Quanto mais converso com as mães, mais percebo a necessidade que boa parte delas tem de controlar tudo: comportamentos, reações, sentimentos, tarefas, sono, alimentação. O controle é colocado ao posto de uma ferramenta unânime para que os filhos não se percam. Mas até que ponto esse controle traz, de fato, benefícios? Como mães temos sim uma grande responsabilidade e sabemos disso, mas meu convite é que você troque o verbo “controlar” pelo “guiar”, “orientar”. E acredite: fala aqui uma mãe que sempre foi controladora, que sempre teve listas a cumprir (e ainda tem) e que achou sempre que tudo tinha que ser do seu jeito, no seu tempo. Até o dia em que percebeu o tamanho da energia que gastava com isso tudo. Aliás, já parou para pensar em quanta energia você gasta tentando controlar tudo o que diz respeito aos seus filhos?
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Quando essa “ficha caiu” em mim, comecei a delegar mais, a conversar mais e a me restringir a “apenas” guiar meus filhos. E é essa a minha sugestão para você, mãe exausta, e muitas vezes fracassada ao não ter as expectativas maternas correspondidas. Delegue as tarefas que podem ser feitas por eles e simplesmente deixe que façam como sabem. Acredite: isso será um baita aprendizado, tanto para você quanto para eles.
Vale também ficar atenta àquele controle que não é tão aparente assim: o de
decidir o que nossos filhos sentem ou querem. Cansei de ouvir pais dizendo que
“criança não tem querer”, mas o que eles esquecem é que criança tem querer sim. E não há nada de errado com isso. Faz parte do desenvolvimento, da formação daquele indivíduo. Não estou dizendo que você deve atender sempre ao pedido do filho, mas sim que é importante entender seu filho. E isso não te torna menos mãe ou menos pai. Significa também respeito ao seu filho, e os aproxima para uma aula de empatia e conexão.
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Sabe aquele picolé ou a pipoca que ele sempre pede na porta da escola, bem na hora do almoço? E que te deixa irritada porque, afinal, é hora de almoçar e não de comer “besteira”? Em vez de repreendê-la, mostre que você se importa com aquele pedido. Muitas vezes na porta da escola a Bia me pede o tal picolé e eu digo que não porque vamos almoçar, mas digo que também tenho vontade. E continuamos o papo com coisas como “eu ia querer de chocolate! E você?” E ela responde “de morango.” E sonhamos juntas com nossos picolés. Muitas vezes a criança quer validação, conexão, sentir que a entendemos, mas nós estamos preocupadas em calar o querer, o sentir e até a reação deles. E nessa batalha, ninguém sai ganhando. Em vez de dizer o que seus filhos devem querer, embarque com ele nos sonhos e desejos, mostrando que é saudável senti-los, mesmo quando a resposta para eles não é a aquela que gostaríamos que fosse.
Julyana Mendes, engenheira-civil e mãe de Pedro Henrique, 24, Luís Felipe, 15, João Eduardo, 12, Maria Eduarda, 10, Maria Carolina, 10, Maria Fernanda, 10, e Maria Beatriz, 3. Autora do perfil Mãe de Sete, no Instagram, onde compartilha sua rotina como mulher, profissional e mãe de muitos.
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