A professora de matemática Adrieli Patricia Garcia Barbosa, 30 anos, de Vera Cruz, interior de São Paulo, dona de um coração enorme, tornou-se mãe de uma maneira nada convencional. Ela contou que quando conheceu o marido, Diogo Mascaro Barbosa, 25 anos, ele já era pai e cuidava sozinho de Vinicius, 5 anos, que, na época, era apenas um bebê. "Adotei meu enteado. Hoje, ele leva o 'Garcia', meu sobrenome, na certidão de nascimento e é meu maior orgulho", afirma. Em depoimento à CRESCER, ela contou os detalhes dessa história emocionante.
+ Adoção: "Seu filho já está aí no mundo, só esperando vocês se encontrarem"
"Meu marido e eu nos conhecemos em 2016. Como moramos em uma cidade pequena, já conhecia a família dele. Na época, eu fazia estágio no berçário em que o filho dele estava. Eu tinha 25 anos, meu marido 21 e o Vinicius tinha pouco mais de 5 meses. Na época, fiquei sabendo que a mãe havia o deixado há pouco tempo e sumiu, não voltou mais. Então, meu marido e minha sogra ficaram com ele. Quando o namoro começou, ele tinha 1 ano e 5 meses. Então, nosso namoro sempre envolveu o Vinicius: víamos filmes infantis no cinema, nossos programas incluiam passeios com ele e, quando compramos nossa casa, construímos um quartinho pra ele. Quando chegaram as férias escolares, eu ficava com o Vinicius... e assim assumi a criação do meu enteado.
Até que, em novembro de 2017, nos casamos e resolvemos regularizar essa situação. Foi quando descobrimos a adoção unilateral. Entrei com pedido de adoção e passei por todo o processo: entrevistas com psicólogos, assistentes sociais, visitas na minha casa, relatórios... Finalmente, fui habilitada, entrei com o pedido para adotá-lo e consegui a aprovação na Justiça. Hoje, ele leva o 'Garcia', meu sobrenome, na certidão de nascimento e é meu maior orgulho. Então, adotei meu enteado. Só consta o meu nome como mãe biológica. Sobre a mãe dele, não temos contato com ela. Ela nunca foi presente, nunca ligou, nem mesmo em datas comemorativas. Eu sempre assumi esse papel. Tanto afetivamente, psicologicamente quanto financeiramente.
Hoje, Vinicius tem 5 anos, e foi diagnosticado com autismo aos 4. Até mesmo por isso, meu marido e eu ainda não tivemos um filho. Pois, metade do meu dia eu trabalho fora e a outra metade me ocupo com as terapias e os cuidados com ele. Ele faz terapia quatro vezes na semana e precisa de toda uma atenção e carinho. Ele demanda tempo e comprometimento. Então, por escolha, hoje, não temos outros filhos.
Sobre a madrastidade, eu falaria para as pessoas entrarem de coração e mente abertos. Nenhuma criança tem culpa dos erros dos adultos. Quando conheci o Diogo, era um pai criando sozinho um bebê e eu tinha noção de que faria parte da vida daquela criança. Até porque ele não o via apenas a cada 15 dias, eles conviviam todo o tempo. Então, tive que assumir a responsabilidade de mãe e, claro, o carinho, a amizade, o afeto e o amor. Sempre falo que o instinto materno é impressionante. Vinicius tem meu jeito, ele fala como eu falo, ele lembra a minha família, meus pais são os melhores avós do mundo, meus irmãos são tios maravilhosos e minha família ama ele incondicionalmente, tanto quanto eu. Ele não foi aceito só por mim, mas por todo o círculo familiar e social. Ele dorme na minha mãe, almoça lá, vai para a casa do meu pai, passeiam juntos... é uma relação de acolhimento e a criança precisa se sentir amada e segura, no lugar onde estiver. E isso é fundamental."
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