Não foi só a cobertura vacinal das crianças que diminuiu desde o início da pandemia – o mesmo aconteceu com as gestantes! Apenas 45% das grávidas brasileiras se vacinaram contra a coqueluche em 2020. A taxa, que já estava baixa (63%) antes da disseminação do novo coronavírus, reduziu ainda mais no último ano. A meta do Programa Nacional de Imunizações para 2021 é de que 95% das grávidas sejam imunizadas. A vacina dTpa gestante previne contra coqueluche, difteria e tétano e está disponível gratuitamente em postos e unidades públicas de saúde, durante o ano inteiro.
Saiba mais sobre a doença e entenda como preveni-la!
A coqueluche é uma infecção do trato respiratório causada pela bactéria Bordetella pertussis. Na medicina chinesa, é chamada de tosse dos 100 dias, pois a tosse persistente é o sintoma mais comum. A doença é transmitida de pessoa a pessoa e adultos sem reforço vacinal funcionam como fonte de infecção.
A doença tem três estágios:
Catarral (duração de 1 a 2 semanas) - Inicia-se após período de incubação de 7 a 10 dias em média; rinorréia (muita coriza); conjuntivite com lacrimejamento; febre baixa; tosse ocasional.
Paroxismo (duração de 1 a 6 semanas) - 10 a 15 tossidas por ciclo expiratório; tosse seca com ruído característico; vômito após episódio de tosse.
Convalescência (duração de 1 a 6 semanas) - A duração da tosse seca (não produtiva) é marcante.
O tratamento antimicrobiano visa eliminar as bactérias, mas não diminui a duração dos sintomas. É importante para impedir a transmissão da doença, que ocorre de pessoa a pessoa. Além disso:
- Suporte ventilatório em casos que necessitam de internação hospitalar;
- Tratamento de coinfecção – pode ocorrer infecção concomitante por outros patógenos do trato respiratório tal como Streptococcus pneumoniae (principal agente de infecções como otites, sinusites e pneumonias) e Haemophilus influenzae (agente que pode causar pneumonias e meningite bacteriana);
- Corticóides (anti-inflamatórios) e anti-histamínicos (anti-tussígenos) sem impacto significativo na melhora ou diminuição dos sintomas.
As crianças com idade menor que seis meses têm maior risco para adquirir a infecção. Em particular aquelas que não tomaram pelo menos três doses da vacina pentavalente. A doença é mais grave em crianças com idade menor que dois meses, pois essas ainda não receberam a primeira dose da vacina. Cerca de 70% dos óbitos por coqueluche ocorrem na faixa etária até dois meses de vida. Daí a importância de as gestantes se vacinarem, para transferirem anticorpos para o bebê ainda na barriga.
O calendário vacinal contra coqueluche público no Brasil é:
1ª dose aos 2 meses - vacina pentavalente contra Corynebacterium diphtheriae (agente da difteria), Clostridium tetani (agente do tétano), Bordetella pertussis (agente da coqueluche), Haemophilus influenzae tipo b (agente de meningite e otite) e vírus da hepatite B.
2ª dose aos 4 meses
3ª dose aos 6 meses
Além de doses de reforço com a tríplice bacteriana aos 15 e aos 18 meses e aos 4 e 5 anos. Após essa faixa etária, o reforço deve ser a cada 10 anos, mas, atualmente, no sistema público, ele é feito apenas com a dupla (difteria e tétano) e não com a tríplice bacteriana do adulto.
Sim, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) recomenda a inclusão da vacina contra coqueluche a cada gestação. Outra abordagem importante é vacinar contra coqueluche todos aqueles familiares e profissionais que entrarão em contato direto com o recém-nascido. O ideal é que o reforço vacinal no adulto seja feito com a vacina tríplice bacteriana do adulto e não a dupla.
Fonte consultada: Jorge Sampaio, microbiologista do Fleury Medicina e Saúde.
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