Umas das principais causas de câncer (mais de 2,3 milhões de mulheres no mundo em 2.020), com ainda índice de mortalidade importante, mas com muita chance de cura com o diagnóstico precoce é o câncer de mama.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxeram informações importantes, como o fato de 40% das mulheres entrevistadas, na faixa etária indicada, não terem realizado exames de prevenção (mamografia) por 2 anos antes da pesquisa.
E as diferenças são gritantes, quando se leva em conta a região do país ou o nível socioeconômico: na região Norte – 43% realizaram mamografia (Roraima e Amapá menos de 40%); região Sudeste – 65% (São Paulo quase 70%); com renda domiciliar acima de 5 salários-mínimos – 84% fizeram; já com renda domiciliar abaixo de 5 salários-mínimos – 43% fizeram.
Em 2018 – despesa do SUS para tratamento da doença foi acima de R$ 813 milhões. Cerca de 12,6% desse gasto (R$ 102,5 milhões) tiveram como fatores de risco especialmente inatividade física (4,6%), não aleitamento materno (4,4%), excesso de peso (2,5%) e consumo de bebida alcoólica (1,8%).
Em 2019 – houve 18.068 mortes por câncer de mama no Brasil (principal causa de mortalidade em mulheres). Em 2.020 – 13,1% dos 64.000 casos novos de câncer (cerca de 8 mil) podem ser relacionados diretamente a consumo de bebidas alcoólicas, excesso de peso e inatividade física.
O estrogênio é um fator fundamental como estimulante de células tumorais no câncer de mama. Na gestação e na amamentação caem significativamente as taxas desse hormônio. Cada gestação reduz em 7% o risco de câncer de mama.
O câncer de mama começa nas células do epitélio que reveste a camada mais interna do ducto mamário. Raramente, o câncer inicia em outros tecidos. Assim, amamentar ou extrair leite para armazenar ou para doar esfolia essas células e diminui o risco de câncer de mama. Segundo estudo, quanto mais tempo as mulheres amamentam, mais elas estão protegidas contra o câncer de mama.
Cada ano de amamentação, mesmo que não contínua ou com a mesma criança, reduz em 4,3% o risco de câncer de mama. O mesmo estudo (de 2.002) sugere que “a falta ou a curta duração da amamentação, típica das mulheres nos países desenvolvidos, contribui de forma importante para a alta incidência de câncer de mama nesses países.”
Se estudos demonstram a influência de determinadas ações como fatores de risco de câncer de mama, então temos sim como prevenir sua incidência.
Não, não há como prevenir 100% dos casos. Não, não há como evitar 100% os casos.
Mas existem muitas ações possíveis que diminuem o risco e, assim, previnem o câncer de mama.
O estímulo da atividade física, o controle de peso e do consumo de bebidas alcoólicas podem ser grandes aliados na prevenção.
Um só parto (7% a menos), associado às recomendações da OMS e da SBP de aleitamento materno continuado por 2 anos ou mais (4,3% de proteção por ano – 8,6% em 2 anos) tem um potencial de prevenção de 15,6% contra o câncer de mama.
Segundo dados do IBGE, em 2.020, a média de foi de 1,9 filhos por família (quase 2). Assim, essa proteção já dobra em relação aos partos (14%) e teria um potencial de dobrar também em relação ao aleitamento materno (17,2%), que, se somados, atingiriam o índice de 31,2% de prevenção.
Além dessas ações, o diagnóstico precoce, através dos exames de mamografia realizados também de forma mais uniforme em todas as regiões do país e independente de classe socioeconômica, podem fazer com que os óbitos pela doença tenham um declínio significativo.
Outubro Rosa – sensibilização e conscientização contra o câncer de mama. Prevenção existe, é possível, é dever de todos informar corretamente.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Moises-Chencinski-Eu-Apoio-Leite-Materno/noticia/2021/10/moises-chencinski-cancer-de-mama-nao-so-pode-como-deve-ser-prevenido.html