Nesta quarta-feira (17) é celebrado o Dia Mundial da Prematuridade. E nesta data, a Rede Mundial de Prematuridade, que realiza anualmente uma campanha de conscientização sobre o tema, decidiu dar enfoque à importância do contato próximo entre mãe e bebê, desde o nascimento. Isso significa permitir que a mãe possa ficar internada para acompanhar o filho prematuro o tempo todo.
Para a enfermeira neonatal e vice-diretora executiva da ONG Prematuridade.com, Aline Hennemann, o contato direto entre mãe e bebê é fundamental para a recuperação da criança. “O nosso principal desafio hoje é mostrar para as pessoas que o prematuro não é um mini adulto, ele é um ser em formação. O lugar dele seria dentro do útero materno. Dentro das UTIs neonatais, a gente tenta reproduzir o útero materno, então os nossos desafios são levar atenção integral para esse bebê prematuro e para a família”, declarou ela, em entrevista à Agência Brasil.
De acordo com Aline, os impactos do nascimento de um bebê prematuro vão muito além do que possíveis sequelas de saúde. Ele traz ainda um trauma psicológico para as famílias. “Pai e mãe que passam por uma internação em UTI neonatal são comparados a soldados que participaram de uma guerra, de tão traumática que é essa internação”, contou. “A prematuridade é a maior causa de morte infantil antes dos cinco anos. Poucos conhecem isso. A prematuridade causa 10 vezes mais de óbitos de crianças do que o câncer”, continuou.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2020, a prematuridade foi a principal causa de mortalidade infantil em todo o mundo. Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Ministério da Saúde, mostram que, no Brasil, 11,7% de todos os partos ocorrem antes do tempo. Além disso, em 2019, foram registrados cerca de 300 mil nascimentos prematuros. Com isso, de acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o Brasil ocupa a 10ª posição entre as nações onde são registrados mais casos de prematuridade.
A pequena Amora Dias, que atualmente tem 6 anos de idade, nasceu na 27ª semana de gestação e pesava apenas 760 gramas. Sua mãe, Agda Dias, contou para a Agência Brasil que a filha enfrentou uma série de desafios durante os quase três meses em que ficou internada na UTI neonatal.
“Foram 111 dias de internação. Ela teve bastante intercorrência nesse tempo, como ritnopatia da prematuridade, hemorragia intracraniana, crises convulsivas, anemia e precisou de transfusão de sangue quatro vezes. Por conta da hemorragia, ela tem paralisia cerebral. As pessoas acham que prematuridade é só ganhar peso. Isso é um mito que tentamos combater porque, na verdade, a situação do prematuro é muito grave”, desabafou a mãe.
Agda contou que poder estar perto da filha, por meio do método canguru (contato pele a pele entre mãe e bebê), amenizou um pouco as dificuldades que enfrentavam. “Peguei a Amora no colo com um mês de internação, já que é muito arriscado pegar antes porque o bebê corre risco com essa manipulação. Minha relação com ela mudou muito a partir disso, porque senti o pertencimento, a falta que ela me fazia, de tê-la comigo. Depois desse dia, todos os dias fizemos ‘canguru’”, contou.
“O que a gente lida com a prematuridade é pesadíssimo e a gente não dá conta. É importante buscar uma ajuda profissional psicológica e até mesmo um psiquiatra para ajudar com medicação, se for preciso, porque é pesado. E buscar compartilhar, procurar outras mães que já passaram por isso", aconselhou a mãe, que compartilha fotos e vídeos da sua rotina com a filha no Instagram, como forma de mostrar para outros pais que vivem o mesmo desafio que eles não estão sozinhos.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2021/11/dia-da-prematuridade-campanha-defende-contato-entre-mae-e-bebe.html