Uma mulher que ficou em coma após contrair covid-19 na gravidez fez um apelo para que as gestantes se imunizem: “Por favor, tomem a vacina”, disse, enquanto os números mostram que apenas uma em cada dez futuras mães recebeu a vacina no Reino Unido. Segundo Mirror, das gestantes com covid internadas em hospitais, 99% não receberam a vacina, e uma em cada 10 acaba na UTI, afirmou uma pesquisa da Universidade de Oxford.
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O bebê de Lorren Reeves, 26, nasceu em uma cesariana de emergência enquanto ela estava inconsciente. Darcey chegou com 26 semanas e lutou por sua vida, pesando apenas 800 gramas. A mãe também passou por momentos delicados. Apesar de ficar em coma, ela também conseguiu sobreviver. No entanto, ambas ainda estão no hospital, enfrentando problemas de saúde.
Lorren conta que após passar por dois abortos espontâneos em 18 meses, inicialmente optou por não receber a vacina, temendo erroneamente que isso pudesse prejudicar seu bebê quando ela finalmente engravidasse. Seu parceiro, Josh Thomas, 26, também não tomou a vacina, e ele também contraiu o vírus. “Acho 100% que isso não teria acontecido se eu tivesse tomado a vacina. Depois dos dois abortos, eu simplesmente não queria arriscar de forma alguma. Mas, depois de tudo o que passei, indico todas as mulheres grávidas a tomar”, disse.
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“Fomos gravemente atingidos por esse vírus e nossas vidas não serão as mesmas. Se Lorren tivesse tomado a vacina, não estaríamos nesta situação hoje. A vacina é absolutamente crucial para mulheres grávidas e gostaria que pudéssemos voltar no tempo. Nós estivemos no inferno e voltamos”, lamentou Josh.
Josh e Lorren contraíram covid em julho. Mas quando ele se recuperou, ela piorou e foi colocada em coma induzido. “Os médicos me disseram que a principal preocupação era manter Lorren viva. Eu estava pensando que se Lorren sobrevivesse e Darcey não, isso iria nos destruir como uma família”, conta. Após 10 dias, os médicos do Hospital Derriford, em Plymouth, na Inglaterra, realizaram uma cesariana. A bebê, que nasceu com apenas 800 gramas, conseguiu respirar de forma independente, mas depois de algumas horas seu pulmão direito entrou em colapso.
Enquanto isso, Josh manteve uma vigília de 36 horas ao lado da cama da filha e ficou arrasado quando foi informado de que nada mais poderia ser feito por ela. A família chegou a se reunir ao redor dela para se despedir. Mas, incrivelmente, Darcey se recuperou, apesar de uma série de sangramentos cerebrais. Depois de dez dias, ela finalmente conheceu sua mãe quando Lorren foi tirada de coma. “Parecia que minha alma havia tocado meu corpo novamente. Eu tinha uma foto de Lorren no dia anterior à sua entrada em coma. Ela está fazendo um sinal de coração de amor com os dedos e aquela imagem ainda me assombra. Achei que seria a última vez que falaria com ela”, lembra.
Porém, Lorren ainda teve uma série de convulsões. “Tem sido um turbilhão constante. A princípio pensamos que Lorren iria sobreviver e Darcey morreria, então Darcey sobreviveria e Lorren morreria, então os duas morreriam. Mas era como se elas estivessem lutando emocionalmente uma pela outra, para ficarem juntos”, contou o marido.
Tanto a mãe quanta a bebê se estabilizaram nas últimas semanas. Lorren foi diagnosticada com epilepsia e está em uso de medicação de longo prazo. Já Darcey precisará de exames para determinar o impacto dos sangramentos cerebrais. “Às vezes, eu penso: 'Nós desejamos muito um bebê e agora todas essas coisas horríveis aconteceram'”, lamentou.
Segundo Mirror, em meados de abril as gestantes foram informados de que era seguro tomar a vacina. No entanto, os números mostram que apenas 62.311 de uma estimativa de 605.500 receberam a vacina. Apenas 43.737 tomaram ambas as doses. “Mulheres grávidas correm maior risco de complicações da covid e devem tomar a vacina para se proteger e proteger seus bebês contra doenças graves. O governo deve definir uma estratégia clara para incentivá-los a se vacinarem”, disse Ros Bragg, diretor da Maternity Action.
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“Se uma mulher grávida ficar doente com covid no terceiro trimestre, é duas ou três vezes mais provável que seu bebê tenha de nascer prematuramente. Isso pode ter um impacto em sua saúde a longo prazo”, alertou Brooke Vandermolen, co-fundadora do The Birth Collective, que reúne especialistas em maternidade. Pat O'Brien, vice-presidente do Royal College of Obstetricians and Gynecologists, complementou: “Queremos tranquilizar as mulheres de que não há ligação com um aumento do risco de danos ao bebê. A vacina ajudará a proteger a mãe e o bebê dos efeitos potenciais da covid-19”.
No Brasil, por enquanto, as gestantes estão autorizadas a tomar apenas as vacinas do Butantan (Coronavac) e da Pfizer. O uso da vacina da Fiocruz/Astrazeneca para grávidas e puérperas continua suspenso.
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