O contato pele a pele com os bebês tem consequências imediatas sobre a saúde. E não é de hoje que pais e pediatras sabem disso. Nos anos 80, o médico Edgar Rey Sanabria, do Instituto Materno Infantil de Bogotá (Colômbia), incentivou as mães dos prematuros internados ali a segurar os bebês no colo, pele a pele, para mantê-los aquecidos e facilitar a amamentação. Deu tão certo que o método canguru, como ficou conhecido, foi exportado para o mundo desde então. “Esse contato promove o ganho de peso, reduz infecções e favorece o controle da temperatura. Os recém-nascidos ficam menos tempo tanto na incubadora quanto na UTI neonatal”, conta o pediatra Thomaz Bittencourt Couto, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).
A publicitária Juliana Fernandes, 34, mãe de Lorena, 2, e José Eduardo, 7 meses, recomenda. Ela, que nunca tinha ouvido falar no método, praticou canguru com o caçula no hospital. “A minha gravidez foi tranquila e meu filho nasceu a termo, com peso e Apgar normais. Mas algumas horas depois do parto, já no quarto, a enfermeira observou que a temperatura dele estava abaixo do normal. Então, pediu para eu segurá-lo dessa forma. Cerca de duas horas depois, já estava tudo bem”, lembra.
Outro benefício quase instantâneo do toque diz respeito ao alívio da dor. Quando sentimos dor na barriga, colocamos a mão sobre ela, certo? “O estímulo tátil chega ao cérebro mais rápido do que o doloroso, por isso, prestamos menos atenção ao que incomoda. É como se o estivéssemos enganando”, diz a neuropediatra Ana Carolina Coan, professora do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Além de “distrair” o cérebro, pesquisas mostram que o toque também acalma.
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Uma delas, feita em parceria pelas Universidades de Oxford e Liverpool John Moores (ambas na Inglaterra), mostrou que uma carícia dos pais antes de exames de sangue pode diminuir a dor. Para chegar a essa conclusão, os cientistas observaram o cérebro de bebês com ajuda de eletroencefalogramas antes e após as intervenções. No grupo das crianças que receberam o carinho pouco antes do exame, a área do cérebro relacionada à dor foi menos ativada após o procedimento. “O toque parece ter um potencial analgésico sem o risco dos efeitos colaterais”, afirmou uma das autoras do estudo, Rebeccah Slater, professora de pediatria da Universidade de Oxford.
Da mesma forma que o cérebro do seu filho aprende a se proteger de uma panela quente, por exemplo, a memória do quanto um abraço após uma queda o fez se sentir bem também será levada para a vida toda. Nesse caso, de acordo com a neuropediatra Ana Carolina, da Unicamp, o estímulo tátil é mais abrangente. “Ele se transforma em afeto”, resume.
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