Friday, October 8, 2021

"O impacto será grande", diz infectologista sobre efeito da primeira vacina aprovada contra malária, na África

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A Organização Mundial da Saúde endossou nesta quarta-feira (6), a primeira vacina para prevenir a malária, que está entre as doenças infecciosas mais antigas e mortais. Ele mata cerca de 500 mil pessoas a cada ano na África Subsaariana — entre elas, 260 mil crianças menores de 5 anos.

O infectologista e pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que a vacina não deve servir para o Brasil, mas deve ser motivo de comemoração, pois salvará milhares de vidas por ano. "Nosso país já viveu momentos difíceis com a malária, mas, hoje, a doença está bem controlada aqui. Então, a vacina não serve para nós. Mas, depois de décadas, sai, finalmente, a primeira aprovação de uma vacina inativada, feita de base proteica, contra um tipo de malária que não é a mais comum no Brasil — aqui, é a do tipo 'vivax' — mas que é um problema no mundo todo, principalmente lá, na África", disse. 

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Segundo ele, o estudo foi realizado em diversos países na África e como mais da metade das mortes são de crianças, elas também foram testadas. "Elas vão receber um esquema com três doses. A eficácia da vacina está em torno de 30 a 40%. Parece baixa, mas se reduzirmos de 30 a 40% das mortes, são muitas pessoas que serão salvas. Então, o impacto será grande, apesar de a eficácia não ser tão alta", avaliou. "Os dados de segurança são muito bons: os efeitos colaterais foram leves, então, esperamos que, em breve, alguns países consigam inserir a vacina em seus calendários, já que são países pobres", completou.

Vacina contra malária deve salvar milhares de vidas (Foto: Reprodução/The New York Times)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A nova vacina

 

Chamada Mosquirix, a nova vacina é administrada em três doses entre as idades de 5 e 17 meses, e uma quarta dose aproximadamente 18 meses depois. Após os testes clínicos, a vacina foi testada em três países — Quênia, Malaui e Gana — onde foi incorporada aos programas de vacinação de rotina. Mais de 2,3 milhões de doses foram administradas nesses países, atingindo mais de 800 mil crianças. Fabricada pela GlaxoSmithKline, ela estimula o sistema imunológico de uma criança a impedir o Plasmodium falciparum — o mais mortal dos cinco patógenos da malária e o mais prevalente na África. A vacina não é apenas a primeira para a malária, é a primeira a ser desenvolvida para qualquer doença parasitária. 

Segundo o The New York Times, um estudo de modelagem no ano passado estimou que se a vacina fosse lançada em países com a maior incidência de malária, poderia prevenir 5,4 milhões de casos e 23 mil mortes em crianças menores de 5 anos a cada ano. E um teste recente da vacina, em combinação com drogas preventivas administradas em crianças durante temporadas de alta transmissão, descobriu que a abordagem dupla era muito mais eficaz na prevenção de doenças graves, hospitalização e morte do que qualquer um dos métodos isoladamente.

Ter uma vacina contra a malária que seja segura, moderadamente eficaz e pronta para distribuição é “um acontecimento histórico”, disse Pedro Alonso, diretor do programa global da OMS contra a malária. Parasitas são muito mais complexos do que vírus ou bactérias, e a busca por uma vacina contra a malária está em andamento há cem anos. “É um grande salto da perspectiva da ciência ter uma vacina de primeira geração contra um parasita humano”, acrescentou.

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Combatendo a malária 

O parasita da malária é um inimigo particularmente insidioso, porque pode atingir a mesma pessoa repetidamente. Em muitas partes da África Subsaariana, mesmo aquelas onde a maioria das pessoas dorme protegida por mosquiteiros tratados com inseticida, as crianças têm em média seis episódios de malária por ano. Mesmo quando a doença não é fatal, os ataques repetidos a seus corpos podem deixá-las fracas e vulneráveis ​​a outros patógenos, alterando permanentemente o sistema imunológico.

A pesquisa da malária está repleta de vacinas candidatas que nunca passaram por testes clínicos. Os mosquiteiros, a medida preventiva mais difundida, reduzem as mortes por malária em crianças menores de 5 anos em apenas cerca de 20%. Nesse contexto, a nova vacina, mesmo com eficácia modesta, é o melhor desenvolvimento no combate à doença em décadas, disseram alguns especialistas. “O progresso contra a malária realmente estagnou nos últimos cinco ou seis anos, particularmente em alguns dos países mais atingidos do mundo”, disse Ashley Birkett, que dirige os programas de malária no PATH, uma organização sem fins lucrativos focada na saúde global. Com a nova vacina, “há potencial para um impacto muito significativo”, disse Birkett.

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Próximos passos

Esta semana, um grupo de trabalho de especialistas independentes em malária, epidemiologia e estatísticas de saúde infantil, bem como o grupo consultivo de vacinas da OMS, se reuniram para revisar os dados dos programas-piloto e fazer sua recomendação formal ao Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. A próxima etapa é a Gavi, a aliança global de vacinas, determinar se a vacina é um investimento que vale a pena. Se a diretoria da entidade aprovar a vacina — não garantida, dada a eficácia moderada da vacina e as muitas prioridades concorrentes —, a Gavi comprará a vacina para os países que a solicitarem, processo que deve durar pelo menos um ano.

Mas, como acontece com a covid-19, os problemas com a produção e o fornecimento de vacinas podem atrasar consideravelmente o progresso. E a pandemia também desviou recursos e atenção de outras doenças, disse Deepali Patel, que lidera os programas de vacinas contra a malária em Gavi. “A covid é uma grande incógnita em termos de onde a capacidade está atualmente nos países, e lançar as vacinas da covid-19 é um grande esforço”, disse Patel. “Nós realmente teremos que ver como a pandemia se desdobrará no próximo ano em termos de quando os países estarão prontos para pegar todas essas outras prioridades”, finalizou.

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2021/10/o-impacto-sera-grande-diz-infectologista-sobre-efeito-da-primeira-vacina-aprovada-contra-malaria-na-africa.html

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