Vivemos dias difíceis. Que nem os mais criativos e pessimistas poderiam imaginar que se tornariam realidade.
Nos preocupamos muito com a nossa saúde mental. Aliás, esse termo virou um dos mais usados. Olhamos no espelho e percebemos que não nos reconhecemos mais. É um desespero diferente, uma ansiedade que dá para sentir no corpo, uma angústia que vira dor física, raiva por coisas bobas, compaixão baseada na dor. Com os que amamos, nervosismo, desesperança, rispidez, impaciência. A lista daquilo de que não nos orgulhamos está gritando diante de nós.
Se já é difícil para nós, que conseguimos dar nome ao medo, imagina para as nossas crianças. É ilusão achar que elas não estão sendo afetadas. Por mais que seu filho seja pequeno e, aparentemente, ainda não tenha conexão com a realidade fora de sua bolha familiar, ele sente: a distância de pessoas amadas, como os avós, a falta dos amigos, da escola, ou essa nova forma de viver dentro de casa. E sabe o que ele mais sente? Tudo aquilo que descrevi sobre nós, adultos. Por mais que você pense que disfarça ou poupa seu filho, acredite: ele sente. No ar, na tensão, no cheiro, no instinto.
O que não tem remédio, remediado está. Essa é a realidade da geração deles. As consequências, só iremos conhecer daqui a anos. Mas cabe a nós facilitar esse processo. Então, seguem aqui quatro dicas do que tentamos fazer nessa época. Não é a verdade absoluta e incontestável, mas funciona por aqui e, quem sabe, pode ajudar você.
1. Não deixe seu filho alienado. Mas também não o coloque para assistir ao telejornal com você. Cada idade tem uma capacidade diferente de processar a realidade. Entregue para a criança o que ela consegue absorver. Se você não se sente seguro para falar, comece perguntando o que ela sabe sobre o coronavírus, a pandemia e a situação que vivemos. A resposta já vai ser a base de até onde você pode ir nesse diálogo.
2. Eu parei de cobrar alta performance de tudo que exige concentração e mente afiada, como os estudos. Falo para eles fazerem sempre o melhor que podem e digo que estou ali para ajudá-los. Às vezes, é tão difícil me concentrar e focar a mente (isso porque só faço o que gosto). Então, imagino o terror para eles.
3. A única obrigação que eles têm e que eu cobro é a atividade física. Inverti: passei a dar mais atenção para o corpo do que para a mente. Figurativamente, é claro, pois os dois estão interligados. Manter o corpo ativo todos os dias é também sanidade mental! O corpo humano não foi feito para o sedentarismo. Muito menos o das crianças.
4. Quando você se deitar na cama, deixe a exaustão aparecer. Fique exausto, cansado, capote! Mas, durante o dia, com os filhos, é sua obrigação ser o porto seguro deles. É traumatizante para uma criança ver o pai desesperado e sem controle. Pais são a base da segurança e bem-estar dos filhos. Demonstre confiança, alto astral e mantenha um sorriso no rosto.
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