Uma tiktoker e futura dentista viralizou após divulgar vídeos em sua rede social mostrando a série ‘Coisas que seu dentista pode dizer sobre você apenas olhando em sua boca’. Entre elas, ela afirmou poder descobrir se a mulher está grávida. Segundo a influenciadora digital, a boca pode revelar sintomas da gravidez.
“Não apenas devido à náusea e à erosão do esmalte, mas devido a algo chamado gengivite da gravidez, que é visto em 30% a 50% das pacientes grávidas”, diz a futura dentista That Sukhmani. “As gengivas ficam inflamadas, sensíveis e mais propensas a sangrar", explicou.
O problema realmente existe e pode se acentuar durante a gravidez. “É verdade que existe uma relação direta entre a saúde bucal e a gestação, principalmente quanto à gengivite, doença que as gestantes apresentam uma predisposição maior a desenvolver. Entretanto, ela não é exclusiva da gravidez. Qualquer pessoa com uma higiene bucal insatisfatória pode apresentar o quadro, então, a doença por si só é totalmente inconclusiva para sugerirmos que a mulher está grávida”, explica o dentista João Piscini, especialista em Saúde Coletiva da Neodent.
A afirmação é reforçada pela implantodontista Vera Lucia Masseto. "O que a maioria das gestantes apresenta é uma gengivite, chamada gengivite gravídica, uma inflamação gengival semelhante à gengivite causada pela placa bacteriana. A gengiva apresenta coloração avermelhada, sangramento a um simples toque ou durante a escovação."
Durante a gestação, as mulheres têm uma grande alteração hormonal, fazendo com que aumente o nível de estrogênio e progesterona, e também o risco de doença periodontal, processo inflamatório dos tecidos de sustentação do dente, como gengiva e ossos. “Isso reforça a importância do autocuidado e do acompanhamento com o dentista pois, se não tratada, [a gengivite] traz sérios riscos ao bebê, como parto prematuro e baixo peso ao nascer", diz Piscini.
Outro ponto importante, segundo Vera, é a suscetibilidade das grávidas a desenvolver cáries. "Diferente do que muitas gestantes pensam, a cárie não ocorre pelo fato de o feto estar precisando de nutrientes da mãe e assim acabar enfraquecendo os dentes. O cálcio de que o bebê precisa para formação dos primeiros dentes, que começa no segundo mês de gestação, não está na corrente sanguínea e sim na alimentação da mãe", observa a dentista.
Ele lembra que o risco de cárie é maior em gestantes devido à diminuição da capacidade estomacal, que faz com que a mulher diminua a quantidade de alimentos durante a refeição, mas acabe comendo com mais frequência, o que pode aumentar a ingestão de carboidratos e assim o risco de cárie. "Outro fator que aumenta o risco de cárie na gravidez é deixar de fazer a escovação matinal devido ao enjoo, o que favorece a desmineralização do esmalte dentário", diz.
Para os especialistas, fazer um pré-natal odontológico é tão importante quanto o acompanhamento com o médico. Na consulta, o dentista fará avaliação sobre quais procedimentos podem aguardar o pós-parto e quais devem ser realizados ainda durante a gestação. “Nesses casos, não deve haver preocupação quanto aos procedimentos. Existem materiais e técnicas específicas para que as gestantes possam ser atendidas com segurança”, completa Piscini.
Se não for possível o tratamento clínico antes da gravidez, o melhor período para o atendimento odontológico é, segundo o especialista, entre a 13ª e a 27ª semana de gestação, “mas se necessário elas podem passar por procedimentos em qualquer outro momento da gravidez”, conclui ele.
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