Em média, as primeiras memórias que as pessoas podem recordar são de quando elas tinham apenas 2 anos e meio de idade, sugere um novo estudo. As descobertas, publicadas na revista Memory, afastam as conclusões anteriores sobre a idade média das memórias mais antigas serem por volta de um ano.
No estudo, as memórias de 697 participantes foram comparadas com as lembranças de seus pais. No geral, as primeiras memórias das crianças são de antes de quando elas pensam que aconteceu, conforme confirmado por seus pais. Em algumas das pesquisas revisadas pela especialista em amnésia infantil e autora principal do estudo, Carole Peterson, da Memorial University of Newfoundland, a evidência para mover nosso relógio de memória potencial é "convincente". Por exemplo, ao revisar um estudo que entrevistou crianças depois de 2 e 8 anos, elas foram capazes de relembrar a mesma memória, porém, nas entrevistas subsequentes, deram uma idade posterior de quando elas ocorreram. Oito anos depois, muitos acreditavam que eram um ano mais velhos. Assim, as crianças, à medida que envelhecem, continuam se movendo até a idade que pensavam ter na época dessas primeiras memórias", explica.
Ela acredita que a descoberta se deve a algo na datação da memória chamado "telescópio". "Quando você olha para coisas que aconteceram há muito tempo, é como olhar através de uma lente. Quanto mais remota é uma memória, o efeito telescópico faz com que você a veja de perto. Acontece que eles avançam a memória mais antiga um ano para cerca de três anos e meio de idade. Mas descobrimos que quando a criança ou adulto está se lembrando eventos de quatro anos para cima, isso não acontece", explica.
Ela diz que, depois de vasculhar todos os dados, isso demonstra claramente que as pessoas se lembram muito mais de sua primeira infância e muito mais do que imaginam, e é relativamente fácil ajudá-las a acessar essas memórias. "Quando você olha para um estudo, às vezes, as coisas não ficam claras, mas quando você começa a juntar estudo após estudo e todos eles chegam às mesmas conclusões, torna-se bastante convincente", diz. “O que é necessário agora na pesquisa da amnésia infantil são datas externas independentemente confirmadas ou documentadas com as quais datas derivadas pessoalmente podem ser comparadas, pois isso evitaria erros de telescopia e potenciais erros de datação pelos pais”, finalizou. Essa pesquisa, usando datação verificada, está atualmente em andamento em seu laboratório e em outros lugares para confirmar a resposta a essa questão tão debatida.
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