Cerca de 50 entidades e organizações de saúde se uniram para criar a Aliança Nacional para o Parto Seguro e Respeitoso, segundo informações do portal Agência Brasil. A união surgiu em prol do “atendimento adequado às gestantes e aos neonatos”, a fim de que se reduza a mortalidade materna no Brasil.
A iniciativa atende às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que escolheu “Cuidado materno e neonatal seguro” como tema deste ano para o Dia Mundial da Segurança do Paciente, comemorado hoje (17).
A Aliança divulgará uma carta-compromisso no dia 22 com medidas para reduzir a mortalidade materna e neonatal. A intenção é engajar também autoridades dos poderes Executivo e Legislativo nessa luta, para que as medidas sejam colocadas em prática nos estados e municípios. A meta fixada pelo Brasil na OMS é de 30 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos até 2030. Em 2018, o número de óbitos de mães atingiu 59,1 por 100 mil nascidos vivos.
“A mortalidade materna, em particular, é um gravíssimo problema de saúde pública”, ressaltou, em entrevista à Agência Brasil, Victor Grabois, presidente da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp), uma das entidades que coordenam a iniciativa. Para ele, esse é um problema importante no mundo, mas a maior parte dos entraves está nos chamados países em desenvolvimento e de baixa renda.
De acordo com dados da OMS, no mundo, todos os dias, 830 mulheres morrem por causas evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto e, anualmente, 2,5 milhões de bebês morrem logo após nascer.
Ainda segundo Grabois, boa parte dessas mortes é evitável. Isso porque são mortes por eclâmpsia, por pressão elevada, por infecção, por hemorragia pós-parto – que são previníveis. Esses tipos de complicações correspondem a mais de 70% das mortes maternas. “Toda morte materna é um evento sentinela, demanda uma investigação específica e, o que é mais grave, uma boa parte, de fato, é evitável”, afirma Grabois.
Com a pandemia da covid-19, o quadro ficou ainda mais crítico. “Se a gente comparar 2021 com 2020, em relação às mortes maternas por covid-19, que incluem gestantes e puérperas, tivemos uma elevação de quase quatro vezes o número de óbitos maternos em cada semana epidemiológica”, exlica Grabois.
Um levantamento feito pelo Observatório Obstétrico Brasileiro (OOB) mostra que a média, em 2020, foi de dez mortes maternas por covid-19 por 100 mil nascidos vivos em cada semana epidemiológica. Em 2021, o número subiu de 10 para 38 mortes maternas. Ainda segundo o OOB, uma em cada cinco mortes maternas pela doença ocorreu fora de uma unidade de terapia intensiva.
Essa situação pode ser evitada com atendimento adequado a gestantes e neonatos. Com alguma melhoria na qualidade da atenção ao pré-natal, ao parto e ao puerpério, o Brasil conseguiu reduzir a RMM em 8,4% de 2017 para 2018, lembrou Grabois, que recomendou avanço nesse campo.
A campanha, difundida ao longo do mês de setembro pelas entidades que participam da Aliança Nacional para o Parto Seguro e Respeitoso, tem como tema “Aja agora para um parto seguro e respeitoso”, que é o slogan da OMS traduzido para o português. As diretrizes gerais da ação foram elaboradas por um conselho científico e reúnem informações e orientações das diferentes entidades participantes para a segurança de mulheres e bebês.
As principais diretrizes envolvem os temas da equidade, respeito, redes de atenção, parto adequado, prevenção à mortalidade materna, prevenção da prematuridade, letramento, empoderamento e engajamento e participação da família.
Segundo o Ministério da Saúde, 65% dos óbitos maternos ocorridos em 2018 foram de mulheres negras ou pardas. A campanha da Aliança envolve o enfrentamento de desigualdades e do racismo, questões que tornam a ação urgente. Grabois indicou a necessidade de enfrentar, em todos os níveis do sistema de saúde, as barreiras que limitam o acesso a serviços de qualidade, entre as quais a pobreza, a falta de informação e de acesso a serviços de saúde adequados, que impedem que as mulheres recebam cuidados devidos durante a gestação e o parto.
Para lembrar o Dia Mundial da Segurança do Paciente, comemorado hoje (17), diversos monumentos espalhados pelo país vão ser iluminados hoje na cor laranja, dentre eles o Cristo Redentor, o Maracanã, os Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro; o Palácio de Karnac, em Teresina; o Palácio dos Leões, em São Luís; o Elevador Lacerda, em Salvador; e outros mais.
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