A rotina do casal paranaense Anieli Kurpel, 28, e Luis Fernando Araújo, 35, de Chopinzinho, interior do Paraná, começa cedo: 6h15 da manhã. "Precisamos estar sempre um passo à frente", disse ela, referindo-se aos seus quíntuplos. A família virou notícia em todo país em setembro de 2019, ao terem quíntuplos — cinco bebês de uma só vez. Anieli engravidou naturalmente e os cinco nasceram saudáveis, apesar de terem chegado prematuros com 28 semanas.
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Hoje, 1 ano e 9 meses depois, nossa equipe voltou a conversar com a mãe dos "quíntuplos do Paraná" — como são conhecidos. Ela, que cuida sozinha de Luis Henrique, Jhordan, Tiago, Laura e Antonella, além de Davi, o primogênito de 8 anos, contou que os horários são bastante regrados para manter a organização em casa. "Tenho uma pessoa que me ajuda todos os dias com a limpeza da casa. Assim, eu posso me dedicar exclusivamente aos bebês. Durante o dia, sou bem chata em relação à rotina", afirma.
Meu marido e eu acordamos às 6h15 para deixar as roupas e mamadeiras prontas para os bebês, que acordam às 7h30; precisamos estar sempre um passo a frente (risos). Luis vai trabalhar e, às 9h, é hora do lanchinho. 11h30 eles almoçam. Das 13h às 14h30, eles tiram a soneca da tarde. Não costumo deixá-los dormirem mais do que 14h50 para não atrapalhar o sono da noite. Por volta das 15h30, dou o lanchinho da tarde. Às 17h, meu marido chega e ajuda com o banho. Logo mais, às 17h30 é o horário do jantar. Às 19h50, eles tomam mamadeira e já dormem", conta. "É como se fosse uma creche, todos têm que comer juntos, brincar juntos e dormir no mesmo horário", completa.
E para quem pensa que ela sofre durante a madrugada, Anieli conta que, em geral, eles dormem muito bem. "É claro que, às vezes, temos problemas. Tem dias que fico muito cansada e não consigo nem dormir direito por causa de dor nos braços ou no corpo... Como qualquer mãe, me 'viro nos trinta'. Mas sempre penso que são fases. Sei que tudo isso vai passar e estou tentando aproveitar cada momento, pois sei que não vai voltar. Sei que vou sentir saudades dessa loucura toda", admite. "Meu marido trabalha fora, mas é muito companheiro. Isso torna a maternidade mais leve e me deixa mais segura", disse.
Desde que os quíntuplos nasceram, Anieli tem compartilhado a rotina com as crianças em sua conta no Instagram (@quintuplosdoparana). Hoje, ela já possui mais de 530 mil seguidores. "Cerca de 80% da nossa renda vem das redes sociais. Graças ao perfil, temos uma liberdade financeira que nunca sonhamos! Conseguimos parcerias, contratos e isso nos ajuda muito, pois nossos gastos são altos", admite. "Então, além da dedicação aos pequenos, estou trabalhando com as redes sociais. Organizo minha rotina no domingo para dar conta de tudo. Tenho que ser muito organizada, caso contrário, vira uma bola de neve! E está funcionando, consigo, inclusive, namorar, conversar, curtir um tempo junto com meu marido... Só não saímos por causa da pandemia", comenta.
Com a chegada da pandemia, a família também mudou sua rotina. "Só saímos quando precisamos ir ao médico. Felizmente, ninguém teve covid-19, mas estamos nos cuidados. Luis Fernandes não parou de trabalhar fora e Davi está frequentando as aulas presenciais, mas quando chegam, vão direto para o banho", afirma. "Felizmente, a cidade é pequena, cerca de 19 mil habitantes, e tivemos pouquíssimos casos até agora", conta.
No entanto, no mês passado, a família passou por um susto. Antonella teve bronquiolite e pneumonia e precisou de internação por seis dias. "Quando nasceu, ela teve parada cardíaca e quase a perdemos várias vezes, pois o pulmão não se desenvolveu muito bem. Então, é mais suscetível à infecções respiratórias", conta a mãe. "Foi difícil, pois tive que deixar os bebês com minha mãe e sogra, mas são tão apegados a mim que quando Antonella ficou doente, eles emagreceram, pois simplesmente não queriam comer. Então, eu tinha que sair do hospital e voltar correndo para casa fazer comida, pois eles não comiam outra que não fosse a minha", revela.
Outro desafio foi quando um dos bebês, Jhordan, foi diagnosticado com autismo. "Mesmo sendo prematuros, eles se desenvolveram muito bem: andaram e caminharam na idade certa. Claro que alguns estão mais à frente que os outros, cada um tem sua personalidade, mas, com 10 meses, comecei a desconfiar que Jhordan pudesse ter autismo. No início, os médicos achavam que era apenas um atraso da prematuridade, mas tenho cinco filhos e a gente acaba comparando. Pesquisei e ele tinha todas as características: não falava muito, sempre foi mais quietinho e notava que, desde cedo, os outros interagiam mais. Ele também não me olhava direito, tentava beijá-lo e ele me empurrava, mordia de repente e não tinha muito interesse pelos brinquedos", lembra.
Hoje, ele faz acompanhamento médico e em breve vai consultar com uma fonoaudióloga. "O autismo dele é considerado de grau leve. Ele se desenvolveu muito graças aos irmãozinhos. Os médicos acreditam que os melhores terapeutas para Jhordan são os próprios irmãos", comentou.
Sobre Davi, o mais velho, a mãe conta que ele já é bastante independente. "Vai para a escola, tem futsal, volta, toma banho e coloca a roupa sozinho. Ele me ajuda muito, simplesmente porque gosta de brincar com os bebês. Quando começo a fazer as refeições, peço pra ele ficar com as crianças e ele se diverte. Mas a gente também tenta ter um momento só com ele", diz.
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Sobre o futuro, Anieli disse que não pretende colocar os filhos tão cedo em uma creche. "Não terei mais filhos, então, quero curtir ao máximo. Muitos acham que a maternidade nos torna 'prisioneiras' ou tira a nossa liberdade, mas eu me encontrei; gosto de ficar em casa, de cuidar deles e de ser mãe. Não faço por obrigação", finalizou.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/06/e-como-se-fosse-uma-creche-tem-horario-para-tudo-conta-mae-dos-quintuplos-do-parana.html