Raramente crianças e adolescentes apresentam sintomas de covid-19 por mais de 60 dias. Estudos publicados recentemente mostram que, entre os pequenos, a tendência é que os sinais da doença desapareçam logo depois do teste negativo.
Uma revisão feita por pesquisadores australianos e publicada no Pediatric Infectious Disease Journal mostrou que, para a grande maioria das crianças, os sintomas de covid-19 costumam melhorar depois de 4 a 12 semanas.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram 14 estudos internacionais, com mais de 19 mil crianças e adolescentes que relataram sinais a longo prazo da doença. Apesar disso, eles reconhecem que mais estudos precisam ser feitos para reforçar a hipótese.
Segundo Petra Zimmermann, uma das autoras, no caso das crianças, ainda é difícil distinguir os sintomas de covid-19 longa de outros sintomas causados pelos efeitos indiretos da pandemia, como o fechamento das escolas, a distância dos amigos ou a diminuição da frequência de atividade física. "É fundamental que estudos futuros envolvam grupos de controle mais rigorosos, incluindo crianças com outras infecções e crianças internadas ou na UTI por outros motivos [que não só covid-19]", disse.
Outro levantamento, feito pelo Ministério da Saúde de Israel, apontou que, a cada 10 crianças que testam positivo para a covid-19, apenas 1 (uma) continua com sintomas, mesmo depois de ter se recuperado da doença. Participaram da pesquisa 13.834 famílias, com filhos de 3 a 18 anos.
Os resultaram mostraram que 11,2% das crianças tiveram algum tipo de sintoma depois de se recuperarem e testarem negativo para o vírus. Esse número vai diminuindo com o passar do tempo. Depois de seis meses da fase aguda da doença, menos de 5% delas continuam com algum tipo sintoma.
Quanto mais nova a criança, menores as chances de ela desenvolver um quadro longo de covid-19. Na faixa dos 12 aos 18 anos, isso só acontece com 4,6% delas. Para as menores, de 3 a 6 anos, esse número cai para 1,8%.
“Com base nos achados cumulativos em todo o mundo, é evidente que o coronavírus tem efeitos a longo prazo não apenas na população adulta, mas também entre as crianças”, diz o comunicado divulgado pelo governo.
Para o pesquisador Nigel Curtis, autor da revisão australiana, as novas evidências reforçam a importância da vacinação da população pediátrica. "O baixo risco da covid-19 aguda em crianças significa que um dos principais benefícios de vaciná-las é justamente protegê-las da covid longa", diz.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2021/09/casos-de-covid-19-longa-sao-raros-entre-criancas-dizem-estudos.html