Em entrevista ao programa Brasil em Pauta, exibido pela TV Brasil no último domingo (25), o secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maurício Cunha, declarou que a pandemia causou um grande prejuízo para a educação brasileira. “Dados do Unicef apontam que, com a pandemia, nós já regredimos 20 anos nos indicadores de educação”, disse o secretário.
Cunha disse ainda que os números atuais de frequência das crianças no ensino fundamental estão próximos aos do ano 2000. “Estima-se que temos hoje no Brasil cerca de 5 milhões de crianças que não estão tendo acesso à educação, e 40% destas têm entre 6 e 10 anos, que é a faixa etária fundamental da alfabetização”, explicou.
Segundo o secretário, não é possível prever em quanto tempo esse retrocesso poderá ser recuperado, porque a prioridade, com a volta das aulas presenciais, deve ser fazer um acolhimento da criança. “Nós precisaremos estar menos preocupados com conteúdo e mais preocupados com o acolhimento psicossocial dessas crianças, porque a gente não sabe como elas estarão. Isso envolve questões nutricionais, psicológicas e violências sofridas no ambiente familiar”, afirmou.
Outro problema que pode ter sido agravado pela pandemia é a violência doméstica infantil. Isso porque durante as aulas online, os professores - que estavam entre os principais denunciantes de violência doméstica praticada contra crianças, tiveram menos contato com os alunos. “As denúncias diminuíram no disque 100, mas não porque a violência infantil diminuiu, mas por aqueles que fazem as denúncias não estarem tendo acesso às crianças, o que é gravíssimo. Isso mostra que durante a pandemia, a criança brasileira está sofrendo sozinha”, avaliou o secretário.
Cunha defende a volta das aulas presenciais para o acolhimento e melhor aprendizagem das crianças, mas ressaltou que é importante continuar seguindo as medidas de segurança. “Nesse momento, o apelo é que as crianças tenham acesso à educação presencial de uma forma planejada, escalonada, respeitando os protocolos de saúde, respeitando as escolhas das famílias, mas que não se prive as crianças desse direito”, declarou.
O secretário também falou sobre os 31 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), comemorados neste mês. “A criança não é um pequeno adulto. Ela não tem de ser submetida às regras do mercado de trabalho. Ela tem de estudar, ser protegida e brincar. Temos de semear para que ela floresça na vida adulta”, disse Cunha.
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