A taxa de alteração do índice de massa corporal (IMC) em crianças quase dobrou de março a novembro de 2020, em comparação com a taxa de alteração do IMC antes da pandemia de covid-19, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (16), no relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA sobre morbidade e mortalidade. O IMC é uma medida que usa dados de altura e peso para rastrear mudanças no peso em relação à altura.
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A equipe do CDC usou um banco de dados de registros médicos para comparar as alterações do IMC em mais de 432 mil crianças e adolescentes americanos com idades entre 2 e 19 anos, antes e durante a pandemia. Todas as crianças no estudo experimentaram aumentos significativos em sua taxa de IMC durante a pandemia, exceto as crianças que estavam abaixo do peso, disse o relatório.
Por outro lado, o aumento foi especialmente alto em crianças mais novas e com obesidade. "Crianças em idade pré-escolar e escolar, particularmente aquelas com obesidade, tiveram maiores aumentos de IMC associados à pandemia", escreveu a autora Samantha Lange, epidemiologista do CDC. Em crianças com obesidade, a taxa de mudança foi 5,3 vezes maior durante a pandemia, o que pode levar a um ganho de peso significativo, disse o relatório. Durante os oito meses do período de estudo, as crianças com "obesidade moderada ou grave ganharam, em média, de 0,45 a 0,54 kg por mês, respectivamente", escreveu a equipe do CDC. "Estima-se que o ganho de peso nessa taxa ao longo de 6 meses resulte em 2,8 e 3,5 kg, respectivamente, em comparação com 1,2 kg em uma pessoa com peso saudável", explicou.
Os pesquisadores acreditam que um dos motivos foi o fechamento das creches e escolas de ensino fundamental durante a pandemia, o que reduziu o acesso a opções de alimentos mais saudáveis e programas de exercícios organizados. Segundo o CDC, o estudo é a "maior e primeira análise geograficamente diversa" que analisa o impacto da pandemia no IMC e "a primeira a mostrar resultados por categoria inicial de IMC". As descobertas, observou a equipe do estudo, sugerem a necessidade de "maior acesso aos esforços que promovam comportamentos saudáveis", incluindo a triagem do IMC e esforços federais e estaduais coordenados para "facilitar a alimentação saudável e a atividade física".
Setembro marca o mês de conscientização contra a obesidade infantil - o chamado Setembro Laranja. Mas como é possível, na prática, prevenir e enfrentar esse problema dentro de casa? “Precisamos pensar na obesidade como uma doença sem cura, crônica e que traz uma série de problemas para as crianças. A obesidade traz distúrbio de crescimento, distúrbio do sono, crianças com diabetes muito precocemente e problemas no joelho, por exemplo. Há ainda a questão do bullying, a criança acaba com vergonha de praticar atividades físicas, entra em depressão, se isola...", afirma Eduardo Grecco, gastrocirurgião e endoscopista do Instituto EndoVitta.
Para o especialista, a prevenção precisa ser baseada em três pilares: alimentação saudável, atividade física e o controle da ansiedade. Confira, abaixo, 8 dicas de ouro para ajudar a prevenir a obesidade infantil por meio de hábitos saudáveis para as crianças (e para toda a família):
1) Procure fazer as refeições sem aparelhos eletrônicos ou mesmo TV ligada no ambiente, para que a criança perceba o alimento consumido e saiba identificar o momento em que se encontra saciada, para não consumir além do que o necessário;
2) Inclua legumes, verduras e hortaliças nas refeições. Você pode também envolver as crianças no momento do preparo, para que ela possa interagir com o alimento;
3) Faça da refeição um momento de prazer e alegria em família. O consumo de alimentos saudáveis pelos pais é uma ótima forma de incentivo para a criança;
4) Evite ter em casa alimentos industrializados. Substitua-os por frutas para os lanches da tarde e mesmo na escola;
5) Reduza a quantidade de carboidratos branco e inclua alimentos integrais na dieta -eles aumentam a saciedade da criança;
6) Inclua atividades físicas e brincadeiras ao ar livre na rotina;
7) Incentive o consumo de água em vez de refrigerantes e sucos de caixinha. De preferência, os sucos devem ser de fruta natural e sem adição de açúcar;
8) Cuide da rotina do sono. É importante que a criança tenha horas de sono satisfatórias para uma vida saudável.
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