A maternidade pode bater na porta das mulheres de formas diferentes. Foi o que aconteceu com a norte-americana Sarah Fields, que é de Tennessee (EUA). Ela conta que nunca teve o desejo de ser mãe, no entanto, a vida a surpreendeu e colocou em seu caminho dois meninos, que estavam em busca de um lar. Diante dessa situação, ela encarou o desafio e decidiu aumentar sua família.
Em um depoimento emocionante ao Love What Matters, Sarah conta que quando era mais jovem não se envolvia em assuntos sobre filhos. "Ficava sentada sem opinar e com a boca ligeiramente aberta, apenas confusa em como as meninas podiam sonhar dessa maneira", ela lembra. A norte-americana sonhava em se casar e ter uma casa cercada por amigos, porém, sem crianças. "Minha mãe me perguntou uma vez, quando eu tinha 17 anos, 'por que eu não queria filhos'. Minha resposta? 'Eu não tenho desejo'. Não consigo imaginar um mundo onde eu seja responsável por outra pessoa. Não consigo descrever um cenário em que abriria mão de boa vontade da minha autonomia para ser tudo por uma criança. Sua réplica? "Você vai mudar de ideia um dia" E como as mães normalmente fazem, ela estava certa", relata Sarah.
Em 2016, a norte-americana conheceu sua atual esposa, Heather, e seis meses depois as duas se casaram em uma cerimônia privada. No início de sua vida conjugal, elas viajaram muito, quase que mensalmente, assim como Sarah sempre sonhou. No entanto, em 2019, ela começou a se sensibilizar com história de crianças órfãs, que viviam em orfanatos. "Eu sentava no banco do passageiro enquanto Heather (sempre) dirigia para nossa próxima aventura, tudo enquanto eu acompanhava a próxima história de um menino que precisava de alguém como eu para intervir".
Em abril de 2019, Sarah e Heather decidiram entrar na lista que preparam mães e pais para a adoção. "Tomei muitas notas. Fizemos o dever de casa. Levantei minha mão para responder a todas as perguntas que nosso treinador fez. Passei os intervalos das aulas me conectando com outros pais e fazendo todas as perguntas que surgiram em meu cérebro. Muita papelada e, alguns meses depois, fomos oficialmente certificadas". afirma a norte-americana. As duas queriam adotar jovens entre 13 a 17 anos, porém, no meio do caminho, os planos mudaram.
Logo depois do curso, Sarah recebeu uma ligação e soube que dois irmãos, de 17 meses e 3 anos, estavam precisando de um lar. "Um milhão de pensamentos passaram pela minha cabeça: Não temos berço. Quanto custa uma cadeirinha? Onde está Heather? Por que estou sozinha em casa? Não era isso que eu queria. Eu nunca quis crianças pequenas. Isso é loucura. Eu não posso fazer isso. O que eu estou fazendo? Por que estou pensando em dizer sim? Fraldas?! Como você alimenta uma criança? Eu preciso ligar para minha mãe. Eu preciso falar com Heather. E antes que eu percebesse, minha boca estava falando antes que meu cérebro tivesse tempo de entender", relembra.
Mesmo com medo, a resposta de Sarah foi sim! Três dias depois, as crianças chegaram à casa dela. "Fui até o carro sabendo a cada passo que estava deixando para trás minha antiga vida e que nunca mais seria a mesma depois de abrir a porta do carro. Eu não sabia exatamente como, mas sabia que esses dois minúsculos humanos iriam mudar tudo na minha vida", conta a mãe. "Algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto eu os sentava, eu sabia que esses eram meus filhos".
No início, as mães tiveram dificuldades na adaptação. "Todas as experiências, desde a hora do banho, a hora de dormir, a passeios de carro e os ruídos em nossa casa, eram estranhas e aterrorizantes", diz Sarah, que acrescenta que chorou algumas vezes.
Aos poucos, os pequenos foram se acostumando com a nova casa. Em fevereiro de 2020, as mães começaram o processo para adotar seus filhos oficialmente. "Nos últimos 17 meses, todos que encontramos - médicos, terapeutas, assistentes sociais, familiares e amigos - estão todos de acordo sobre a sorte de nossos meninos por ter Heather e eu. Sorte. Abençoado. Privilegiado. Essas são as palavras que eles usam para descrever nossos filhos. O que as pessoas não conseguem entender é que eles não são os sortudos. Nossos filhos são apenas crianças que, como todas as outras crianças presas em um orfanato, enfrentaram circunstâncias incrivelmente incontroláveis, e quão sortudas somos por ter sido confiadas a elas. Elas valem a pena!", pontua.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/10/mae-que-nao-queria-ter-filhos-relata-como-adotou-dois-meninos-eu-sabia-que-eles-eram-meus.html