Saturday, November 20, 2021

"Um Lugar ao Sol": especialista explica possíveis motivos que podem levar Bárbara a não ter mais filhos

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O capítulo desta sexta-feira (19) da novela Um Lugar ao Sol trará uma cena que deixará muitas mães com o coração partido. Bárbara (Alinne Moraes) precisará passar por uma cesárea de emergência e, infelizmente, seu filho, com Christian/Renato (Cauã Reymond), morrerá no parto. O motivo? Uma infecção que além de causar a morte do bebê também dificultará que a personagem engravide novamente.  

Bárbara fica em choque com morte do filho (Foto: Reprodução/Gshow/Globo )

 

Cuidado, spoilers! 

De acordo com a coluna de Patrícia Kogut, a médica encaminhará Bárbara para uma cesárea de emergência após ouvir os batimentos cardíacos do bebê. Depois de um parto difícil, o bebê nascerá sem vida e a obstetra irá explicar que a protagonista teve uma infecção não detectada na reta final da gestação. Por isso, ela precisará passar por um tratamento para, então, avaliar a possibilidade de uma nova gravidez.

E, infelizmente, as notícias ruins não vão parar por aí! Logo depois, a esposa de Christian/Renato descobrirá que sua infecção deixou uma sequela, isto é, uma inflamação na cavidade do útero, que fará com que suas chances de ter mais filhos diminuam drasticamente — na opinião da médica na novela, "a probabilidade de uma gestação será praticamente nula".

É claro que essa é uma história ficcional, no entanto, isso não significa que uma situação como essa não possa acontecer na vida real. Com o intuito de entender o dilema de Bárbara, a CRESCER conversou com Aline Ambrosio, ginecologista e obstetra, graduada pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) e especialista em Sexualidade Humana pela USP. A médica explicou os principais motivos que podem levar a protagonista da trama das nove a não ter mais filhos biológicos. Confira!

Infecção X Gestação

A novela ainda não deixou claro que tipo de infecção a personagem teve. No entanto, podemos levantar algumas hipóteses e sugerir alguns caminhos. Um tipo de bactéria que pode causar infecção durante a gestação é a Streptococcus . "Todos nós, adultos, temos essa bactéria em nosso trato gastrointestinal. Com a frouxidão da musculatura e o relaxamento muscular, ela pode acabar contaminando a vagina e, nesses casos, a infecção pode ser transmitida para o bebê na hora do parto, caso a gestante não seja tratada com antibiótico com pelo menos quatro horas antes do nascimento do bebê", explica a especialista. Porém, em uma cesárea de emergência, como aconteceu com a personagem, isso é quase impossível! 

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Outra possibilidade são as bactérias que são sexualmente transmissíveis e causam infecções, como clamídia, ureaplasma e tricomoníase. Esse tipo de quadro pode levar à ruptura precoce da bolsa e ao parto prematuro. O problema é que essas bactérias são silenciosas. Pode ser que você se contamine e fique 20 anos com elas sem acontecer nada. No entanto, no caso das gestantes, esses agentes infecciosos podem subir o trato genital da mulher e inflamar o útero e as trompas — local onde ocorre o encontro do óvulo com o espermatozoide, caso haja relação sexual. Outra situação, um pouco mais rara, é no caso de grávidas que não higienizam suas partes íntimas de forma adequada, isso pode fazer com que as bactérias se alojem na vagina e essa situação também pode levar à ruptura da bolsa.

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Por isso, é preciso ficar atento a quadros infecciosos na gestação. A ginecologia Aline Ambrosio explica que quando há uma infecção dentro do útero, ele vai querer expulsar tudo o que está lá dentro. "É como se fosse uma tentativa de jogar essas bactérias para fora, porém, acaba expulsando o bebê antes da hora também. É uma defesa do corpo", afirma a especialista. Além de poder levar a um parto prematuro, a infecção pode ser passada para o bebê, que pode não resistir às complicações.

Após uma infecção, a mulher deve ser tratada com antibióticos na veia para evitar que esse quadro se torne mais grave. Segundo a ginecologista, caso permaneça no aparelho reprodutor, essa infecção pode levar até mesmo à retirada do útero. 

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De acordo com Ambrosio, outra complicação das infecções são as inflamações — como o que ocorreu com a personagem Bárbara. "Quando se há uma infecção, o corpo responde a isso e pode formar cicatrizes dentro da parede do útero", diz a médica. Nesse caso, as paredes uterinas ficam quase que coladas e, assim, não tem como implantar o embrião e, muito menos, desenvolver uma gestação. Outra possibilidade é que ocorra, ainda, uma gestação nas trompas, conhecida como gravidez ectópica. De acordo com a especialista, a infecção também pode gerar cicatrizes internas e isso pode alterar a anatomia habitual das tubas uterinas, que precisam estar livres e flexíveis para poder captar o óvulo novamente.

Quanto ao tratamento, a médica explica que é possível liberar essas cicatrizes com uma endoscopia do útero: "Você entra com o endoscópio e tenta liberar essas aderências e usa hormônio feminino junto. Às vezes consegue recuperar".

Cesáreas de emergência

A médica esclarece que existem motivos fetais e maternos que levam a esse tipo de cirurgia. Em relação ao primeiro, um dos mais comuns é o sofrimento fetal. A partir do batimento cardíaco, é possível perceber se o bebê teve um aumento ou queda da frequência cardíaca. Nesse caso, é provável que o ambiente uterino esteja hostil para a criança. 

De acordo com Aline Ambrosio, a indicação da cesárea também pode ocorrer se os médicos identificarem que o bebê está sentado e tem um risco maior de a cabeça ficar presa num parto vaginal. "Há alguns colegas que fazem algumas manobras de rodar o bebê para fazê-lo nascer de parto normal, mas não são todos os obstetras que fazem essa manobra", diz a ginecologista. Já as indicações maternas estão relacionadas, principalmente, com risco de ruptura do útero e hipertensão de difícil controle, que pode levar à eclâmpsia.

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