Monday, May 6, 2019

"Estávamos no parquinho quando a primeira sirene disparou. Havia mísseis por perto", relata brasileira que mora em Israel

Adrianna com o marido, Lazaro, e os dois filhos (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Os estrondos não são novidade para a brasileira Adrianna Caspari Setton, 32, que há quatro anos vive na cidade de Ashkelon, a 15 km de Gaza. Os “bums”, como ela chama,  são resultado dos treinamentos do exército de Israel ou barulhos comuns vindos da própria fronteira. No último sábado (4), no entanto, no último confronto entre palestinos e israelenses, houve o disparo de sirenes, o que significa que  misseis estavam sendo disparados em locais muito próximos. Adrianna, estava com o filho mais novo, Arieh, de 1 ano e seis meses no parquinho, enquanto o mais velho, Gabriel, 5, fazia companhia para o pai na sinagoga.

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Em entrevista à CRESCER, Adrianna contou que o sábado, chamado de Shabat pelos judeus, é um dia de descanso, então é muito comum encontrar crianças com suas mães brincando nos parquinhos. “E foi o que fizemos esse sábado. Perto das 10 horas da manhã desci para aproveitar o bonito de sol. Não tinha porque ficar em casa. Lá as mães se conhecem e os filhos brincam livremente, com muita segurança. Posso até deixar o mais velho brincando, enquanto o obserevo pela janela. Só que neste dia, do nada, começou a soar uma sirene muito, mas muito alta mesmo. E nós tínhamos apenas 30 segundos para correr para um local seguro. Só que no desespero, a única coisa que conseguimos fazer foi tirar as crianças a força do balanço e ficar embaixo do escorregador”, conta Adrianna, em entrevista à CRESCER.

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Adrianna e o marido passeiam com as crianças pela cidade: "Aqui temos educação pública e saúde de primeiro mundo para nossos filhos", diz ela. (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Antes mesmo que as mães pensassem em retornar para seus prédios (Adrianna mora no terceiro e último andar), outras duas sirenes disparam. Elas então saem correndo de volta para seus apartamentos. A brasileira já sabia que se não houvesse como ir para um local seguro a tempo, o melhor a fazer é deitar no chão, cobrindo a criança para protege-la. “Mas na hora simplesmente não deu para raciocinar. Vi o míssil. E o barulho era  muito diferente do barulho de um tanque. Eles estremeciam toda a cidade”, lembra. Na correria, o menino deixou cair um tênis novinho que acabara de ganhar de presente. Ao chegar no prédio, Adrianna se deu conta e fez questão de voltar para buscar, porém as sirenes continuavam a disparar. Ela então teve a ideia de levar o caçula à sinagoga junto ao pai e irmão para poder retornar ao parquinho e resgatar o calçado. Foi o que fez, enquanto o pai ficava com as crianças. “Todo sábado tem aulas para as crianças, mas nesse dia não teve. E quando uma nova sirene ecoou, Gabriel se dispersou do pai. Ele foi com outras crianças para um Bunker [espécie de refúgio subterrâneo feito de pedras e concreto]. Isso eu só descobri depois, ao conversar com Lázaro, meu marido.”

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Tensão e até banhos e trocas de fralda interrompidas
As sirenes continuaram disparando ao longo da tarde, mas, assim como todas as famílias, a de Adrianna tentou seguir com o máximo de calma possível. “Almoçamos, dormimos e no fim tarde novamente as sirenes. Foi quando resolvemos ficar unidos no apartamento da minha sogra, que fica no segundo andar de um prédio com muitos outros andares, e poderia ser mais fácil as nossas saídas, caso as sirenes continuassem disparando.” É recomendado evitar ficar próximo às janelas, que podem estourar e atingir alguém caso sejam atingidas por estilhaços de um míssil.
As escadas dos prédios são o local mais seguro nesse momento. As sirenes seguiram pela madrugada e todos precisavam ir para as escadas de pijamas, no meio da noite. “Foi uma noite infernal, estávamos muito cansados do estado de alerta com tantas sirenes”.
No domingo (05) o exército impôs comando de segurança e as crianças não tiveram aula. Já de volta à casa, Adrianna prepara a janta, todos comem. É hora de trocar o filho mais novo, que fez cocô. Não dá tempo de limpar o menino. Outra sirene dispara e é preciso se abrigar. Na hora do banho do mais velho, a cena se repete. No banho dela também, mas dessa vez, ela prefere ficar abaixada dentro do banheiro mesmo.

A família mora muito próximo a uma das praias mais bonitas da região e costuma curtir bastante o local com os filhos (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Enfim é anunciado o cessar fogo. A cidade volta “ao normal”. E na próxima terça-feira (07) Gabriel e seus amigos poderão retornar à escola. Adrianna conta, muito confiante, que essa foi a primeira vez que passou por isso. Ela garante que morar em Ashkelon é muito mais seguro do que no Brasil. “Lá meus filhos podem brincar na porta da sinagoga sem medo que alguém os leve embora ou que o celular seja roubado. O mais velho estuda numa ótima escola público e a saúde é de primeiro mundo. Ao pesar tudo isso, sigo com a escolha de viver aqui em Israel. Considera aqui muito mais seguro e temos uma qualidade de vida que no Brasil só conseguiríamos pagando muito caro”, diz.
Questionada sobre o estado de alerta provocado pelas intensas sirenes e que, segundo ela mesma, fizeram o filho mais velho ficar tão rápido quanto o corredor olímpico Usain Bolt, Adrianna diz que não troca Israel pelo Brasil: “Moro numa cidade com uma praia belíssima, temos o que buscamos. Gostamos daqui e não nos mudaremos.”



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Historias/noticia/2019/05/estavamos-no-parquinho-quando-primeira-sirene-disparou-havia-misseis-por-perto-relata-brasileira-que-mora-em-israel.html

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