O governo de São Paulo irá enviar, nesta quarta-feira (3/11), um ofício à Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, solicitando que o órgão regulador autorize, com urgência, o início do processo de vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19. De acordo com o governador do estado, João Doria, países como o Chile, Argentina e a Colômbia já iniciaram a vacinação de crianças. A assessoria de imprensa do estado confirmou à CRESCER que o ofício está em processo de preparação.
Segundo Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização, em uma reunião com o CONASS, Conselho Nacional de Secretários de Saúde, os estados se manifestaram de forma unânime sobre a necessidade de realizar a vacinação da população de 5 a 11 anos. "A Anvisa deve receber uma solicitação da Pfizer para que ela possa aprovar essa vacina. E São Paulo se antecipa solicitando a urgência para que possamos ter essa aprovação. Ao tê-la, o estado tem total condição para iniciar imediatamente a vacinação dessa população de 5 a 11 anos. Só aguardamos um parecer favorável da Anvisa", afirmou a coordenadora.
O pedido de aprovação de uma vacina, em qualquer faixa etária, precisa ser feito pela fabricante. No entanto, com esse ofício, o governo do estado espera "sensibilizar" a Pfizer e a agência brasileira sobre a necessidade de controlar a pandemia. "Outros países já vêm utilizando a vacinação para esse público na faixa de 3 e 11 anos, garantindo, dessa forma, a proteção desse grupo, bem como a redução da circulação do vírus e a possibilidade de surgimento de novas variantes", explicou Jean Gorinchteyn, Secretário Estadual de Saúde.
Sobre o uso da CoronaVac em crianças, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, voltou a afirmar que a vacina tem um perfil de segurança já demonstrado em alguns países como o Chile. "Esses dados são fornecidos para a Anvisa à medida que eles são gerados. Nós também solicitamos com a Anvisa uma nova reunião para a revisão de dados que já chegaram esta semana. Esperamos que haja um entendimento da Anvisa que essa é uma vacina que já tem seu perfil de segurança demonstrado, principalmente para essa população. E, assim, ela possa também autorizar seu uso", disse o diretor.
Até o momento, apenas a vacina da Pfizer pode ser aplicada em adolescentes com 12 ou mais no Brasil. Recentemente, o FDA, órgão regulador dos Estados Unidos, e o CDC, Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), recomendaram o uso da vacina da fabricante em crianças de 5 a 11 anos.
A farmacêutica Pfizer anunciou na semana passada que entrará na Anvisa com pedido para a aprovação do uso da vacina contra covid em crianças de 5 a 11 anos em novembro. "A submissão do pedido junto à ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a aprovação do uso da vacina ComiRNAty, da Pfizer/Biontech, para crianças entre 5 e 11 anos deve ocorrer ao longo do mês de novembro de 2021", disse a empresa em nota.
O comunicado foi feito um dia depois do comitê independente de especialistas do órgão regulador de alimentos e medicamentos (FDA) dos Estados Unidos recomendar que a instituição autorize a vacina da Pfizer contra covid para uso em crianças de cinco a 11 anos nos EUA. O placar teve 17 favoráveis à autorização e uma abstenção. O FDA já autorizou o uso do imunizante.
Para o pediatra e infectologista, Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Pfizer deve ser a primeira fabricante a conseguir a autorização da vacina contra covid-19 em crianças no Brasil. “A vacina da Pfizer já tem o registro definitivo no Brasil e está sendo utilizada em adolescentes”, explica Kfouri. “Creio que a extensão para a faixa etária de cinco a 11 anos é uma questão de tempo. Assim que for completamente aprovada e começar a ser aplicada nos Estados Unidos, nosso programa nacional de imunização vai discutir se incluirá as crianças ou não. Tendo doses disponíveis, acredito que a inclusão da imunização contra covid para essa faixa etária seja feita, ainda no final desse ano ou no começo do ano que vem”.
De acordo com o pediatra, os dados da vacina contra covid-19 apresentados pela Pfizer nos EUA demonstram a eficácia e segurança do uso nessa faixa etária. “É importante incluir as crianças e adolescentes na vacinação contra a covid por diversos motivos. Primeiro, porque eles constituem um quarto da população brasileira e quanto mais gente estiver imunizada, maior será nosso controle sobre a pandemia. Mas não é só isso. Combater essa doença na pediatria também é importante. Todos sabem que a grande maioria dos casos mais graves de covid foram em idosos e adultos, mas crianças e jovens com menos de 20 anos representaram 0,4% dos óbitos que ocorreram por causa da doença. Parece pouco, mas se pensarmos que o Brasil contabilizou 600 mil óbitos por causa da covid, temos 2,4 mil jovens com menos de 20 anos que perderam a vida por causa desse vírus. Não é irrelevante”, afirma Kfouri.
A dose da vacina contra covid para as crianças de 5 a 11 anos será de dez microgramas, um terço dos 30 microgramas administrados nos adultos. “O nível de dose de 10ug foi escolhido como ideal por provocar respostas imunes robustas com um perfil de segurança aceitável”, disse a Pfizer em nota. Assim como a vacinação dos adultos, a das crianças ocorrerá em duas etapas com um intervalo de pelo menos três semanas entre as doses.
A fabricante já tinha divulgado estudos que mostravam que as respostas imunológicas de crianças de 5 a 11 anos de idade foram comparáveis às de indivíduos de 16 a 25 anos. Um dos achados foi de que a vacina foi 90,7% eficaz na prevenção contra a covid-19. Na pesquisa, a segurança do imunizante foi estudada em aproximadamente 3.100 crianças dessa faixa etária. Após receberam a vacina, os pequenos não tiveram nenhum efeito colateral grave durante a realização das pesquisas.
Kfouri ressaltou também que o imunizante já está sendo testado para crianças entre dois e cinco anos. “Os estudos que estão sendo realizados com crianças mais novas contam com doses que equivalem a um décimo da dos adultos e as respostas parecem positivas. Outras vacinas com vírus inativado, como a CoronaVac, também estão tendo a aplicação estudada na população pediátrica.
Durante a coletiva, o governador também disse que a rede estadual de educação já definiu o calendário do ano letivo de 2022. Dessa forma, as aulas no ano que vem começarão no dia 2 de fevereiro, com término no dia 23 de dezembro de 2022.
Hoje as escolas também passaram a trabalhar com 100% de sua capacidade, sem a necessidade do distanciamento de um metro. Segundo Rossieli Soares, Secretário Estadual de Educação, a presença dos estudantes nas escolas, nesta quarta-feira (3/11), já atingiu pelo menos os 85%.
Segundo dados do governo, 83% da população com 12 anos ou mais já tomaram a primeira dose da vacina. E 68,50% da população de SP está com o esquema vacinal completo. Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização, voltou alertar sobre a importância da segunda dose, ressaltando que cerca de 5 milhões de pessoas não retornaram às unidades básicas de saúde.
O estado também vem sentido uma queda no número de casos e internações, que diminuíram 26,7% e 7,5% respectivamente. Quanto à liberação para o uso de máscara no estado, João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência da Covid-19, disse que nesse momento ainda não é seguro liberar a proteção facial.
Segundo ele, o comitê elaborou um conjunto de indicadores relacionados ao controle da pandemia e também à cobertura vacinal. "Se continuarmos com os indicadores caindo, é possível que até a última semana epidemiológica do mês de novembro, alcançaremos esses indicadores. Dessa forma, no início do mês de dezembro, pode ser que haja a liberação do uso de máscara em ambientes abertos e sem aglomeração".
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