Os testes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de ciências da natureza e ciências humanas para estudantes do 9º ano e a avaliação da alfabetização do 2º ano do ensino fundamental serão feitos por amostragem, e não de forma universal como ocorria até 2016, a partir deste ano. Nesta quinta (2), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, apresentou a mudança com a justificativa de que seria necessário cortar gastos.
O orçamento previsto para avaliar 7 milhões de crianças é de R$ 500 milhões. Os testes do Saeb são aplicados obrigatoriamente em todas as escolas públicas e de forma opcional nas privadas com o objetivo de medir o aprendizado dos alunos em competências essenciais. A partir da análise dos resultados do exame, o governo busca identificar fatores que interfiram no desempenho dos estudantes e criar políticas públicas eficientes para a educação.
O Saeb chegou a ser suspenso pelo ex-ministro da Educação Ricardo Vélez Rodriguez, mas, após críticas de educadores, o ministério recuou e a prova foi mantida. Para Quezia Bombonatto, conselheira da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), o Saeb é uma avaliação valiosa para medir a qualidade do ensino e o sistema por amostragem está longe do ideal quando se trata de alfabetização. “Nessa faixa etária, as crianças tem uma variação de desenvolvimento cognitivo e neurológico grande. Ao analisar os testes de apenas uma amostragem, você corre um risco considerável de não chegar a um resultado representativo da realidade por trabalhar com dados muito diversificados”, explica.
Ela ressalta também que para que não aconteçam fraudes no sistema seria necessário fiscalização ou uma ferramenta digital que fizesse o sorteio aleatório dos alunos que farão o teste. “Infelizmente, no Brasil, já tivemos casos de escolas que inflaram os resultados em outras avaliações nacionais colocando apenas os alunos de melhor resultado acadêmico para fazer os testes. Se apenas uma amostragem será avaliada, é necessário tomar precauções para que ela seja verdadeiramente aleatória”, afirma.
Outra mudança no Saeb é a antecipação da avaliação de alfabetização que passa a ser realizada no 2º ano do ensino fundamental ao invés do 3º. De acordo com Quezia, a alteração é positiva. “Conseguiremos identificar o que está errado com a alfabetização logo no princípio e será possível uma intervenção mais precoce”, diz.
As avaliações serão aplicadas entre 21 de outubro e 1° de novembro em todas as unidades da federação, por meio de questionários que serão enviados a secretarias estaduais e municipais; diretores, professores e alunos das escolas; profissionais que acompanham estudantes da educação especial. Professores e diretores de creches e da pré-escola também serão avaliados pelo Saeb através de um questionário eletrônico. Os resultados estarão disponíveis até dezembro de 2020.
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