Tuesday, September 7, 2021

De licença parental de 10 meses a escola de sono: mães brasileiras relatam como é criar os filhos na Finlândia

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Para a brasileira Sara Kfouri Koskinen, 36, o melhor lugar no mundo para se ter um filho é a Finlândia. E ela não está exagerando! O país, que é considerado o mais feliz do mundo de acordo com o "2021 World Happiness Report", oferece muitos benefícios para as famílias como, por exemplo, o auxílio financeiro de 98 euros por mês (aproximadamente R$ 613, cotação atual) para todas as crianças finlandesas, até elas atingirem a maioridade, além de conceder uma licença parental, que pode ser dividida entre os pais. No caso de Sara, esse benefício se estendeu por 10 meses. 

Casada com o finlandês Juho Aleksi Koskinen, 34, Sara mora na Finlândia desde 2018 e é mãe do pequeno Arto, 1. A princípio, a brasileira, formada em ciência da computação, saiu de São José do Rio Preto (SP) para fazer um intercâmbio na Irlanda e acabou conhecendo o marido, que estava visitando o país. Em 2018, os dois se casaram e a profissional passou a morar em Pori, cidade finlandesa. No início, ela precisou fazer um curso de integração ofertado pelo governo por até dois anos para os estrangeiros aprenderem o finlandês. Apesar de ter feito as aulas por seis meses, Sara ainda tem dificuldades em falar a língua oficial do país, porém, ela consegue se comunicar e trabalhar falando apenas o inglês. 

Um ano depois do casamento, a brasileira engravidou. "Foi tudo planejado, nós já queríamos", disse ela. Enquanto estava grávida, ela acabou sendo aprovada na universidade para fazer um curso de inteligência artificial. Um dos pontos que a estudante relata é que ela passou quatro meses com o filho e o restante da licença parental, o bebê ficou com o marido dela. Assim, ela conseguiu retornar à universidade, onde ela trabalha atualmente com pesquisa de dados. 

Durante a gravidez, Sara também teve muito apoio do governo finlandês. Suas consultas e exames mais rotineiros foram gratuitos, além do hospital universitário disponibilizar uma enfermeira para acompanhar de perto sua gestação. A mãe também reforça que na Finlândia, o parto normal é bem valorizado. Dessa forma, não há a opção de optar pela cesárea, só quando é realmente necessário. No caso da brasileira, Arto nasceu de parto normal. "Em uma semana, nem parecia que eu tinha tido um bebê", afirmou a estudante. 

Antes do parto, uma outra iniciativa de apoio aos pais muito comum na Finlândia é a chamada "caixa de maternidade", que vem com alguns itens para o bebê, principalmente roupa, e é ofertada para todas as crianças. "A caixa da maternidade surgiu pela alta taxa de mortalidade. Para garantir que todos os bebês tivessem o necessário para sobreviver. As caixas nunca deixaram de ser entregues e é um dos maiores orgulhos finlandeses", explicou Sara. Caso os pais queiram, é possível receber 170 euros (R$ 1.057) também no lugar da caixa de maternidade.

Sara com a família (Foto: Arquivo Pessoal )

 

 

 

 

No país nódico, o apoio às mães não termina após a alta. Entre as iniciativas interessantes do país, Sara relata que a escola do sono foi uma das que a mais ajudou. Com oito meses, o pequeno Arto começou a ter problemas para dormir. "Nós passávamos noites em claro, estávamos desesperados", disse a mãe. Para ajudá-los, os pais recorreram a uma iniciativa muito interessante do país. Por uma taxa de 130 euros (em média R$ 700), as pessoas podem levar os filhos a um hospital, onde a criança dorme por três noites para aprender a dormir. No local, o bebê fica sozinho no quarto, mas é acompanhado pelas enfermeiras por uma câmera. "Hoje, meu filho tem uma rotina regrada com horário para dormir e acordar. Eu o coloco na cama e ele já sabe que é a hora de dormir". 

Os benefícios não param por ai! Quando os pais têm uma emergência, por doença ou estão muito cansados, é possível pedir ajuda para uma enfermeira, que trabalha na prefeitura, e ela vai até a casa da pessoa cuidar da criança. O serviço é gratuito, sendo apenas necessário pagar o transporte da profissional. "Nós ainda não usamos esse serviço, mas eles fazem isso para manter a sanidade dos pais, para eles não se estressarem com as crianças".

O pequeno Arto tem 1 ano (Foto: Arquivo Pessoal )

 

 

Outra curiosidade da Finlândia é que os bebês tiram sua soneca, de mais ou menos uma hora, do lado de fora, dependendo da temperatura, já que as casas possuem pouca troca de ar, pois estão totalmente fechadas. Pode parecer uma ideia incomum, pois o país é extremamente gelado, mas Sara explica que os pequenos não passam frio. "Primeiro, nós colocamos um protetor, que cobre a cabeça inteira, gorro, uma roupa de lã e uma outra roupa por cima e depois colocamos o bebê em um saco de dormir. A criança não passa frio e chega até a transpirar", explicou a mãe. 

Sara sente saudades do Brasil, principalmente porque os estrangeiros, muitas vezes, sofrem preconceito no país e dificuldades para encontrar emprego. No entanto, hoje ela não pensa em voltar para a sua cidade natal, pois o filho tem muitos benefícios na Finlândia. O pequeno Arto estuda em uma creche privada, mas parte da mensalidade é paga pelo governo finlandês. Caso a criança não vá para creche, ela recebe em média 340 euros (R$ 1.830) para ficar em casa. Assim, se os pais conseguem algum familiar para ficar com o filho, é possível pagar também.

"A Finlândia é uma mãe"

Assim como Sara, a empresária e professora Ellen Alencar, 37,  também destaca os benefícios de criar uma criança na Finlândia. Mãe de um menino de 8 anos, ela não imaginava que iria passar tanto tempo no país nórdico. Ela morava com marido finlandês e o filho, na época com 1 ano e meio, no Rio de Janeiro. Com intuito de apresentar ao pequeno Samuel a cultura finlandesa, o casal se mudou para Helsinki, em 2014. A ideia era ficar em torno de dois anos, porém, dois anos depois, Ellen se divorciou. "Essa é a história de muitas mulheres. Ficamos presas no país, porque não tem como levar a criança. Mas, eu e meu ex-marido somos amigos e temos um bom relacionamento. Temos a guarda compartilhada do nosso filho", relatou a mãe, que também explica que o filho fica uma semana com ela e outra na casa do pai. 

Para Ellen, o governo finlandês foi como uma mãe em sua vida. Em 2016, ela se divorciou e não tinha emprego na Finlândia. Apesar de ser professora de inglês, a profissional conta que teve muita dificuldade de encontrar um trabalho. Como ajuda, ela recebia um auxílio aluguel e um apoio financeiro também por ter entrado na faculdade, onde tinha aulas em finlandês. "Eu nunca tinha falado finlandês, mas hoje falo, não é fluente, mas falo", disse a mãe. Para auxiliar nas despesas, seu filho, que tem dupla nacionalidade, também recebe em torno de 158 euros (R$ 998, cotação atual) do governo. 

Ellen com o filho (Foto: Arquivo Pessoal )

 

Com relação à educação, Samuel estuda em uma escola pública. Sua alfabetização foi feita em finlandês, mas ele também fala português e inglês. Inclusive, a mãe tenta deixar o filho em contato com a cultura brasileira. "Eu sempre viajo para o Brasil. Toda semana falamos com minha irmã e leio livros em português para ele".

Segundo Ellen, o modelo educacional finlandês  é bem interessante. "Na primeira infância, o foco é que a criança aprenda brincando. Então, eles fazem passeios na floresta para aprender sobre os bichinhos e a natureza". Com 13 anos, as crianças também podem aprender o sueco — que também é falado na Finlândia. Outra iniciativa que a brasileira destaca é um programa da escola, em que o adolescente, com 15 ou 16 anos, pode fazer um estágio de um dia. "É possível trabalhar em um parque de diversão, por exemplo. É uma forma de prepará-los". 

Com relação à pandemia, a profissional relata que os finlandeses respeitaram o distanciamento social e o uso da máscara — mesmo não sendo obrigatório. Hoje, o país tem 122 mil casos de covid-19 e 1.014 óbitos. 

Ellen foi morar na Finlândia em 2014 (Foto: Arquivo Pessoal )

 

 

 

 

 

 

No entanto, segundo Ellen, o maior desafio de viver no país nórdico é construir uma carreira. Ela se formou em Business (Negócios) na faculdade, mas mesmo com o diploma finlandês, a profissional teve dificuldade para se situar no mercado. Por isso, ela decidiu abrir sua própria empresa Ever Lasting Tips, que oferece consultorias e aulas com profissionais em inglês, português, francês e espanhol, para mães que vivem no exterior. 

A empresária explica que em sua plataforma há também aulas focadas no bem-estar, como de yoga e pilates, além de consulta com médicos e venda de livros, inclusive em português.  "Eu me vi nessas pessoas que moram fora. Divórcio no exterior não é fácil, principalmente porque você está longe dos amigos, acho que o apoio à mulher é muito importante", pontuou Ellen. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/09/de-licenca-parental-de-10-meses-escola-de-sono-maes-brasileiras-relatam-como-e-criar-os-filhos-na-finlandia.html

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