Uma pesquisa conduzida pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e pelo Instituto Gallup em 21 países, incluindo o Brasil, analisou que crianças e adolescentes poderão sentir os impactos da pandemia da covid-19 em sua saúde mental por anos.
De acordo com os pesquisadores, os mais jovens vêm lidando com problemas de saúde mental desde antes da pandemia. No mundo todo, mais de uma em cada 7 pessoas com idade entre 10 e 19 anos foi diagnosticada com algum transtorno mental e quase 46 mil adolescentes morrem por suicídio todos os anos, segundo dados da análise.
Porém, apenas cerca de 2% dos orçamentos governamentais para saúde são direcionados para a saúde mental. “Com lockdown e restrições de movimento relacionados à pandemia, as meninas e os meninos passaram anos de sua vida longe da família, de amigos, das salas de aula, das brincadeiras – elementos-chave da infância", disse a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore. “Mesmo antes da pandemia, muitas crianças estavam sobrecarregadas com o peso de problemas de saúde mental não resolvidos. Pouco investimento está sendo feito pelos governos para atender a essas necessidades críticas", ressalta.
Os resultados da pesquisa apontam que, em média, um em cada 5 jovens de 15 a 24 anos afirma se sentir deprimido ou ter pouco interesse em fazer alguma coisa. Fatores como preocupação com a educação, com a renda familiar ou com a saúde, além da falta de convívio social, têm deixado os adolescentes com medo, irritados e preocupados com seu futuro, de acordo com o Unicef.
Alguns transtornos mentais, como déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), ansiedade, depressão e transtornos alimentares, podem afetar significativamente a vida dos jovens no futuro.
O relatório pede para que os governos tomem medidas para promover cuidados com a saúde mental, incluindo:
- Investir na saúde mental de crianças e adolescentes;
- Garantir que as escolas apoiem a saúde mental por meio de serviços de qualidade e relacionamentos positivos;
- Preparar pais, familiares, cuidadores e educadores para abordar o tema da saúde mental como parte da saúde integral;
- Quebra do silêncio em torno da saúde mental, fomentar a cultura da escuta sem julgamentos (escuta empática), promovendo uma melhor compreensão da saúde mental e levando a sério as experiências de crianças, adolescentes e jovens;
- Promover e valorizar o diálogo sobre saúde mental entre os próprios adolescentes.
No Brasil, o Unicef lançou o Pode Falar, canal de ajuda virtual em saúde mental voltado para jovens de 13 a 24 anos. O site promove apoio de forma anônima e gratuita.
Saiba como assinar a Crescer para ter acesso a nossos conteúdos exclusivos
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2021/10/pandemia-pode-impactar-saude-mental-de-criancas-e-adolescentes-por-anos-analisa-unicef.html