A chegada do primeiro filho da técnica em enfermagem Maria Jeane Lobato, 30 anos, de São Luiz (MA), foi diferente do que imaginava. Apesar de ser funcionária de dois hospitais públicos, ela estava afastada por complicações na gravidez. Mesmo assim, contraiu o novo coronavírus. Josué nasceu prematuro e mãe e filho tiveram de ser separados.
“Não houve o ‘partiu maternidade’. Os sintomas do coronavírus começaram no dia 15
de abril, quando eu estava com 30 semanas de gestação. Comecei a sentir a garganta inflamada, febre, dor no corpo e na cabeça. Depois, diarreia, vômitos, perda de olfato e paladar, tosse secretiva, cansaço, falta de ar e, mais tarde, catarro com sangue. Quando a situação se agravou, procurei um hospital. O diagnóstico foi pneumonia por covid-19. Como trabalho na área da saúde, via meus parâmetros e sabia que não estavam bem. Eu até me despedi do meu esposo achando que não sobreviveria.
Chegou um momento em que eu não conseguia mais respirar sem suporte e Josué teve de nascer por meio de uma cesárea de emergência, com 31 semanas, no dia 24 de abril. Após o parto, levaram-no para a UTI neonatal e eu chorei achando que não iria conhecê-lo. Felizmente, no hospital, recebi apoio e fui melhorando a cada dia.
No dia 5 de maio, recebi alta, mas Josué continuou internado. Foi também nesse dia que o meu marido, Thiego, conheceu nosso filho. Ele teve sintomas fracos do novo coronavírus, apenas dor de garganta, mas não conseguiu fazer o teste por causa da longa fila de espera. De toda forma, ficou isolado por 15 dias.
Fui para casa e permaneci em isolamento. Ainda não me sentia 100%, pois meus pulmões estavam fragilizados. Tossia quando entrava em contato com poeira, fumaça ou algo que irritasse minhas vias aéreas. Nesse período, só pude ver Josué por fotos e chamadas de vídeo.
A minha vez chegou apenas 16 dias após o parto. Peguei Josué no colo no dia 11 de maio e, até o dia 19, quando ele recebeu alta, não saí mais de perto. Aprendi o método canguru e as orientações de como cuidar do meu bebê. Agora, estamos em casa, bem, e juntos.”
PALAVRA DE ESPECIALISTA
“Assim que teve uma melhora no quadro, Maria pôde ver seu filho por videochamada. Sabemos que o ideal era que os dois estivessem juntos, mas, diante da realidade, o importante foi amenizar o sofrimento enquanto a distância foi necessária para garantir que eles tivessem uma vida de vitórias e saúde pela frente.”
MARYNEA VALE, CHEFE DA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS PERINATAIS, DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO ENVIE A SUA HISTÓRIA PARA CRESCER.COM.BR
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