Wednesday, September 8, 2021

Chris Nicklas: Os impactos da pandemia em bebês e na aquisição da fala

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Muito falamos sobre o impacto da pandemia em bebês e na aquisição da fala. Tema que se impõe enquanto começamos a nos deparar com os efeitos sociais e psíquicos que a experiência de um contexto pandêmico tem sobre as pessoas, famílias e sociedades. Antes de qualquer coisa acho importantíssimo recordarmos porque falamos.

 

Mãe fala com bebê (Foto: Getty Image)

 

Tudo começa quando, depois de termos nascido com uma mais que precária capacidade de nos comunicarmos, somos enlaçados pela palavra e a partir daí nunca mais desistimos dela, mesmo depois de percebermos que ela nem sequer dá conta de explicar a complexidade da experiência humana.

O que acontece é que a “palavra primeira” que nos enlaça vem investida de desejo e o bebê humano nasce sedento por fazer laço com um semelhante, sem o qual nem se tornaria humano.

E numa coreografia linda de corpos, sons e vozes, entre o bebê e a figura materna, na sequência do primeiro nascimento há um segundo nascimento, o de um sujeito desejante, um ser humano, que, diferente de todas as outras espécies, vive mergulhado no campo simbólico da linguagem e da palavra.

O bebê e os seus principais cuidadores, os que assumem as funções materna e paterna, são simultaneamente agentes e receptores. Num pacto mútuo adentram a estrada da vida que se renova à chegada de um recém-nascido, que é acolhido num leito de palavras, nomes, adjetivos, cantados e sussurrados na rotina dos cuidados diários.

A observação de qualquer intercorrência neste processo deve sempre considerar a natureza colaborativa da aquisição da fala, afinal quando falamos, falamos com e para o outro, mesmo que este outro seja nós mesmos.

A pandemia fez de nossas casas verdadeiros cativeiros.

 


O convívio social interditado, ou imensamente limitado, o fechamento de creches e escolas, o afastamento de familiares, amigos, colegas... E especialmente o uso das máscaras, que escondem não só bocas, mas também expressões, tão determinantes na evolução da comunicação. Qual o efeito de tudo isso nos bebês?

O atraso, a regressão e dificuldades na aquisição e desenvolvimento da fala têm surgido como questões frequentes no atendimento de bebês e crianças pequenas.

Ao clínico resta questionar: quando o sintoma é no bebê e quando é do bebê.

Marcar essa diferença é muito importante, porque na dinâmica familiar o bebê, que ainda não fala, mas é falado por todos, pode trazer em seu sintoma notícias do que se passa com os seus cuidadores.

Pais e mães deprimidos, ansiosos, tensos, solitários, sobrecarregados, confrontados diariamente com temores paranoicos, como o da doença e o da morte, temores aliás que sempre nos habitaram, mas que mantínhamos fora da pauta do dia, no corre-corre da vida.

Este é o cenário descrito pelas pessoas que já começam a procurar por ajuda profissional.
Pois bem, não sei se é um alento ou mais uma fonte de angústia, mas a resposta à questão: como é, para um bebê, se constituir como sujeito humano em tempos de pandemia da Covid-19 não tardará e tão pouco falhará.

A atenção deve ser redobrada e a constituição de redes de apoio (mesmo que on-line) à família nunca foram tão importantes, pois é especialmente neste núcleo que a palavra circula e ventila, podendo possivelmente restabelecer e restituir laços perdidos ou esmaecidos.



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Chris-Nicklas-Amamentar-e/noticia/2021/09/chris-nicklas-os-impactos-da-pandemia-em-bebes-e-na-aquisicao-da-fala.html

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