O novo Podcast do Fantástico, Prazer, Renata”, comandado por Renata Ceribelli, trouxe a maternidade como pauta do último episódio, lançado na quarta-feira, dia 7 de julho. A jornalista, ao lado Fafá de Belém, da jornalista Andréia Sadi e da escritora Thais Vilarinho (ambas colunistas da CRESCER), falou sobre os medos, os desafios e curiosidades que envolvem o tema.
Há alguns anos, a proposta de desmistificar a romantização de uma maternidade perfeita vem sendo cada vez mais debatida, principalmente nas redes sociais. “As mães das novas gerações defendem a maternidade real. Além de demonstrar a alegria de ser mãe, também querem expor as dificuldades, as dúvidas, as inseguranças e os medos que acompanham a chegada de um novo ser na nossa vida sem serem julgadas por isso, pelo contrário, sendo acolhidas”, introduz Renata logo no início do episódio.
Andréia, que ainda estava grávida quando o Podcast foi gravado, revelou que viveu meses muito apreensivos aguardando a chegada dos gêmeos - além das inseguranças da gestação e as incertezas, ainda tinha o fator pandemia que piorava tudo. Porém, o que realmente chamou a atenção durante a fala de Sadi, foi a história sobre sua chegada “triunfal” no mundo. “Eu nasci no carro. Estourou a bolsa, ela [a mãe] estava tomando banho. Tentou chegar no hospital, mas não deu tempo. Meu pai passou mal e minha mãe teve o parto sozinha no meio da Nove de Julho. Quando ela chegou no hospital, o médico falou ‘não preciso fazer nada, só cortar o cordão umbilical’”.
Apesar das diferentes gerações, as convidadas compartilham das mesmas frustações. Thais, autora do livro “Mãe Fora da Caixa”, relembra a importância da rede de apoio durante a maternidade. “Tem uma frase que fala assim: 'É preciso uma aldeia para cuidar de uma criança’. E a gente tem a petulância de achar que conseguimos fazer tudo sozinhas. O mais legal dessa geração é mães trocarem, verdadeiramente, com outras mães. Se a gente parar para olhar e pensar, em todo lugar a gente encontra uma dor, uma dificuldade, tem uma coisa pra aprender, tem um lugar de leveza. Maternidade é transformação positiva, mas é dolorido, porque se transformar dói”.
Apesar de existir uma série de vantagens nos conteúdos criados virtualmente sobre maternidade, como a democratização da informação relacionadas ao assunto, Sadi lembra que há muitas regras impostas que, no futuro, se transformam em culpa materna. “A mulher perde a autonomia. Existem coisas que não funcionam na minha realidade e na da minha família. Tá tudo bem. Isso [a imposição de regras] distancia as gerações - como se as avós não tivessem criado esses filhos. É óbvio que temos que ressignificar, mas é preciso tomar cuidado para não afastar”, acrescenta Thais.
Renata lembra que quando os filhos, que também são gêmeos, eram mais novos, ela percebeu que um deles estava pronto para frequentar a escola, enquanto a outra levaria um pouco mais de tempo. Respeitando isso, resolveu fazer uma mudança na rotina, deixando apenas um frequentando o maternal. “Diziam que eu tinha separado os irmãos. Como eu fui julgada! Eu simplesmente fiz o que achava que tinha que fazer.”
Fafá de Belém, mãe da influenciadora Mari Belém, opina: “[Esse patrulhamento] vem de outras mulheres, da tia, da prima, da cunhada que pensam que sabe mais das suas necessidades do que você mesma. Quando Mariana era criança, eu ia para o mundo, mas nossa qualidade de relação sempre foi muito forte. O filho tem que saber que você está lá. Tinha uma turnê em outra cidade, por exemplo, mas quando às 7 da manhã ela teve uma apresentação de natação, atravessei 10 horas de carro para estar ali assistindo mesmo sem dormir. Essas coisas vão pontuando a importância deles na nossa vida. A única herança que deixamos é a nossa vida com eles, o afeto e as duras que a gente dá.”
No final do bate-papo, Renata brinca: “Está me chamando atenção que até agora este o pai não apareceu na nossa conversa". Sadi conta que ficou muito impressionada com a relação do marido com a gravidez. “André sempre sonhou em ser pai. É claro que ele não sente o que eu sinto, mas sempre fez questão de pedir para não ser excluído da maternidade: ‘Eu só não posso amamentar, o resto eu quero que você me deixe fazer tudo’”, conta. “Afinal, o filho é dos dois”, acrescenta Ceribelli.
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