Friday, September 4, 2020

Chris Nicklas: "O que as mães esperam da sociedade, no que diz respeito à amamentação?"

Mãe amamentando (Foto: Getty Images)

 

Mais um Agosto Dourado terminou e este teve características inéditas, afinal o mundo atravessa uma pandemia.

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Cheio de debates online, lives, campanhas, orgulho, informação, reflexão, mas também vergonha, constrangimento, culpa, tristeza e solidão. Sim, é assim que muitas mães, que não conseguem amamentar, ou pelo menos não conforme as diretrizes dos órgãos da saúde mundial, se sentem.

É simplesmente impossível para mim não pensar nessas mulheres que não participam desta celebração. De certa forma, fui uma delas porque amamentei os meus filhos gêmeos por “apenas” 9 meses.

Constrangidas por empunhar a mamadeira e não o seio, ao alimentar seus bebês, algumas se escondem e outras protestam enraivecidas nas mídias sociais, através de posts irônicos, textos feitos de desabafos e revolta.

A importância das campanhas em prol do aleitamento materno é imensurável e o impacto positivo nos índices de amamentação brasileiros é inquestionável. Eu mesma no meu projeto Amamentar é... contribuo para a promoção da campanha, mas sempre me pergunto: como chegar às mães que precisam tanto quanto as outras (por vezes mais) de apoio, acolhimento e empatia.

Como tranquiliza-las com uma escuta sensível e a perspectiva de que cuidar, amar e criar um filho não se mede pelo sucesso do aleitamento materno, ato importantíssimo, mas não determinante para a qualidade do vínculo.

E é por isso, e por essas mulheres, que proponho subverter a ordem das coisas.

Me pergunto primeiro: por que amamentar tem que passar pelo orgulho? Porque o que as campanhas ilustram não é a realidade nua e crua de uma mãe recém parida, em casa, com o seu bebê nos braços, os cabelos descabelados, o pijama por trocar, a casa desarrumada e as olheiras profundas? O que há de errado na verdade deste período das nossas vidas? Precisamos esconder o que nos acontece? Por que é preciso maquiar o que se passa na casa de uma família que acaba de receber seu bebê neste mundo?

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Ideais não ajudam, pelo contrário, tornam mais difícil o que já está longe de ser fácil.

Imaginem que agora o Agosto Dourado é de vocês, mães, gestantes, puérperas. Vocês serão responsáveis pela criação de uma campanha. Vocês têm um mês nas mãos para fazer, falar, comunicar o que quiserem! O que fariam com ele e dele? Já pensaram nisso?

Imaginem que este mês se transforma numa janela de oportunidade através da qual vocês possam ser vistas, ouvidas e terem suas realidades compreendidas, ilustradas na sua essência, porque nele lhes é dada voz e representatividade.

Como seria esta experiência? Em vez de meras receptoras das mensagens promotoras da amamentação, vocês seriam suas criadoras. Será que isso mudaria algo? Vocês seriam capazes de se conectar com todas as possibilidades nas quais a vivência do amamentar pode se desdobrar?

Em vez de uma campanha que, na realidade, informa o que a sociedade espera de nós mães, ela seria um grande “story telling” mostrando o que precisamos que a sociedade faça por nós durante o período do aleitamento materno.

Um novo Agosto Dourado, mês em que, há alguns anos, faz-se a tradição da promoção da amamentação, transformado num canal de comunicação, no qual mães, gestantes e puérperas tenham voz e não sejam mais somente receptoras das mensagens.

A subversão seria: - O que as mães esperam da sociedade, no que diz respeito à amamentação?

O que você espera da comunidade que a rodeia? Já pensou nisso?

Será que as mulheres estão sendo claras o suficiente na sua forma de comunicar, quanto ao que lhes falta nos primeiros anos de vida dos seus filhos?

Não falo nos posts e textos raivosos e irônicos que vejo por aí, publicados em protesto ao que interpretam como pura cobrança e pressão sobre as mães. Falo em comunicação positiva, naquela que, com eficácia, coloca pingos nos "is" e cumpre o papel de abrir um canal de troca, reflexão e criatividade.

Estamos na era do empoderamento feminino, nada mais lógico do que nos apoderarmos da nossa maternidade.

Chris Nicklas (Foto: Edu Rodrigues )

 

 

 

 

 

 

Chris Nicklas é apresentadora, criadora e gestora do site Amamentar é…, estudante de Psicologia e mãe dos gêmeos Luca e Nina de 15 anos.

 

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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Chris-Nicklas-Amamentar-e/noticia/2020/09/chris-nicklas-o-que-maes-esperam-da-sociedade-no-que-diz-respeito-amamentacao.html

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