Wednesday, November 10, 2021

Um Lugar ao Sol: novela retrata violência obstétrica com manobra de Kristeller, técnica proibida por colocar mãe e bebê em risco

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Depois de duas reprises, as novelas inéditas finalmente estão de volta às telas da TV Globo. A nova produção das nove, Um Lugar ao Sol, contará a história de dois irmãos gêmeos separados ainda na infância e já no capítulo de estreia, transmitido nesta segunda-feira (08), levantou o debate sobre violência obstétrica, um dos importantes desafios da saúde pública brasileira.

Cena da novela Um Lugar ao Sol retrata violência obstétrica (Foto: Reprodução/TV Globo)

 

Na cena, durante o nascimento dos gêmeos Christian e Christofer – personagens interpretados por Cauã Reymond –, os médicos realizam a “manobra de Kristeller”, que consiste em pressionar a parte superior do útero para facilitar (e acelerar) a saída do bebê, o que pode causar lesões graves, como deslocamento de placenta, fratura de costelas e traumas encefálicos.

A polêmica está na força aplicada na barriga – alguns médicos empurram com as mãos, braços, cotovelos e até joelhos. De acordo com o Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê, publicado pelo Ministério Público, Ministério da Saúde e Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a técnica, que já foi banida pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), não deve ser utilizada por expor a mulher e a criança a riscos. Na novela, a mãe morre durante o parto.

Apesar da trama representar o passado dos gêmeos, a violência obstétrica ainda é uma realidade e um desafio a ser enfrentado. No mundo, uma a cada seis mães sofre maus tratos durante a gestação ou o parto. Já no Brasil, um em cada quatro mulheres já sofreu intervenções violentas da equipe médica durante o nascimento do filho, como apontou o estudo “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, feito pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o SESC.

Embora nem todas as mulheres estejam familiarizadas com termo violência obstétrica, muitas já foram vítimas desse tipo de agressão, que pode ser física ou verbal, tanto durante o parto quanto no pré-natal, e vão desde xingamentos, recusa de atendimento, realização de intervenções ou procedimentos médicos não necessários, como exames de toque a todo instante, grandes episiotomias ou cesáreas desnecessárias.

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Raquel Marques, diretora-presidente da Artemis, ONG que visa melhorar a qualidade de vida e erradicar todas as formas de violência contra a mulher, explica que a violência acontece quando os interesses do profissional de saúde ou da instituição são colocados acima dos direitos da paciente, que deveria ser prioridade no momento do parto. “Há várias situações, como a cesariana sem indicação clínica. Às vezes, acontece uma violência psicológica junto – a equipe ameaça, diz que se a mulher ‘não colaborar’ ela e o filho vão morrer... Há uma linha muito tênue. Eventualmente, se a mulher se coloca contra um procedimento, ela realmente pode correr risco de vida, mas esse tipo de argumento costuma ser usado de maneira equivocada, como pressão”. 

Como denunciar?

Se você sofreu ou presenciou algum tipo de violência obstétrica, é possível realizar a denúncia através do Disque Saúde (136) ou do Disque Violência Contra a Mulher (180). O Conselho de Medicina também reúne denúncias contra médicos que tenham praticado qualquer tipo de violência com suas pacientes, porém estas não podem ser feitas de maneira anônima. “A denúncia pode ser feita pessoalmente, na sede do Conselho ou nas delegacias regionais, por carta, enviando o relato devidamente assinado e a documentação referente ao caso (se tiver) para o endereço da sede, ou por e-mail (protocolo@crmpr.org.br)”.

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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Parto/noticia/2021/11/um-lugar-ao-sol-novela-retrata-violencia-obstetrica-com-manobra-de-kristeller-tecnica-proibida-por-colocar-mae-e-bebe-em-risco.html

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