A estudante de farmácia Cláudia Helena da Silva Mello, 32 anos, não imaginava que uma gravidez iria cruzar seu caminho em meio à pandemia. Ela, que ainda estava na faculdade, tinha acabado de terminar o seu relacionamento com o pai do seu filho, João Paulo Freitas, 23, quando descobriu que o pequeno Pedro estava a caminho.
Apesar do susto inicial, a estudante, que também trabalha como recepcionista, ficou feliz, pois iria realizar o sonho de vivenciar a maternidade. Além disso, ela não estava sozinha! Além do pai do Pedro, Cláudia conta com uma importante rede de apoio, que inclui sua mãe, Célia Maria da Silva Mello, e sua irmã, Cíntia Helena da Silva Mello, que moram com ela, em Pilares, no Rio de Janeiro. Além do avô do bebê, Celso Luiz Guimarães Mello, que sempre está ao seu redor.
Em um depoimento à CRESCER, a recepcionista relata que a gestação não a impediu de continuar pensando em realizar seus outros sonhos, como o de se formar em farmácia. Confira!
Quer saber mais sobre a história da Cláudia? Esse e outros relatos de parto serão exibidos no programa Boas Vindas, do Canal GNT. Novos episódios toda quarta-feira, às 18h.
Eu já queria muito ser mãe, mas a gravidez do Pedro não foi planejada. Eu tinha acabado de terminar o relacionamento com o pai dele. Um dia antes de descobrir que estava grávida, cheguei a dizer para a minha mãe que se eu não tivesse filho até os 35 anos, não teria mais! Iria fechar a fábrica! No dia seguinte, comecei a reparar algumas mudanças no corpo: estava sentindo muito calor, meu peito estava inchado e, além disso, o Bobby, meu cachorro, vivia grudado em mim.
Foi então que pensei que poderia estar grávida. Desci na farmácia e comprei um teste, mas o resultado não estava muito claro. Então, decidi comprar outro, o digital. Fiz o teste e logo depois, apareceu lá: grávida! Estava com duas ou três semanas. Quando fui falar para a minha mãe e minha irmã, elas não acreditaram, só depois que viram o teste.
No momento, fiquei feliz e preocupada. Escutava de muitas pessoas que minha vida tinha acabado, que não teria a vida que tinha antes. Mas, eu pensava: "realmente não vou ter mais aquela vida anterior, porém tenho que me habituar à vida que tenho agora". É claro, que vou ter que me adaptar, eu tive que trancar a faculdade por causa do meu filho por causa da gestação, já que mexeria com produtos químicos no laboratório, mas já penso em voltar no ano que vem. Temos que encaixar não excluir, vejo que muitas mães passam por isso.
A minha gestação foi bem tranquila, não tive muitos enjoos. Por conta da pandemia, passei a maior parte do tempo em casa. Saia no máximo para fazer o pré-natal. Só no início que tive ainda que trabalhar. Parei apenas em maio - após entrar em vigor a lei que afastava a gestante do trabalho presencial em tempo de pandemia. Era muito cansativo, porque pegava ônibus e nem sempre as pessoas se levantavam para eu sentar. Esse tipo de experiência me deixou muito triste. Quando estava com nove meses, cheguei a ficar em pé por meia hora em um ônibus.
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Durante a gestação, fiquei com muito medo do parto, porque nós escutamos muitas histórias de outras mães que falam que não querem nem ter outro filho. No dia que o Pedro nasceu, antes, meu cachorro estava com uma cara bem apreensiva, como se alguém estivesse soltando fogos. Subiu na minha cama e deitou do meu lado. Eu estava sentindo algumas contrações, mas ainda eram de treinamento.
Era o dia 19 de agosto e eu estava com 38 semanas e 4 dias de gestação. Neste dia, até comi um caldo de ervilha em casa, já pensando que eu poderia ir para o hospital. Com o tempo, as contrações foram ficando mais fortes. Fui para o chuveiro com intuito de afastar aquela dor insuportável. Eu estava chorando, ia de um lado para o outro, mas queria esperar um pouco ainda para ir ao hospital.
Foi quando começou a sair um líquido da minha bolsa e as contrações ficaram ainda mais fortes, então fui para a maternidade. Cheguei lá, já estava com sete centímetros de dilatação. Naquele momento, minha dor era tão intensa que vomitei todo o caldo de ervilha. Quando a bolsa estourou de vez, tive que agachar de tanta dor. Acho que o trabalho de parto durou quatro horas e então meu filho nasceu. Quando ele saiu, foi a coisa mais tranquila do mundo.
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No início, eu tive dificuldade de amamentar no hospital, meu filho chegou a perder cinco gramas. Mas, quando chegamos em casa, nós fomos nos adaptando. O pai do Pedro também vinha para cuidar dele e eu ficava acompanhando.
Ainda não estamos pensando em relação à questão da guarda. Temos um contato bem aberto, ele nunca deixou faltar nada para o nosso filho, então estamos decidindo as coisas juntos. Quanto aos desafios da maternidade, acredito que um dos principais seja em relação a como vou educar meu filho no mundo que temos hoje.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Boas-vindas/noticia/2021/11/temos-que-encaixar-e-nao-excluir-diz-mae-sobre-como-conciliar-maternidade-com-os-estudos.html