Um estudo brasileiro, liderado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), sugere que a cesárea, quando feita sem indicação médica, pode estar associada a um maior risco de mortalidade na infância (ou seja, até os cinco anos de idade). Por outro lado, o procedimento pode melhorar as chances sobrevivência da criança quando há indicação.
A descoberta, publicada pela revista científica PLOS Medicine na última terça-feira (12), utilizou dados do Ministério da Saúde sobre mais de 17 milhões de nascimentos ocorridos no Brasil entre 2012 e 2018. Os dados foram divididos em 10 categorias: nos grupos de 1 a 4, foram colocadas as cesáreas “não indicadas”, no grupo 5, as mães que já tinham passado por um parto cesariano antes e, nos grupos 6 a 10, partos com indicação para cesariana.
Os pesquisadores descobriram que, nos grupos de 1 a 4, o procedimento cirúrgico foi associado a um aumento de 25% na taxa de mortalidade na infância, em comparação com os nascidos por parto vaginal. No grupo 5, não houve diferença na mortalidade infantil entre aqueles nascidos por via cesariana ou parto natural. Já nos grupos de 6 a 10, o risco de morte pelo procedimento cirúrgico foi reduzido em comparação com o parto normal.
A epidemiologista e líder da pesquisa, Enny Paixão, alerta que o Brasil tem uma das taxas mais altas do mundo (56%) de realização de cesáreas, bem acima dos 15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Na rede privada, essa taxa atinge a marca de quase nove entre dez partos (89%)", disse.
“É necessário que sejam realizadas novas investigações na área considerando os ambientes de baixa e média renda para confirmar os resultados. Se confirmada, as intervenções dirigidas às grávidas, profissionais de saúde e sistemas de saúde do Brasil devem ser reforçadas pelas políticas públicas de Saúde para reduzir as taxas de parto cesáreo não indicado e assim os riscos de mortalidade em bebês”, recomendou a pesquisadora.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/noticia/2021/10/estudo-associa-cesarea-sem-indicacao-maior-mortalidade-infantil.html