta semana, a pasta ampliou o público que deve receber a dose adicional para todas as pessoas maiores de 18 anos. Antes, a indicação valia apenas para idosos, imunossuprimidos e profissionais de saúde. O governo federal também antecipou o intervalo de aplicação da terceira doses de seis para cinco meses.
A recomendação é para que os postos usem vacinas diferentes das que foram aplicadas anteriormente, o que inclui as vacinas com aprovação emergencial no Brasil — AstraZeneca, CoronaVac, Janssen e Pfizer. No entanto, o MS anunciou que gestantes e puérperas só deverão ser imunizadas com a vacina da Pfizer, sem explicar o motivo, já que a Coronavac também está liberada para este público.
Entidades como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (Sogesp) já vinham se posicionando a favor da dose de reforço para gestantes e puérperas, devido ao “maior risco de desenvolver as formas grave da covid-19 e, consequentemente, maior risco de morte materna”, além de maiores chances de prematuridade.
A Febrasgo ressaltou que esse grupo seja imunizado com as vacinas aprovadas para mulheres grávidas e em puerpério, preferencialmente a da Pfizer/BioNTech. "Produzida a partir de mRNA, esta vacina foi bastante aplicada em gestantes e não apresentou intercorrências", disse a Federação, em nota. No entanto, segundo a Federação, caso a vacina da pfozer não esteja disponível, a CoronaVac, produzida pelo Butantan por meio de vírus inativado, também pode ser aplicada neste grupo.
Segundo a obstetra e professora Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Melania Amorim, grávidas e puérperas não só podem como devem tomar a terceira dose da vacina contra a covid. "Esta tem sido minha bandeira de luta e da rede feminista de GO [Ginecologistas e Obstetras] desde que surgiu a possibilidade de terceira dose diante dos estudos que mostram queda dos anticorpos pós 6 meses de vacina. Ou seja: quem tomou a vacina logo antes de engravidar ou bem no começo de engravidar está novamente exposta ao aumento do risco de contrair a covid-19 e ter as complicações que tão bem conhecemos e passamos todo esse tempo divulgando, porque a gravidez aumenta o risco de complicações e morte por covid-19 e esse risco de morte é cerca de cinco vezes maior nas formas graves da doença em não vacinadas, estimando-se, portanto, que volte a aumentar na medida em que ocorre essa queda de anticorpos", explica a especialista.
Para a médica, é necessário concentrar os esforços para tranquilizar as gestantes quanto à vacina. "Infelizmente médicos leigos e antivacinas que não acessam as evidências ou interpretam os estudos de forma desonesta e equivocada ficam fazendo alertas falaciosos ou, pior, falando que a bula 'proíbe'. E não é nada disso. Como toda bula, até de água destilada ou de um simples paracetamol, a bula da Pfizer que é a vacina mais usada e mais estudada avisa que o uso na gravidez deve ser feito sob orientação médica. Mas essa 'orientação' não é de um médico desavisado, obviamente", alerta a pesquisadora. A professora ressalta, ainda, que as vacinas são seguras e não há motivos para medo. "Há muitos estudos recentes garantindo a segurança das vacinas comparando pessoas vacinadas com controles da população", finalizou.
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