Uma mãe fez um relato que rendeu polêmica na internet nesta semana. No Kidspot, Tal Slome contou sobre a mudança na rotina do banho da filha mais nova, de 3 anos. Segundo ela, a garota começou a desenvolver, recentemente, um “desprezo absoluto” por banho. Ataques de raiva e surtos aconteciam toda vez que chegava a hora de ela ir para o chuveiro. Então, os pais decidiram reduzir os dias do banho e hoje ele acontece apenas uma vez por semana, “duas, no máximo”.
Tal conta que com a mudança a filha “não está estressada por passar por essa experiência desagradável todas as noites”. Com isso, a família também tem mais tempo para ficar junta, no jantar ou na cama.
“Temos menos pressa em encaixar tudo, especialmente depois de um longo dia no jardim de infância, pois não precisamos levar em consideração o tempo que leva para convencê-la a tomar banho mais o tempo real de lavagem”, diz Tal. “Também não perturbou sua rotina de forma alguma, apesar de meus temores de que isso pudesse acontecer", completa.
A mãe lembra ainda que antes de tomar a decisão conversou com um casal de amigos, que relatou também não dar banho nas crianças todos os dias. “Desde aquela conversa, nós também nos juntamos ao movimento #notwashingeveryday. Descobrimos que poderíamos estar fazendo mais mal do que bem a ela, se você ouvir os especialistas”, diz Tal, apontando estudos que sugerem que muitos banhos podem levar a alergias e ressecamento da pele do bebê, conhecidos como “hipótese da higiene’.
A rotina do banho, porém, pode mudar de uma cultura para a outra, conforme explica o pediatra neonatologista, Luiz Renato Valerio, do Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba. “Em alguns países, como na França, as pessoas tomam banho menos do que no Brasil, mas essa visão de que o banho pode ser algo ruim é muito peculiar desta mãe”, acredita.
Segundo o pediatra, a menina pode ter tido algum momento ruim durante o banho, que a deixou com medo, como água no rosto ou água muito quente, o que explicaria os surtos. “Desde que o ser humano conheceu as qualidades da higiene, o banho nas crianças costuma ser diário, com água de temperatura próxima à corporal (35°C/36°C).”
Em dias frios, e em cidades onde as temperaturas caem muito, a mãe pode optar por pular um dia de banho. “Mas é possível aquecer o ambiente e até deixar a criança com uma peça de roupa no início, lavando primeiro o rosto e o tronco e depois as genitais", orienta.
O médico lembra que não há um horário melhor para o banho; isso vai depender da rotina de cada bebê e família. “As crianças tendem a relaxar com o banho, dormir melhor e a saúde da pele acaba se beneficiando, pois é estimulada e hidratada, se usados os produtos apropriados", diz.
O infectopediatra Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), reforça que a indicação é de banho diário nas crianças. Ele lembra que há algumas doenças de pele que necessitam de maior cuidado na hora da higiene, como dermatites de pele que pioram com o calor, o que pode ser resolvido com banhos mais frios. “Mas não tirar o banho. Não há nenhuma teoria de que dar menos banho melhora a saúde da criança, nem na questão da higiene, nem da sujeira, nem de problemas dermatológicos”, assegura o especialista.
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