Quem resiste ao cheiro do pão ou dos biscoitos assando? Mesmo aqueles que não estão com fome são incapazes de passar batido por eles no momento em que são tirados do forno e arrumados na travessa para o café da manhã ou para o lanche da tarde, exalando aquele aroma que parece voar direto para o nosso nariz. O odor da fornada tem apelo afetivo, daqueles que dão um calor no coração e atiçam o estômago a qualquer tempo.
Levar seu filho para ajudar na cozinha na hora de preparar pães e biscoitos traz diversas vantagens: ao mesmo tempo em que ele se sente útil, fazendo parte do movimento de cozinhar, ainda tem oportunidade de absorver vários benefícios úteis ao seu desenvolvimento. “A cozinha é um ambiente perfeito para a criança estar – sempre acompanhada de adultos. Ali, ela tem a chance de conviver afetuosamente com a família e a valorizar o papel de cada um na casa e, em especial, no preparo da receita”, diz a pediatra e alergista Felicia Szeles (SP).
A médica ainda lembra que, ao colaborar com o preparo de uma receita, o pequeno é exposto a conceitos de matemática (somar, dividir), física (misturar ingredientes e mudar uma composição), noções de volume e peso (mililitros, gramas) e de português (ao anotar ou ler uma receita). “E ainda há a experiência dos sentidos: tato, olfato, visão e, claro, paladar. A cozinha também é um ambiente propício para perceber o básico da importância do não desperdício, de como fazer para aproveitar ao máximo cada ingrediente e não jogar nada fora”, diz.
Na casa do cozinheiro, empresário e apresentador de TV Olivier Anquier, a cozinha é sempre cenário de prazer para ele e sua filha Olivia, 4 anos. “Sou a terceira geração de padeiros na família e tentei incentivar que todos os meus filhos gostassem de cozinhar, mas, ao que parece, a caçula é a primeira a se interessar de verdade”, conta ele, que também é pai de Julia, 27, e Hugo, 25. É comum, nos fins de semana da sua casa no sítio na Serra da Bocaina, no interior de São Paulo, pai e filha se aventurarem na cozinha para fazer massas – pães, pizza e focaccias. “Não convido. Ela pede, quer, gosta. Pega o banquinho para ajudar na bancada e se diverte. Ela participa de tudo: mistura os ingredientes, amassa, vira a massa, divide, corta. E ajuda a comer também!”, conta Anquier. “Brioche é o pão preferido da Olivia, mas ela gosta de tudo”, diz.
Ele diz que, na cozinha, é nítido o desenvolvimento da filha, que tem noções de quantidade, sabe contar e vem apurando funções cognitivas a cada dia. E como não só de prazer se vive uma cozinha, depois de fazer o pão, eles lavam a louça e arrumam tudo juntos. Mais uma oportunidade de se sentir útil e de aprender a participar de toda a etapa para, no fim, deliciarem-se com um pão quentinho ao redor da mesa. Huuuummm, deu água na boca?
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