Saiqa Parveen, 37, foi mais uma das vítimas da covid-19. Durante sua gestação, ela não tomou a vacina contra a doença e acabou perdendo a batalha contra o coronavírus. De acordo com informações do Birmingham Mail, a mãe nem chegou a segurar sua bebê recém-nascida.
A mulher, que mora em Ward End, em Birmingham, na Inglaterra, estava grávida de oito meses quando contraiu o vírus, em setembro. Com o tempo, seu quadro foi ficando cada vez pior, então, os médicos colocaram a mãe em um respirador e a encaminharam para uma cirurgia para retirar seu bebê.
No entanto, no dia 1º de novembro, tragicamente, a mãe de cinco faleceu. Ela deixa o marido, o motorista de táxi, Majid Ghafur, de 40 anos, e as filhas Noor, de 12, Imaan, 11, Hibbah, 8, Ayesha, 6, e a pequena Dua Maryam. O irmão dela, Qayoum Mughal, 54, diz que a vacina contra a covid foi oferecida à irmã, mas ela decidiu esperar até o nascimento do bebê.
"Uma hora antes de ela morrer, suas filhas fizeram uma chamada de vídeo e disseram: 'Levante-se, mamãe, estamos esperando, estamos sentindo sua falta, nós amamos você, por que você está nos deixando para trás, é só levantar", lembrou Qayoum. "Elas estavam orando e chorando."
O irmão ainda acrescenta que Saiqa Parveen não tinha outras comorbidades e estava bem antes de ser infectada. No dia 16 de setembro, ela começou a ter dificuldade para respirar e precisou ser levada, às pressas, para o hospital.
Após ficar um tempo com suporte de oxigênio, a mãe se recuperou um pouco e teve alta. No entanto, à noite, ela começou a tossir e foi levada de volta para o hospital. "No dia 25 de setembro, ela ligou para minha esposa às 23 horas e disse que havia assinado documentos dizendo que se sua condição piorasse, os médicos poderiam operar para tirar o bebê", relatou Qayoum. "Minha esposa disse que ela parecia muito cansada e só falou por alguns minutos. Essa foi a última conversa com qualquer um de nós".
Na manhã seguinte, Saiqa Parveen passou por um cirurgia e a pequena Dua nasceu. "Não a vimos porque ela estava em um respirador na UTI, ela nunca viu a filha", disse o irmão. Nesse momento, a mãe também estava lutando contra uma sepse, além da pneumonia. Na manhã de 1º de novembro, a família foi informada de que seu estado era "muito ruim" e ela morreu pouco antes das 22 horas.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos defendeu que todas as grávidas, tentantes e puérperas se vacinem contra a covid-19 o mais rápido possível. Em um alerta de saúde, a instituição voltou a reforçar a segurança das vacinas e sugeriu uma "ação urgente para aumentar a imunização" desses grupos.
"O CDC recomenda fortemente a vacinação contra a COVID-19 antes ou durante a gravidez, porque os benefícios da vacinação superam os riscos conhecidos ou potenciais", diz o comunicado.
O alerta foi emitido por causa do aumento do número de casos de mortes maternas causados pelo vírus nos Estados Unidos. O mês de agosto de 2021 foi o pior desde o começo da pandemia: 22 mulheres grávidas morreram por causa da doença. Dados da Rede de Vigilância Hospitalar Associada à COVID-19 (COVID-NET) em 2021 mostram que 97% das gestantes hospitalizadas com infecção confirmada por SARS-CoV-2 não foram vacinadas.
Já é comprovado que grávidas e puérperas com covid-19 têm maior probabilidade de desenvolver quadros graves da doença. "Embora o risco absoluto seja baixo, em comparação com pessoas sintomáticas não grávidas, as grávidas sintomáticas têm risco mais de duas vezes maior de exigir admissão na UTI, ventilação invasiva e ECMO, e um risco 70% maior de morte", explica o CDC no comunicado.
Esse é o motivo para que o órgão peça mais agilidade na vacinação desses grupos. Nos Estados Unidos, até 18 de setembro de 2021, apenas 31% das grávidas havia tomado as duas doses ou a dose única da vacina. Já no Brasil o número é ainda menor: apenas 13%, segundo dados disponíveis no Localiza SUS e divulgados pelo Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr). "Além disso, as pessoas grávidas devem continuar a seguir todas as medidas de prevenção recomendadas e devem procurar atendimento imediatamente para quaisquer sintomas da covid-19", finaliza.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/noticia/2021/11/mae-nao-vacinada-morre-apos-contrair-covid-19-e-nao-consegue-segurar-filha-recem-nascida.html