A operadora de telemarketing Fernanda Rodrigues Crippa, 23, passou por uma situação bem difícil após seu bebê Gael, de apenas 9 meses, se engasgar com leite. Ela e o marido, Renan Duarte Nery, que moram em Santo André (SP), fizeram a manobra de emergência em casa, que fez com que o filho vomitasse um pouco de leite. No entanto, o pequeno continuava ficando roxo.
A solução foi levá-lo ao hospital. "Ele chegou roxo, com dificuldade para respirar, mas ainda consciente", diz a mãe à CRESCER. Como o bebê não desengasgava, os médicos decidiram entubá-lo para que ele não parasse de respirar. Fernanda conta que felizmente a recuperação do filho foi rápida. "Ele foi entubado e depois de 13 horas já não precisava mais de ajuda dos aparelhos, após isso precisou se recuperar da rouquidão e da abstinência dos sedativos, fizeram lavagens no nariz e inalações, pois ele ainda estava respirando cansado, mas no terceiro dia do hospital já estava falando e respirando normalmente".
Após o susto, Fernanda aconselha que os pais pesquisem sobre a manobra de Heimlich e tentem, se possível, controlar o nervosismo. "Mantenham o máximo da calma possível (sei que não é fácil), isso pode ser decisivo para salvar o bebê, se mesmo assim o bebê não desengasgar corram para o pronto socorro, hospital, corpo de bombeiros, qualquer lugar onde vão conseguir dar assistência para o bebê", ela diz.
Há dois tipos de engasgo: o parcial, quando ainda está passando um pouco de ar, mas não a quantidade ideal, e o total, quando as vias respiratórias estão completamente obstruídas. No primeiro caso, a criança vai apresentar tosse rouca e chiado no peito. No segundo, a criança não consegue falar, nem tossir e vai começar a ficar com lábios arroxeados pela falta de ar. Nessa hora, por mais desesperador que seja o quadro, é preciso manter a calma e ajudar a criança a desengasgar. Veja o que fazer com:
Crianças de até 1 ano
1. Segure-a (de bruços) com o rosto voltado para baixo e com a cabeça mais baixa que o tórax;
2. Cuidado ao apoiar a cabeça, sustente-a firmemente com seu antebraço;
3. Aplique cinco golpes energéticos no meio das costas (usando o punho da mão com os dedos estendidos);
4. Vire a criança (de barriga para cima) firmemente apoiando sua cabeça e a mantendo mais baixa que o corpo;
5. Observe se ocorreu a saída do objeto, caso contrário aplique cinco compressões rápidas no tórax (utilize três dedos para aplicar as compressões no meio do tórax, entre a linha dos mamilos);
6. Se esse procedimento não expulsou o objeto, peça ajuda e acione o serviço de emergência (SAMU 192);
7. Repita os procedimentos acima até a chegada do serviço de emergência.
Crianças maiores de 1 ano
1. Ao reconhecer um engasgo, posicione-se atrás da criança de joelhos e atrás do adolescente ou adulto de pé - é preciso ficar na mesma altura;
2. Abrace o tronco da criança envolvendo-o com os dois braços;
3. Feche uma das mãos e coloque a parte plana (onde está o polegar) na “boca do estômago”, que fica logo acima do umbigo;
4. Segure o punho com a outra mão e realize cinco compressões rápidas (apertando para dentro e para cima);
5. Encoraje a criança a tossir (se ela conseguir durante a manobra);
6. Após realizar a manobra ao menos duas vezes e perceber que o objeto não saiu, ou que a criança apresenta-se pálida, com lábios arroxeados, acione a emergência (SAMU 192) e continue a manobra até a chegada do socorro ou até que a criança esteja inconsciente.
Vale lembrar que o reflexo que muitos pais têm na hora do engasgo é enfiar o dedo na garganta da criança para retirar o alimento entalado, mas isso pode mais atrapalhar do que ajudar. Se depois de comprimir o peito da criança você conseguir ver o alimento no fundo da garganta, você pode tentar enfiar o dedo para tirá-lo - tente com o mindinho, que é mais fino. Se você não conseguir enxergar o alimento e enfiar o dedo, provavelmente vai empurrá-lo mais para baixo. Na dúvida, não hesite em chamar o serviço de emergência.
Dicas para prevenir o engasgo
- A criança deve comer sempre sentada – não dá para brincar, correr ou andar ao mesmo tempo em que se mastiga ou se bebe alguma coisa.
- Quando há crianças de faixas etárias diferentes à mesa, é preciso ficar de olho! O menor pode pegar uma comida diferente do prato do maior, ou algum pedaço grande demais.
- Desde cedo, é importante ensinar a criança a mastigar direito antes de engolir, assim como criar um ambiente de tranquilidade na hora das refeições.
- O ideal é deixar o bebê pequeno o mais quieto quanto for possível por pelo menos 1 hora e meia depois da mamada. Eles devem ficar inclinados em um ângulo de 30° para evitar o refluxo. Coloque um travesseiro debaixo do colchão ou eleve os pés do berço pelo menos 10 centímetros.
- Não force a alimentação da criança. Nada de ficar perseguindo o seu filho com o prato de comida nas mãos, querendo enfiar uma colherada de comida na boca dele.
- Se a criança engasga com frequência, vale verificar se ela não apresenta nenhum outro problema, como refluxo gastroesofágico.
- Para crianças menores, só ofereça talos de vegetais cozidos, que são mais macios que os crus e não se partem com tanta facilidade quando mordidos. Na dúvida, peça orientação ao pediatra para saber até que idade é necessário cortar os alimentos ou desfiar a carne em pedaços apropriados.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Saude/noticia/2021/06/bebe-se-engasga-com-leite-e-precisa-ficar-entubado-ele-chegou-ficar-roxo-e-com-dificuldade-para-respirar-relata-mae.html