Thursday, September 2, 2021

Mineiro que cresceu em projeto apoiado pelo Criança Esperança compartilha conhecimento sobre robótica com meninas em situação de vulnerabilidade social

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O Criança Esperança, campanha promovida pela Rede Globo em parceria com a UNESCO, trouxe, em 2021, o lema “Educação é a nossa esperança”. Ao longo dos anos, a iniciativa ajudou milhares de crianças e adolescentes, e hoje muitos desses jovens compartilham o que aprenderam com outras crianças, como é o caso de Geisibel Castro, 30. O mineiro de Belo Horizonte virou professor na Instituição Ramacrisna, a mesma da qual fez parte em 1997. 

Em entrevista exclusiva à CRESCER, ele relembrou sua história:

“Eu conheci a Instituição Ramacrisna em 1997, quando meus pais se separaram. Morávamos em Belo Horizonte, Minas Gerais, e logo tivemos que mudar para Betim, justamente nos arredores da Instituição. No mesmo dia que nos mudamos, meu vizinho já comentou sobre o projeto e contou que era um espaço onde podiam jogar bola e ter acesso a computadores. No dia seguinte, eu fui conhecer e foi muito bom, pois estava chateado com a separação dos meus pais, e o projeto ajudou a distrair. Na época, minha mãe passou dificuldade, pois tinha que criar os filhos sozinha e ainda viajar para Belo Horizonte todos os dias para trabalhar. Então, quando não estávamos na escola, ficávamos no Instituto.

Geisibel Castro é professor no Instituto Ramacrisna (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Hoje, eu não imagino como seria minha vida se eu não tivesse passado pelo Instituto. Naquela época, tudo ligado a computação era muito caro, e ali tive meu primeiro contato com um Windows 95. Eu me identifiquei com informática desde o primeiro segundo. Me apaixonei pelos computadores que, para mim, eram 'algo de outro mundo'. Eu me divertia muito. Tinha uma brinquedoteca chamada 'Oficina do Brincar', que foi feita em parceria com o Criança Esperança. Era um espaço para que os alunos pudessem ouvir histórias, brincar com os colegas e interagir entre si. Foi daí que surgiu uma oficina muito legal que incentivava os alunos a criarem seus próprios brinquedos, seja de madeira ou reciclável.

Tenho muitas boas lembranças dessa época, mas, depois de um tempo, só queria fazer a oficina de informática. Poder pegar em um objeto [o mouse] e fazer com que uma setinha se mexesse do outro lado da tela, parecia mágica. Comecei com o básico e dez anos depois, tive a oportunidade de trabalhar na área. Quando surgiu o menor aprendiz, em 2007, decidi me inscrever. Foi através dele que fui contratado pelo próprio Instituto. Quando recebi o convite para trabalhar no setor do TI, foi muito forte. Eu corri para casa, ansioso pela hora em que minha mãe chegasse logo do trabalho. Fiquei tão animado que não conseguia nem dormir. Eu tinha 14 anos e foi uma oportunidade gigantesca. Comecei como ajudante de TI, aprendi muita coisa na área de tecnologia e manutenção. Passei por outros setores como financeiro, RH e exerci outras funções ao longo dos anos, mas no final, eu gostava mesmo da área de TI.

Nessa jornada no setor de tecnologia, principalmente como professor, percebíamos que havia uma maior quantidade de meninos. Chegamos a ter uma menina em uma sala de 16 alunos. Às vezes, elas se matriculavam e depois desistiam por se sentirem deslocadas. Tentamos incentivar a participação delas no 'boca a boca' até que decidimos criar parcerias com escolas para que o convite fosse mais direto e intenso. E deu certo! Hoje, temos uma demanda maior de meninas do que de meninos.

A Ramacrisna tem foco na educação em STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática), preparar as meninas para os desafios da era tecnológica em uma área predominantemente masculina, desenvolver ações de socialização (Foto: Arquivo Pessoal)

 

O projeto Meninas em Rede, voltado para jovens em situação de vulnerabilidade social das comunidades rurais atendidas pelo Instituto, visa aproximar este público. Ele surgiu para que elas se sentissem mais à vontade e empoderadas. Nosso intuito é mostrar como elas são especiais e importantes para este mercado, que não deveria ser predominante masculino. Oferecemos mais liberdade para que elas desenvolvam seus projetos sem se sentirem diminuídas ou desmerecidas. O Criança Esperança foi um divisor de águas neste sentido. Idealizamos este projeto com dificuldade, afinal, os equipamentos são caros. Usamos computadores, impressora 3D, óculos de realidade virtual aumentada e sem este apoio não conseguiríamos tocar este projeto. Ele teria ficado no papel". 

Se você quiser ajudar o Criança Esperança, ligue: 

Para doar R$ 7 – 0500 2021 007
Para doar R$ 20 – 0500 2021 020
Para dias R$ 40 - 0500 2021 040

Pode doar o ano todo pelo site www.criancaesperanca.com.br e, agora, também o Pix esperanca@unesco.org



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/09/mineiro-que-cresceu-em-projeto-apoiado-pelo-crianca-esperanca-compartilha-conhecimento-sobre-robotica-com-meninas-em-situacao-de-vulnerabilidade-social.html

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